6.7.08

Retrospectiva Flip
(e uma lembrança extemporânea, ou
You can't always get what you want.)




O senhor da foto é meu ídolo Tom Stoppard. By Lucas.

Por Lucas, AQUI; pelo Sérgio Fonseca, AQUI; pelo Marcelo Tas, AQUI.

Sérgio Rodrigues dá uma verdadeira aula de Flip AQUI.

Não sei se são uvas verdes de joelho ferrado versus calçada de pedregulhos, mas o fato é que, em nenhum momento, nem antes, nem durante, tive vontade de ir à Flip este ano. Na verdade, nem me interessei pelo que estava acontecendo lá, mas isso é normal: para mim, a graça da festa é rever uma quantidade de amigos naquele cenário lindo e, eventualmente, conhecer pessoas que admiro -- este ano, em especial, Tom Stoppard e David Sedaris.

Gosto das conversas de botequim, dos almoços e dos jantares, quando todo mundo bate papo feito gente; gosto menos das palestras e dos debates, mas acho que isso é meio deformação profissional, meio jeito de ser.

Jeito de ser, porque sou impaciente e porque, para cada mesa que dá muito certo, umas tantas dão mais ou menos ou nem dão para a saída. Deformação profissional porque, como jornalista de tecnologia e de área cultural, nunca tive a menor dificuldade em me encontrar com as pessoas que queria e em conversar com elas sobre o que nos desse na telha; entre escritores menos ainda, claro, porque literatura é o meio do qual eu venho.

O único desencontro da minha vida que lamento de fato aconteceu há muitos anos. Num fim de tarde de domingo, daqueles em que tudo o que a gente quer é desmaiar no sofá da sala, desmaiei no sofá da sala, gatos no colo, e fiquei jiboiando feliz.

Lá para as dez, dez e tanto, fui conferir os recados da secretária eletrônica. Havia dois ou três que o Waltinho Salles tinha deixado mais cedo. Fiquei com preguiça de telefonar àquela hora.

-- Putz, mas por onde é que você andava?! -- exclamou ele quando liguei, no dia seguinte. -- Eu estava com o Mick Jagger e queria pelo menos mais uma pessoa para jantar.

Resumindo: Waltinho e o filósofo Jagger jantaram sozinhos, e eu perdi a oportunidade de ter um filho de 15 mil dólares mensais.

A vida não é justa.

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