9.2.09
Facebook: um Orkut mais civilizado
Resisti enquanto pude. Não por algum motivo especial, mas pelo fato de que, se há coisa da qual tento manter distância, hoje, é de comunidades virtuais. Enquanto a internet era risonha e franca, e freqüentada por meia dúzia de gatos pingados, não havia nada mais divertido do que trocar mensagens de cá pra lá via BBS, participar de fóruns na Usenet, jogar adventures online em modo texto (sim, isso existia) ou, já bem mais tarde, jogar conversa fora no ICQ (alguém ainda se lembra?).
Depois... bem, depois as coisas ficaram ainda mais divertidas, com Fotolog, Flickr, Multiply e dezenas de congêneres, para não falar na grande febre do Orkut. E foi aí que saltei fora, porque, se não presto atenção, posso facilmente virar a noite (e o dia também) passeando por esses lugares. As comunidades virtuais são uma espécie de Triângulo das Bermudas, uns buracos negros que sugam todo o tempo das criaturas sem que elas saibam em que o gastaram.
Há tempos amigos insistiam para que eu entrasse para o Facebook, e eu me fazendo de surda (na verdade, de cega, já que o faziam por email). Pois há umas duas semanas resolvi dar uma chegada por lá para ver como estavam as coisas. E, nem preciso dizer, caí direitinho na arapuca que, a tanto custo, vinha evitando. O Facebook é muito sedutor; aprendeu com os erros do Orkut e partiu para uma interface que oferece maior privacidade e, ao mesmo tempo, maior interatividade.
Para começo de conversa, só se pode ver os perfis dos amigos. Se alguém quiser entrar na roda, conversar e ver o que está rolando num determinado grupo, deve pertencer de fato àquele grupo. Ao mesmo tempo, a página inicial é um mural onde informações rápidas nos dão conta do que andam fazendo ou postando pessoas das nossas relações. Com isso, o Facebook leva um passo adiante a proposta tão bem sucedida do Orkut. Não basta encontrar os amigos soltos pelo mundo; é preciso também oferecer ferramentas para que o encontro seja constante. Entrar no Facebook é esbarrar num monte de conhecidos, e trocar duas ou três frases, como numa festa espalhada pela rede – e sem a chateação de ter estranhos acompanhando cada movimento que se faz. As duas ou três frases podem, claro, virar uma conversa maior; como se a gente fosse para um cantinho bater papo.
De modo que, nas duas últimas semanas, tenho tido mais contato com alguns amigos do que ao longo de todo um ano; descobri que uma amiga está na Jordânia, que outra acabou de ter uma filhinha na Itália e que um amigo se casou em Berlim; estou fazendo planos de visitar dois queridos que moram em Nova Délhi, recomendei livros, vi e mostrei fotos, chamei a atenção para vídeos do You Tube e me deliciei com vídeos que os meus amigos me mostraram. Nós nos desafiamos para jogos, lemos os blogs uns dos outros e, eventualmente, passamos rodadas de drinques virtuais para animar a festa. E, nem preciso dizer, marcamos um monte de encontros muito animados... bem longe dos computadores.
(O Globo, Revista Digital, 9.2.2009)
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