24.8.09

iPhone: brincando em cima daquilo








Ainda não inventaram celular com design tão lindo quanto o do iPhone, e não há como negar o impacto que ele teve em toda a indústria. A tela é deslumbrante e, entre seus concorrentes, não há nada igual ou sequer parecido para ver fotos e acessar a internet. Apesar disso, se eu o usasse para trabalhar, chegaria ao fim do dia à beira de um ataque de nervos. Como beleza não põe mesa, ele deixa a desejar como telefone e como câmera, e como tudo o que se precise fazer a sério com um celular. Sobretudo, deixa a desejar no quesito bateria, que ainda não foi satisfatoriamente resolvido por nenhum dos super celulares, smartphones ou não. A diferença é que, no pior dos casos, para os outros se pode ter uma bateria extra.

De qualquer forma, como Deus é bom e gosta de mim, fico com o melhor de cada mundo. Uso um smartphone de verdade como telefone, agenda, câmera e ferramenta de trabalho, e tenho um iPhone como internet de bolso. Meu plano tem o mínimo possível de minutos de voz, mas acesso ilimitado, o que não me deixa dependente de wi-fi. Às vezes, dou uma peneirada na Appstore para ver as novidades. Baixei um anti-mosquito grátis que ainda não tive oportunidade de testar mas no qual ponho fé, porque já vi sistemas parecidos em outros aparelhos, e um programa irmão do Home, o fantástico filme do Yann Arthus-Bertrand.

Corri por mil e uma utilidades mais ou menos inúteis e parei, com mais atenção, nas 53 páginas da área de fotografia. Cada página tem 20 aplicativos. Logo...

Não achei muita coisa nova. A tendência, como sempre, é se ter mais do mesmo e, para dizer a verdade, um mesmo chato, feio e bobo. Não, isso não é xingamento. É apenas a descrição mais apropriada para a quantidade de ofertas de gracinhas sem graça que o pobre usuário terá de percorrer até descobrir algo que valha a pena. No caminho, mil variantes para mudar carinhas, inserir balõezinhos e sinaizinhos nas fotinhas, figurinhas cuti-cuti para dar um realce, moldurinhas horripilantes, bichinhos e estrelinhas. É o paraíso dos miguxos.

Quem tiver paciência para enfrentar tudo isso pode encontrar coisas divertidas. O Panolab, por exemplo, que faz as melhores panorâmicas desde que o iPhone nasceu, continua gratuito. Tem um irmão Pro que custa pouco, mas nem assim compensa o gasto, porque as diferenças são irrelevantes considerando-se a câmera a que se destinam. Há um Zoom grátis que também é razoável, e várias coleções de filtros que, a rigor, fazem a mesma coisa: criam fotos em PB, sépia e negativo e, eventualmente, dão uma mexida nas cores. Como boa parte não custa nada, vale baixar alguns e ver com qual a gente se entende melhor.

Para quem preferir cortar caminho e gastar um dólar, recomendo o 101+ Effects, que conheci originalmente como 101 Filters. É o mais flexível e variado e, por incrível que pareça, dá conta até de uns efeitos bastante originais. As fotos que ilustram essa matéria foram tratadas com ele, embora o original tenha sido capturado com o Sony Ericsson K790.


(O Globo, Revista Digital, 24.8.2009)

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