Não dá para ser feliz
Hoje fui na Monca fazer um lance de dente complicado. Como a Monca é o máximo, não doeu nada, mas eu, apavorada que sou com qualquer coisinha, vim pela Visconde de Pirajá morrendo de medo da anestesia passar antes de chegar em casa.A minha tática diversionista, nessas horas, é me agarrar mentalmente a uma música e tentar ir do começo ao fim. Desde que fui pro consultório, estava com trechos da Traviata na cabeça: ante-ontem vi uma das gravações mais lindas de todos os tempos, com a Orquestra e o Coro da Royal Opera House, regência de Sir Georg Solti, Angela Gheorghiu no papel de Violetta e Frank Lopardo no de Alfredo Germont.
E lá estava eu, quase chegando à Vinícius, lembrando de "Parigi, o cara" com grande empolgação e sucesso, quando dei com um rapaz tocando acordeão... e cantando "Índia".
Quem freqüenta este blog sabe que, em termos de música, eu sou absolutamente onívora -- e, aliás, até gosto de "Índia" -- mas... não dá.
Foi uma ducha de água fria tão fria na minha concentração que dei dois real pro cara, atravessei a rua e fui comer um yogoberry para me consolar.
* suspiro *
(Deve ter uma coisa qualquer na água da Romenia, para saírem de lá tantas sopranos extraordinárias ao longo do tempo. Ouçam a Virginia Zeani AQUI, em "Addio al Passato"; é a gravação ao vivo da sua estréia no Covent Garden, em 1960, quando foi chamada às pressas para substituir Joan Sutherland, que ficou doente. Ela chegou a Londres no meio da tarde, não teve tempo para ensaiar nada e fez uma apresentação antológica. A Zeani deve ter sido recordista no papel de Violetta, que cantou nada menos de 648 vezes. Aqui, numa raríssima gravação dos anos 60 do Sempre Libera pode-se até vê-la em ação; o que me faz crer que a platéia do Covent Garden não sentiu muito a ausência da Sutherland.)
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