2.12.01





Nizan, corre lá!

Estou eu aqui calmamente editando as fotos da inauguração da Árvore da Lagoa com a televisão ligada na BBC, quando entra no ar uma interessantíssima reportagem sobre mais um grave problema animal na Austrália: o tipo mais peçonhento de cobra da face da Terra, que naturalmente vive lá, está sendo atacado por um vírus desconhecido e fatal. Aparentemente, as cobras perdem o controle motor e/ou páram de se alimentar. Sinceramente? Com todo o amor que tenho aos bichos, e com tudo o que sei a respeito da interação entre as espécies, já vi tragédias maiores.

Não é este, obviamente, o caso dos herpetologistas do zoológico de Sydney, que amam as cobras e estão todos à beira de um ataque de nervos. A hipótese mais provável até o momento é que o vírus tenha chegado à Austrália num contrabando de animais exóticos, vindo, possivelmente, da América do Sul. Ninguém sabe o que fazer -- até porque, a primeira reação de qualquer humano razoavelmente normal ao topar com uma das ditas cobras não é perguntar se ela vai bem de saúde, mas acabar com ela antes que ela acabe com ele.

Um dos zoólogos mais sensatos, usando uma cobra enorme como adereço de pescoço interativo, reconheceu que todos, herpetologistas e cobras, tem mais a enfrentar do que um simples vírus desconhecido:

-- A questão é que elas têm um sério problema de imagem -- constatou ele, desolado. -- Há uma carga cultural negativa muito grande em relação a elas...

Problema de imagem?! A cobra mais venenosa do mundo?! Problema de imagem?!

Então tá, ficamos todos combinados assim.

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