19.7.10
iPad: supérfluo irresistível
Finalmente consegui passar um tempo com um iPad. É de fato um brinquedinho sensacional, um iPhone que tomou fermento, cresceu e agora tem uma bela tela de quase dez polegadas, capaz de se sair igualmente bem em truques engraçadinhos ou atividades utilitárias. Li nele dois capítulos de um livro (para isso o Kindle é melhor), joguei joguinhos, vi fotos e vídeos e só não surfei a web porque estamos no sítio com um wifi pra lá de limitado, mas não é difícil de imaginar que esta talvez seja a maior de suas vocações.
Gostei muito dele, mas meu júri interno ainda está reunido e não conseguiu chegar a uma decisão bem fundamentada se preciso ou não de um. Para começo de conversa, tenho um Vaio peso pluma com tela de 11”, que uso muito como máquina multimídia quando viajo. O iPad e ele têm a mesma largura, embora o Vaio seja mais comprido, e mais espesso. O peso dos dois não é muito diferente na mão. O que os faz animais distintos é, claro, o fato que um é um tablet, ao passo que o outro é um notebook clássico, com teclado, slots para cartões, saídas USB, drive de DVD.
Para carregar na bolsa, para usar deitada na rede ou na sala de espera do dentista, o iPad, com uma superfície só, é muito mais prático do que o notebook, que tem de ser aberto; para trabalhar de verdade, o Vaio (ou qualquer outro notebook) é melhor.
Não acho que tablets como o iPad e notebooks como o Vaio sejam concorrência direta uns para os outros. Eles são complementares. Podem conviver na mesma casa e na mesma viagem, mas quem vem de um notebook, e especialmente de uso pesado deste notebook, dificilmente vai se contentar em ter apenas um iPad para toda obra. Mais provavelmente o notebook ficará sendo a máquina “séria”, e o iPad a máquina de lazer.
Fiquei pensando onde o iPad se encaixaria na minha configuração. Por causa das fotos e dos textos que preciso escrever onde quer que esteja, não posso me dar ao luxo de deixar o notebook em casa. Nesses dias que passamos juntos, quem o iPad substituiu foi o Motorola Milestone, o smartphone que uso para acessar a Internet. Para mim, que sempre ando com dois celulares – um “de verdade”, o outro para Internet -- o iPad seria um bom substituto deste segundo aparelho; mas reconheço que esta não é propriamente a configuração básica de um mortal comum.
O iPad pode vir a ser a máquina ideal de quem saiu de um smartphone sem necessariamente passar por um computador; ou um brinquedo a mais para quem já tem todos os brinquedos com tomada de que precisa. Perguntei ao Paulinho onde se encaixa o iPad no seu cotidiano.
-- Ele virou uma espécie de livro de cabeceira, ou, melhor dizendo, de livro de mesa de centro. A gente quer saber que filme está passando, precisa do telefone da pizzaria, quer mostrar as fotos novas para os amigos ou escolher alguma coisa num empório online. Tudo isso ele faz muito bem. E estou viciado em assistir filmes nele.
É. Pode ser que, afinal, eu precise mesmo de um iPad. Mas só vou descobrir isso no dia em que me pegar numa loja, diante da perspectiva de gastar US$ 500 nele ou numa lente nova para a Nikon.
(O Globo, Revista Digital, 19.7.2010)
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