14.7.08






Uh-la-la!

Que beauty, o Viewty

Quanto vale uma embalagem? A questão, altamente subjetiva, pode ter tantas respostas quanto consumidores – e, nesses tempos de atenção ao meio-ambiente, uma caixa destinada a ir para o lixo não marca muitos pontos no quesito necessidade. Ainda assim, o consumismo oferece poucos prazeres tão gratificantes quanto tirar um objeto novinho em folha da embalagem de fábrica.

A LG, que cada vez mais se posiciona como fabricante de celulares fashion, entende isso como ninguém e, ao contrário dos demais, que vêm reduzido suas caixas a um grau espartano de objetividade, capricha na apresentação. Esta foi a primeira coisa que me chamou a atenção quando recebi, para teste, seu KE990c, mais conhecido como Viewty. Esta gracinha de aparelho vem lindamente acondicionada numa embalagem ao mesmo tempo elegante e ecologicamente correta, feita sobretudo de papelão, mas tão cheia de bossa que é difícil jogá-la fora.

Conceitualmente, deve um bocado ao jeito Mac de ser, assim como o Viewty, um pretinho básico minimalista, touchscreen, deve ao iPhone. As semelhanças, porém, param por aí; o Viewty, ao contrário do icônico celular da Apple, tem uma das câmeras mais interessantes do mercado. Visto de costas, aliás, ele se parece mais uma câmera do que com qualquer outra coisa. Tem lente Schneider-Kreuznach de 5MP com auto-foco ou foco manual, que, além de produzir fotos de excelente qualidade, filma até em câmera-lenta (120 quadros por minuto), coisa que ainda não vi em nenhum outro celular. Até seu zoom digital funciona bem em boas condições de luz.

A interface é bonita, razoavelmente intuitiva, com a grande vantagem de responder ao toque, ou seja, cada vez que se toca uma “tecla”, o Viewty dá uma tremidinha, aspecto fundamental num touchscreen. Quem vem do mundo Palm e Treo, vai ficar encantado ao descobrir que ele tem uma stylus e que reconhece caligrafia.

É no touchscreen, porém, que está o “x” deste aparelho elegante e bem acabado. Interfaces touchscreen podem ser muito enervantes para quem gosta de teclas e está acostumado com aparelhos convencionais. O Viewty é uma grande pedida para quem curte objetos bonitos e diferentes; quem gostou do Prada, por exemplo, tem tudo para se perder de amores por ele, assim como quem não se conforma com a câmera boba do iPhone.

Já quem precisa de celular como ferramenta de trabalho deve procurar outra freguesia. Embora o Viewty tenha agenda, conversor de unidades, alarmes e tudo o que se espera hoje de um bom aparelho, a verdade é que foi feito para ver, ser visto, ser ouvido. E, acima de tudo, dar prazer a quem curte o seu celular como um belíssimo objeto de consumo.

(O Globo, Revista Digital, 14.7.2008)

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