"Cada um tem o cirque du soleil que merece.
Hoje, às cinco da manhã, eu estava na triunfal portaria do Circo Broadway, conversando com Robert, que, além de diretor artístico e dono, é herdeiro de uma linhagem de 150 anos de artes circenses.
Pedi para dar uma volta. Beleza, um circo vazio, com os poleiros silenciosos. Dei uma volta. O máximo que encontrei, do que procurava, foram quatro cachorrinhos domésticos e uma perequita muito esperta que, no que me viu, empoleirou-se no meu dedo indicador.
-- A gente tinha urso, leão, camelo. Doamos tudo para o zoológico. Tava ficando politicamente incorreto.
Mas coisa impressionante que aprendi é que o globo da morte é arte tipicamente brasileira. Globeiro (gostaram da palavra?) nacional vale ouro no exterior e pode ficar bem de vida em Las Vegas ou em Tóquio.
A mágoa: se deram isenção de impostos para o Cirque du Soleil, por que não para eles?
Circo brasileiro tem que pagar os violentos e absurdos impostos de uma empresa; alugar área para abrir a lona (uma fortuna em certas cidades); pagar outdoor e anúncio em jornal; pagar para puxar água; instalar sanitários.
Já que é arte nacional, que exporta talentos, e vive nas condições que, sabemos, vivem muitos dos artistas brasileiros, o Gilberto Gil devia olhar a coisa com carinho extremado. Não só carinho. Com tino. Com a racionalidade de quem investe em patrimônio.
E, antes que me esqueça, viva o circo."
Eu não estive no Circo Broadway, mas assino embaixo.
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