18.3.03



Cantando contra a guerra

Ótimo site: dica do Ricky, que também recomenda o Poets Against the War.

Enquanto isso, Janjão me manda um email do Marcos Arruda, propondo uma greve de fome contra a guerra.

Acho bonita essa mobilização, tenho reproduzido aqui o que me parece mais interessante, mas a verdade é que à medida em que a ameaça vai se concretizando, o meu sentimento predominante é de frustração e impotência. A escumalha que tomou o poder nos EUA não está ligando a mínima para a opinião pública, nem mesmo na America, quem dirá no resto do mundo.

De que adianta fazer passeata, acender ou apagar as luzes, deixar de beber Coca-Cola ou passar fome, cantar, escrever poemas, divulgar slogans e charges, bater panelas, usar camisetas ou adesivos nos carros, mandar emails e dar telefonemas para congressistas em Brasília e em Washington?

De que adianta Robin Cook renunciar ou Art Spiegelman se demitir do New Yorker?

Tudo é inútil.

Esta guerra estava prometida aos fabricantes de armas e à indústria petroleira desde 1991; era só questão de tempo. George W. Bush está patético no papel de Homem Mais Poderoso do Mundo, é matéria prima de primeira para anedotas, mas não vamos nos iludir: ele não tem a menor importância na ordem natural das coisas. Se amanhã for eliminado, a política americana não vai mudar rigorosamente nada.

As pessoas deixaram de ter importância. O mundo é das megacorporações e dos cartéis -- como, aliás, sempre foi. A única diferença é que hoje, apesar da conduta vergonhosa da imprensa americana, estamos mais bem informados -- e, eventualmente, mais inconformados. Só isso.

Não há nada, rigorosamente nada, que qualquer um de nós possa fazer para mudar o curso da História.

Update: Desculpa, gente, este não foi um post feliz, sob nenhum aspecto. Além da angústia gerada por esta insensatez inominável, tenho andado muito triste com a perda do meu Gatinho, e muito aflita pela Tati. Ontem, porém, vendo um replay do Bush na BBC, me bateu uma depressão que nem conto: uma tsunami de desânimo e frustração. É difícil a gente conservar, já nem digo a esportiva ou o bom humor, mas a simples objetividade, diante disso tudo.

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