17.11.08







A NIKON D60 foi comigo para Ouro Preto. Ainda falta muito para nos tornamos íntimas (o manual veio em japonês!) mas, aos poucos, com a ajuda da internet, vou descobrindo seus macetes. Tenho certeza que, um dia, vou usá-la com a mesma facilidade com que, hoje, uso os meus celulares.

Tentações
O mundo infinito das câmeras e das lentes

Depois de uns seis ou sete anos fotografando quase que exclusivamente com celular, resolvi comprar brinquedos mais pesados, e hoje sou a feliz proprietária de uma Nikon D60 e de algumas lentes interessantes, além da 18-55mm que a acompanha de fábrica: duas Nikkor VR, uma 105mm 2.8 macro (que, sabe-se lá por que motivo, a Nikon chama de micro) e uma 70-300mm 4.5/5.6, mais uma divertidíssima Sigma 10-20mm, 4/5.6.

Fiz todas essas compras depois de muita deliberação, porque há tempos tinha perdido o caminho das SLR: a minha última câmera “de verdade”, das que trocam lente, foi uma Olympus OM-1, que, imaginem! não tinha nada sequer eletrônico, e ainda usava filme.

Fiquei com vontade de voltar às velhas câmeras quando, há uns dois anos, testei uma Pentax que, por acaso, era a primeira DSLR perto da casa dos 500 dólares. Para mim, este patamar era importante porque, enfim, as SLR começavam a chegar ao alcance do usuário final que gosta de fotografia, mas não vive disso, nem tem todo o dinheiro do mundo para gastar com seu hobby.

Além disso, não há como esquecer o fato de que vivo numa cidade de alto risco. Não quero (nem posso) ter um equipamento que, se roubado, signifique a perda das minhas economias da vida inteira. O trauma em si já é bastante grave para que se amargue também um prejuízo que não se poderá repor.

A Nikon foi uma escolha quase óbvia pela popularidade: comprar ou vender Nikon no Brasil é fácil, encontrar acessórios e assistência técnica também. O modelo D-60 foi o segundo passo. Além do preço razoável (US$ 650, na época feliz do dólar a R$ 1,60), é, junto com a D40, uma das DSLRs mais levinhas que encontrei. Não preciso da sofisticação dos modelos mais caros e, menos ainda, das suas muitas gramas a mais. Juntou-se, assim, a fome à vontade de comer.

As lentes vieram mais tarde. Eu já tinha me esquecido deste problema das câmeras: quando se pode trocar a lente, subitamente descobre-se que há lentes absolutamente indispensáveis à felicidade, se não à própria sobrevivência.

Por exemplo: pode uma pessoa cujo maior prazer fotógrafico é clicar pássaros viver sem uma tele? E pode alguém que adora os bigodes dos gatos viver sem uma macro que permita retratá-los em toda a sua glória? Sendo campeã em justificar necessidades desnecessárias, não tive muito trabalho para encontrar justificativas para as despesas extravagantes que andei fazendo no campo fotográfico.

O pior é que isso não acaba nunca: o mundo está cheio de lentes irresistíveis e acessórios indispensáveis, de bolsas para carregar tão precioso equipamento a tripés maravilhosos e levinhos feitos em fibra de carbono, que podem custar o preço de uma cãmera. Tenho sonhado com uns Gitzo que só vendo...


(O Globo, Revista Digital, 17.11.2008)

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