Hoje passei a maior parte do dia fazendo fotos. Como a previsão era de chuva e nunca se sabe o dia de amanhã, aproveitei o sol, que veio junto com um calor de rachar.
Eu pretendia me dedicar mais a isso no sábado, mas infelizmente o meu joelho ainda não está preparado para Ouro Preto. Subir ladeira ainda vai; mas descer é uma tortura, e subir e descer escada continuamente, então, nem falar.
Quando voltei para o hotel, antes de ir para o Forum Literário, eu estava com um cartão de 8Gb quase cheio, mas também com lágrimas nos olhos, de tanta dor.
De modo que, muito a contragosto, e pela primeira vez na vida, joguei a toalha, e pedi para o pessoal da organização tentar mudar a minha passagem de domingo para sábado. Ficar andando de carro numa cidade dessas não faz sentido; ficar trancada no hotel, por bonito que seja, faz menos ainda.
Encontrei o Centro Histórico bem mais limpo e bem cuidado do que imaginava, mas algumas coisas me deixaram abalada. A primeira foi ver a quantidade de casas, em alguns casos favelas, mesmo, cercando a paisagem; há 30 anos, se a gente olhasse em volta, via uma casinha aqui, outra ali, e o resto era vegetação.
O hotel modernoso do Niemeyer, que na época era uma mancha na paisagem, hoje nem se percebe mais.
Embora em muitos pontos estivesse em pior estado de conservação, a cidade era verdadeiramente mágica, uma jóia arquitetônica que aparecia de repente, do nada, em meio ao verde.
Essa sensação desapareceu por completo, levada, em boa parte, pelo estúpido aumento do trânsito: é muito difícil deixar a imaginação correr solta no tempo quando motos passam zunindo ao seu lado, vans e micro-ônibus circulam por todos os lados e carros ocupam o que devia ser uma paisagem livre da poluição visual dos tempos modernos.
A quantidade de antenas parabólicas também não ajuda.
Mas isso, claro, é o ponto de vista de alguém que conheceu esta cidade há três décadas. Quem chega hoje não sabe o que se perdeu, e pode aproveitar, sem qualquer aperto no coração, o que se ganhou: uma ótima rede hoteleira, restaurantes de qualidade, museus bem arrumados, roteiros turísticos diversificados.
Eu confesso que preferia a Ouro Preto pobrinha, délabrée e romântica dos velhos tempos -- mas também é verdade que, quando se tem 20 anos, tudo é mais bonito, especialmente visto pelo retrovisor.
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