4.7.02


Ah, se essa moda pega...!

Confissão: eu sempre tive uma ponta de inveja das coleguinhas que cobrem moda. Tudo é tão bonito! Eu passo pela mesa da Mara Caballero, por exemplo, que edita o Ela, vejo aquela quantidade inacreditável de imagens lindas, e fico pensando como deve ser bom sofrer desta angústia específica: não saber como ilustrar um caderno por excesso de escolha... Ó, felicidade! No Info etc. -- onde as coisas, reconheça-se, têm melhorado bastante com o aprimoramento do visual dos gadgets de que falamos, com a qualidade e a quantidade de games e, last but not least, com a adoção do Tux como emblema do Linux -- o problema é exatamente o oposto.

Sintam o drama: como se ilustra uma reportagem sobre vírus?! Com mais uma foto do Peter Norton? Com mais um bicho esquisito? Com mais uma alegoria incluindo seringas, estetoscópios e computadores? E um serviço sobre conexão à Internet? Com mais um globo cercado de fios? Isso, claro, para não falar nas pessoas: as grandes personalidades do mundo da moda são as Giselles e os Paulos Zulus da vida, ao passo que as da informática são os Bill Gates e os Richards Stallmans... Ó vida ingrata, ó mundo cruel! Tanto para uns, tão pouco para outros! Se não fosse pelo Steve Jobs, que é até bonitinho e faz máquinas lindas, nós realmente não teríamos salvação.

Mas, mais do que tudo, a nossa alegria tem sido a gradual integração das telecomunicações à cobertura de informática, sobretudo no que diz respeito aos wireless e mobiles. Telefones celulares e PDAs são objetos decidamente bonitos, sobretudo depois que diminuíram de tamanho e começaram a ser fabricados em cores diferentes. Vocês nem podem imaginar como ficamos felizes quando chegam à redação as fotos dos novos Nokias ou Samsungs...

Graças a eles, nossos tempos de patinhos feios estão por um fio (metaforicamente falando, claro!). Tudo começou em outubro de 1999, quando a Nokia resolveu lançar o 8210 durante a semana da moda em Paris, num desfile do Kenzo. O telefone em si já era fofo, mas naquele ambiente, então... beleza pura. Depois vieram várias séries igualmente bonitas de aparelhinhos, como os 3210 da foto. Até então, a Nokia corria sozinha no quesito design: não havia nada tão charmoso no mundo telecom quanto um Nokia.

Até que a Samsung resolveu entrar de sola na área. Ah, é pra ser bonito? pensou alguém lá em Seul. Então vamos mandar ver. E estão mandando. Agora, por exemplo, acabo de saber que a Samsung, é, ela mesma, patrocina o 11 SP Fashion Week (aliás: não podia ser Semana da Moda, não?). É a primeira empresa de tecnologia a fazer isso. Vai participar dos desfiles das grifes V. Rom e Marcelo Sommer, terá um lounge especial, promete um super lançamento no evento e, de quebra, promove um concurso para internautas.

A aproximação do mundo hi-tech com a moda e o design é, claro, uma tendência inevitável, pela qual todos os editores de tecnologia agradecem, penhorados, aos céus. Mas, mais divertido até do que observar isso, é ver como evoluímos em tão pouco tempo. Nos Nokias lindinhos que enfeitaram a passarela de Kenzo em 1999, as cores estavam na casca dos aparelhos; no Samsung que vai desfilar em São Paulo, as cores passaram para a tela. Dos 40 diferentes toques do telefone de três anos atrás, passamos para um número simplesmente infinito (e vocês não fazem idéia da diferença de qualidade da "voz" desses toques!); dos 99 números que podiam ser armazenados então, passamos para 499...

Justiça seja feita, porém, o 8210 era um telefone tão bem projetado que continua brilhando nas aparadas. Ele pesa 79 gramas, contra as 83 do Samsung; e sua vida útil de bateria (3h20m de conversa, 150 de stand-by) são mais ou menos as mesmas do novo aparelho. Ele já tinha jogos, iRDA para comunicação com PDAs, micros e impressoras compatíveis com o padrão infra-vermelho e comandos de voz. E era, claro, um GSM.

Nisso, um detalhe interessantíssimo do novo Samsung é que ele vem disponível em três tecnologias: TDMA, CDMA e GSM. Achei muito legal, já que assim ninguém precisa mais ficar com inveja dos telefones da operadora alheia. A continuar por aí, daqui a pouco passo pela mesa da Mara e nem vou mais olhar para as fotos...

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