Não me lembro de quando conheci Zélia Gattai; ela e o Jorge eram amigos dos meus pais, de modo que o nosso convívio, ainda que espaçado no tempo, sempre foi muito caloroso. Além disso, tínhamos em comum a mania de fotografar o tempo todo, ao lado de dois homens que mal distinguiam uma Leica de uma Kodak descartável.
A notícia da sua morte não foi surpresa; ultimamente, andava num entra e sai de hospital aflitivo, do qual a Paloma ou o Gravatá sempre me davam conta.
Viveu uma vida longa e cheia de acontecimentos, conheceu o mundo, realizou-se em tudo o que fez, foi feliz.
Apesar disso, não há como não ficar triste.
A Zélia foi, sem favor, uma das pessoas mais agradáveis e simpáticas que conheci. Estava sempre de bom humor e sempre sorridente; gostava de conversar e tinha um talento muito especial para ver o lado bom das coisas.
De todas as qualidades que tinha, e eram muitas, essa era a que mais me encantava.
Num mundo de gente (até justificadamente) pessimista, encontrar a Zélia era uma alegria.
Para mim, essa alegria, a joie-de-vivre que era a sua essência, será sempre uma lembrança doce e gentil.
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