Volta ao lar
RIO DE JANEIRO -- E lá se vai quase uma semana desde a última atualização do blog...!
Mil perdões, galera -- mas é que, de repente, as férias deram uma acelerada e tanto. Em São Francisco, Lynn e eu saíamos com os amigos e fizemos lindos passeios, mas essencialmente ficávamos em casa, batendo papo e bebendo champagne, admirando a vista do observatório. Decadência com elegância: era o que eu estava precisando naquele instante, e mais paz, colo e tranqüilidade, não necessariamente nessa ordem. Sobrava tempo; não muito, mas o suficiente pra subir umas fotos e escrever um pouquinho.
Em Los Angeles, porém, onde já cheguei bem descansada e cheia de gas, caí nos braços de Scarlett Freund e Teo Ruiz, meus mais novos e queridos amigos de infância, e os melhores guias que se possa imaginar. Scarlett, que consegue ser ainda mais entusiasmada do que eu com foto digital -- é melhor fotógrafa e, ainda por cima, usuária mais dedicada e paciente de softwares de tratamento de imagem -- é uma espécie de irmã minha e da Laura que a gente só não sabia que existia até o ano passado (eu assumo o parentesco pela Laura, porque tenho certeza absoluta de que as duas vão se dar às mil maravilhas quando se conhecerem).
Já o Teo, medievalista e, a partir de julho, diretor do Departamento de História da UCLA, não é o extraordinário professor que é por nada; ele tem um prazer genuíno em compartilhar o que sabe, e isso se aplica, naturalmente, a tudo, y compris Los Angeles. Assim, em três dias, vi muito mais da cidade, e entendi bem melhor o seu espírito, do que somando todas as visitas anteriores -- e olha que já estive lá (melhor dizendo, já passei por lá) mais vezes do que me lembro.
Recordando apenas por alto um fim de semana inesquecível: fomos passear pelo centro da cidade e por seus edifícios históricos, com direito a uma visita à biblioteca pública, simplesmente maravilhosa; percorremos o mercado central, que podia estar em qualquer cidade da América Latina, e onde almoçamos uns tacos muy buenos; demos uma rodada pelo Pueblo, berço de LA; e ainda fomos bater o ponto como turistas no Chinese Theater, aquele em que os atores deixam as marcas das mãos no cimento. E isso só no sábado!
Meus companheiros de aventura foram a historiadora Adeline Rucquoi (que adora gatos!) e Xose Suarez Otero, que tem um emprego de matar qualquer um de inveja: ele é o arqueólogo da Catedral de Santiago de Compostela! Gente: ele ganha dinheiro para fazer isso, pode?! Ó céus... (A uma certa altura, aliás, despedindo-se de um outro historiador com quem nos encontramos, e que mora, se bem me lembro, em Paris, o Xose -- que é José, em galego -- mandou aquele tradicional "Aparece por lá", ao que o francês prontamente respondeu "Claro, claro. E vou a pé!")
No domingo, o programa oposto: a Los Angeles dos filmes do Steve Martin, aquela que a gente imagina sempre que alguém diz Califórnia. Fomos a Venice Beach, onde há um calçadão quilométrico cheio de barraquinhas e de excentricidades para todos os gostos. Fiquei com a ligeira impressão de que a minha vocação natural é passear por lá mas, infelizmente, isso está dando ainda menos dinheiro do que jornalismo. Almoçamos num restaurante apropriadamente chamado Sidewalk Cafe, e voltamos para o carro pela praia, molhando os pés na água geladíssima do Pacífico. Esta volta a Adeline preferiu ignorar, continuando pelo calçadão; mas mais tarde fomos juntas, com a Scarlett, passear pelos canais de Venice, para conferir como vivem os nativos. Conclusão? Muito bem, obrigado.
Segunda-feira foi o popular dia livre para compras. Digo apenas duas palavras mágicas, Circuit City, e passo este link para vocês. Tirem suas conclusões... E só não comprei isso porque: A) ainda não chegou às lojas; e B) o meu dinheiro acabou.
O ponto alto das férias angeleñas, porém, aconteceu na terça, quando fui assistir a uma palestra do Teo sobre a Espanha do Século XV, as navegações e os descobrimentos, num anfiteatro onde se amontoavam uns 400 alunos. Há poucas coisas tão boas quanto se ouvir alguém falando com humor e entusiasmo sobre algo que conhece profundamente: aqui estão alguns depoimentos que não me deixam mentir.
Passei o resto do dia zanzando pela UCLA com a Scarlett, com muita inveja daqueles estudantes cuja maior obrigação é... LER! Naquelas bibliotecas! Naquele campus! Depois disso, só me restava mesmo voltar para casa.
Ainda não aterrissei completamente. Ainda estou me perguntando quem sou, de onde vim e para onde vou.
O sentido da vida deixo com vocês.
Em tempo: Te gustan las fotos? Mañana las tendrás!
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