16.6.07
Tragédia carioca
Ontem eu estava chegando à casa do nosso amigo Bianco, em São Conrado, quando a Ju ligou, para avisar que tudo estava bem com ela e com a Laura. Fiquei espantada:
-- Mas há algum motivo para que não estivesse?
Havia sim. Um ônibus desgovernado subira na calçada do prédio onde moram e atropelara várias pessoas. Ju chegou poucos minutos depois do acidente e quase desmaiou quando ouviu de populares que havia uma senhora muito ferida: aquela era a hora em que a Laura sairia de casa.
Passado o susto, as duas, com medo de que eu estivesse no jornal e entrasse em pânico ao ver o local do acidente, preferiram me tranqüilizar.
Infelizmente minha amiga Suely Coelho, a Blogueira dos enta, querida de tanta gente no mundo dos blogs, não teve a sorte de contar com o mesmo alívio: a senhora ferida era sua mãe Elizabeth, de 65 anos, que faleceu no início da madrugada.
Sue e sua família passaram pela via crucis de todo carioca desesperado. Não havia vaga na UTI de nenhum hospital, nenhuma autoridade se manifestou, o médico da empresa de ônibus só ligou ao meio-dia para oferecer seus serviços.
Em suma: como sempre, os cidadãos que se lixem.
Esta foi a segunda vez, numa semana, que um ônibus da Vila Isabel sofreu falha mecânica grave; neste a barra de direção quebrou, o outro perdeu o eixo e as rodas na Praia do Flamengo.
Para mim, d. Elizabeth (que aparece no círculo na foto acima, junto com o filho Marco, também atingido pelo 157) foi assassinada, e os culpados são, em igual medida, a empresa de ônibus e as autoridades podres da nossa cidade, que nem inspecionam os ônibus, nem cuidam da manutenção das pistas.
A São Clemente, onde aconteceu o acidente, parece trilha de Enduro, de tantos buracos.
Considero o motorista mais uma vítima: obrigado a dirigir um veículo sem condições de ir para as ruas, vai carregar, para o resto da vida, a culpa pelo acidente que não pode evitar.
O pior é que enquanto as empresas de ônibus forem a máfia que são, e as autoridades continuarem compradas como estão, nada vai mudar.
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