18.11.02




Auto-retrato num wafer de chips Intel -- só por curtição...

Adeus, Comdex?

Na quinta passada, a Intel fez o seu lançamento mais importante do ano. Até aí, nada demais: fim de ano costuma ser mesmo época de grandes lançamentos. Digno de nota é que começa hoje, em Las Vegas, a 23ª Comdex, maior feira de tecnologia do planeta. Há poucos anos, seria impensável não esperar quatro dias, e não lançar o chip neste evento que mobilizava toda a área, do mais modesto fabricante de gadgets de Taiwan ao mais poderoso analista de mercado de Wall Street.

Mas, embora continue sendo a maior feira de tecnologia do mundo, a Comdex deixou, há tempos, de ser a mais importante. Em meados dos anos 80, quando a Micro$oft era uma empresa como outra qualquer e havia no ar a idéia de que todos tinham chances iguais num mercado sedento de boas idéias e de bons produtos, não havia lugar como a Comdex de Las Vegas, um paraíso geek tão vibrante e cheio de energia que a gente virava noites sem dormir, enfrentava filas para tudo, comia mal — quando conseguia comer — e ainda se lamentava de que toda aquela alegria acabasse em tão pouco tempo.

Vítima de uma série de fatores — seu próprio gigantismo, a depressão econômica mundial, a velocidade de transmissão das informações pela internet e, em parte, com certeza, do perfil achatado de uma indústria que perdeu muito da graça depois que foi abocanhada pelo monopólio da M$, a Comdex pode estar em sua edição final.

Assim que o picadeiro for desarmado no fim da semana, a Key3Media, sua organizadora, estará entrando com um pedido de concordata. Mesmo que consiga sobreviver, o encanto dos velhos tempos é irrecuperável. Que pena. Foi tão bom enquanto durou!

(O GLOBO, 18.11.02)

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