Alguma surpresa?
Como era esperado, a juíza Colleen Kollar-Kotelly aprovou, nesta sexta-feira, os termos do acordo da M$ com o governo americano e com 18 dos estados litigantes, descartando as objeções de nove estados que pediam punição mais severa para o monopólio.Punição mais severa, disse eu? Desculpem: punição. Do jeito que está, nada, realmente, aconteceu — a menos que a gente considere punição a Micro$oft não poder mais perseguir fabricantes de computadores que tenham o desplante de, imaginem!, instalar outros sistemas e softwares nas máquinas que fabricam.
A juíza também julgou desnecessária a criação de um comitê técnico para fiscalizar as ações da M$. Em vez disso, determinou que seja criada uma comissão corporativa para cuidar do assunto... composta por gente da própria companhia. Se isso não é uma piada de mau-gosto, não sei o que é.
Quando o juiz Thomas Penfield Jackson (que reconheceu na M$ a existência de um monopólio predatório à indústria do software, e recomendou a sua divisão em duas empresas, uma para desenvolvimento de aplicativos, outra para sistemas operacionais) foi removido do caso, em junho de 2001, ninguém teve mais dúvidas de que essa história acabaria assim: em pizza. Pois é.
Para quem não se conforma com a benção governamental ao monopólio de Bill Gates, resta o consolo de que, ao longo do processo, a imagem da M$ foi ficando mais clara (quer dizer, mais suja) para o público. Hoje já existe, entre os consumidores, a vaga noção de que as práticas comerciais da empresa não são propriamente éticas. Não é muito, eu sei, mas já é alguma coisa.
O único detalhe engraçado dessa história: horas antes da juíza Kollar-Kotelly dar o seu veredicto, toda a documentação do caso, de arrazoados e questões de interesse público ao decreto final já estavam no slashdot.org. Famoso site geek conhecido por seus furos na área tecnológica — afinal, é escrito pela mesma comunidade que desenvolve as novidades de que fala — o /. marcou o gol mais sensacional da sua carreira noticiosa.
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