18.10.08

Não dá para ser feliz

Hoje fui na Monca fazer um lance de dente complicado. Como a Monca é o máximo, não doeu nada, mas eu, apavorada que sou com qualquer coisinha, vim pela Visconde de Pirajá morrendo de medo da anestesia passar antes de chegar em casa.

A minha tática diversionista, nessas horas, é me agarrar mentalmente a uma música e tentar ir do começo ao fim. Desde que fui pro consultório, estava com trechos da Traviata na cabeça: ante-ontem vi uma das gravações mais lindas de todos os tempos, com a Orquestra e o Coro da Royal Opera House, regência de Sir Georg Solti, Angela Gheorghiu no papel de Violetta e Frank Lopardo no de Alfredo Germont.

E lá estava eu, quase chegando à Vinícius, lembrando de "Parigi, o cara" com grande empolgação e sucesso, quando dei com um rapaz tocando acordeão... e cantando "Índia".

Quem freqüenta este blog sabe que, em termos de música, eu sou absolutamente onívora -- e, aliás, até gosto de "Índia" -- mas... não dá.

Foi uma ducha de água fria tão fria na minha concentração que dei dois real pro cara, atravessei a rua e fui comer um yogoberry para me consolar.

* suspiro *

(Deve ter uma coisa qualquer na água da Romenia, para saírem de lá tantas sopranos extraordinárias ao longo do tempo. Ouçam a Virginia Zeani AQUI, em "Addio al Passato"; é a gravação ao vivo da sua estréia no Covent Garden, em 1960, quando foi chamada às pressas para substituir Joan Sutherland, que ficou doente. Ela chegou a Londres no meio da tarde, não teve tempo para ensaiar nada e fez uma apresentação antológica. A Zeani deve ter sido recordista no papel de Violetta, que cantou nada menos de 648 vezes. Aqui, numa raríssima gravação dos anos 60 do Sempre Libera pode-se até vê-la em ação; o que me faz crer que a platéia do Covent Garden não sentiu muito a ausência da Sutherland.)

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