11.10.08

Uma imagem que vale por mil palavras




Até a semana passada, eu não sabia quem era Eduardo Paes.

Sim, como todo mundo, eu também acompanhei a CPI, e também vi o seu desempenho, que então me pareceu digno e correto. Conheço os seus dados biográficos, embora tenha sido poupada do horário eleitoral gratuito -- mas duvido que a TV me desse maiores informações sobre o que, a meu ver, conta de verdade.

O caráter do candidato.

Agora, porém, depois do pedido de desculpas ao presidente e aos seus familiares, eu sei exatamente quem ele é: um político típico, antigo, sem espinha dorsal, daqueles que faz qualquer negócio por um cargo, inclusive passar por cima da própria consciência.

Não que eu não acredite que as pessoas não devam pedir desculpas. Pelo contrário; saber pedir desculpas é uma qualidade de grande nobreza.

Mas há desculpas e há desculpas.

A gente pede desculpas por eventualmente emitir um conceito que magoa, por perder a cabeça no calor de uma briga e dizer algo que não devia, por fazer do outro uma idéia que não corresponde à realidade.

Mas a gente não pede desculpas a um chefe de quadrilha por apontá-lo pelo que ele é, chefe de quadrilha; nem pede desculpas a uma mãe por duvidar da honestidade de um filho seu de 30 anos que, de biólogo mal remunerado, passou a gênio de tecnologia e fazendeiro milionário no curto espaço de uma presidência.

Não, pelo menos, sem ter em mãos uma prova concreta, cabal, de que tudo não passou de um gigantesco mal entendido.

Nesse caso, se Eduardo Paes tem em mãos essa prova, deveria apresentá-la, urgentemente, ao Congresso e à imprensa. Até porque, se tal prova existe, tudo o que sabemos da História recente do país está errado, e muda radicalmente.

Até segunda ordem, contudo, os fatos permanecem os seguintes: do momento em que Eduardo Paes fez as denúncias na CPI até hoje, nada de novo veio à luz para esclarecer as relações do presidente com os criminosos do mensalão, ou para justificar o súbito enriquecimento de Lulinha.

Do jeito que as coisas estavam, assim continuam. Apenas o escândalo, suplantado por outros escândalos, saiu das manchetes.

Pergunto, então: quando é que Eduardo Paes estava enganando a gente? Na época da CPI, fingindo uma indignação que não tinha, ou agora, oferecendo desculpas falsas e subservientes em troca do apoio do PT?

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