17.8.09

Twitter: sopa de letrinhas



www.tw2t.com/lNk? bit.ly/128uEV? su.pr/17nYsG? migre.me/4TXV? O que significam todos esses códigos que, de repente, deram de brotar mais do que cogumelo em dia de chuva? Simples: todos são abreviaturas de endereços web que, de outra maneira, ficariam enormes. Há muito tempo – na verdade, desde os tempos do saudoso Info etc. que deu origem a esta revista – nós já usávamos alguns serviços pioneiros, como o notlong.com, não só por uma questão estética, como de praticidade: supondo que o leitor fosse digitar a sugestão de site, ficava mais fácil teclar http://muybien.notlong.com, por exemplo, do que http://matadorpulse.com/mexicans-fed-up-with-banks-burn-credit-cards-in-street-protest/. Ao contrário dos seus sucessores, o notlong.com, que continua vivo e bem, permite que se escolha a abreviatura. Para redigitação isso é ótimo, já que se podem usar palavras fáceis de guardar.

O Twitter, porém, com a sua limitação de 140 caracteres, mudou completamente a paisagem. O que a maioria dos usuários quer, hoje, é uma URL minúscula, que não devore metade do espaço disponível para texto. Ninguém precisa memorizá-la, porque será lida online e alcançada através de cliques. Alguns serviços chegaram ao máximo da concisão, como o tinyarro.ws, irmão cabeça do super bem sucedido tinyurl.com. A mesma URL sobre os mexicanos revoltados que usa, normalmente, 53 caracteres, pode ser reduzida a onze: www.➡.ws/䌁홦. Para quem achar esse resultado esquisito demais, sempre resta o www.x.se, sueco, que faz uma dúzia redondinha: www.x.se/5wv.

Há dezenas, se não centenas desses redutores. Muitos oferecem serviços adicionais, como senhas ou contadores de cliques. É virtualmente impossível contá-los até porque os seus índices de mortalidade são quase tão grandes quanto os de natalidade: a maioria naufraga na falta de manutenção e em dificuldades técnicas. O favorito dos usuários é, cada vez mais, o bit.ly, padrão do Twitter, que foi bem desenvolvido, funciona às mil maravilhas e oferece o que se chama em marquetês de “valor agregado”. Quem se registra no bit.ly passa a ter estatísticas sobre os cliques, quantos foram e de onde vieram e, muito útil, conta com uma lista das suas abreviaturas prévias. Dou um exemplo pessoal: transformei a URL do meu blog – http://cora.blogspot.com -- em bit.ly/128uEV. Como isso ficou registrado na minha conta, não preciso correr atrás de novas sopas de letrinhas sempre que quero tuitá-lo.

Esclarecendo duas outras perguntas que me têm sido feitas com certa freqüência, sobre o que significam os caracteres @ e # no Twitter. Ambos têm, como propósito, facilitar a indexação. A arroba, colada ao nome, designa usuário. Se alguém me tuitar escrevendo apenas cronai, nunca saberei disso; se usar @cronai, contudo, o tuite me será devidamente encaminhado. Já o jogo-da-velha é uma etiqueta (hashtag) que vem dos tempos do IRC, velho chat a vapor. Quando alguém usa # diante de uma palavra num tuite faz com que ele passe a pertencer a todo um conjunto, como um grupo em qualquer outra comunidade. Fica bem fácil, assim, descobrir quais são os temas que estão bombando. No momento, uma das hashtags mais populares entre os tuiteiros brasileiros é #forasarney.

Dá-lhe, Twitter!


(O Globo, Revista Digital, 17.8.2009)

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