22.11.06

Bang-bang

O Tom e eu estávamos comendo ali no Frontera, no outro dia, quando começou o tiroteio no Cantagalo. Foi meio surreal, porque a decoração do restaurante, quase na esquina da Teixeira de Melo, ou seja, ao lado da subida do morro, é meio viagem, meio faroeste: muita madeira, cartazes antigos, essas coisas que lembram mundos exóticos e remotos.

Houve uma certa correria na rua e, quando finalmente achei o celular na bolsa, os garçons estavam justamente fechando as portas. Como eles conhecem o pedaço melhor do que eu, e como o celular dificilmente renderia boas fotos nas circunstâncias, fiquei na minha e terminamos de jantar na santa paz.

Depois seguimos na direção oposta, rumo à 14a, que era meu destino, onde fui registrar a engronga do cartão de crédito com meus amigos Prates e Cupelo, os heróis que recuperaram a Pipoca em julho do ano passado.

Quando estávamos na delegacia fazendo um resumo dos fatos para a Renata, colega deles novinha, bonita e muito simpática, apareceu um PM todo armado. Vinha calmo e tranqüilo, jogou um beijo pra Renatinha e foi pegar um café.

Perguntamos como estavam as coisas lá pras bandas da General Osório e ele disse que nem dava pra subir, que os caras estavam disparando para todos os lados e que até granada tinham explodido.

-- Perdemos a granada! -- exclamou o Tom.

Foi uma conversa casual, mais ou menos como se estivéssemos falando a respeito da chuva ou da ressaca em Copacabana.

O mais louco nisso tudo é que em nenhum momento da noite houve qualquer sinal de tensão ou de alarme; nem no restaurante, onde os garçons fecharam as portas mais por precaução do que por medo, nem enquanto íamos a pé subindo a Visconde de Pirajá ao som do tiroteio, muito menos na delegacia conversando a respeito do assunto com os policiais.

Enfim, uma noite como outra qualquer na Muy Leal e Heróica.

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