Malditos, todos

As imagens do presidente, dando entrevista tranqüilinho em Paris, obviamente mancomunado com dois tipos da pior espécie, não me saem da cabeça; e acabo de ler os jornais.

Estou tentando manter o meu lado Poliana em alta mas, infelizmente, a crise é mais rápida do que o meu poder de auto-ajuda; a vontade que eu tenho, mesmo, é de sentar no chão com os gatos e chorar, chorar muito.

Sim, eu detesto o PT, e não, nunca esperei nada do Lula, mas isso não é consolo. No máximo, evita com que me sinta ainda mais traída do que estou me sentindo, ou que tenha a sensação de que os meus sonhos se evaporaram -- não tenho sonhos em relação a governos há milênios, só pesadelos.

Mas é o meu país, a terra que eu amo.

O Brasil não merecia isso, e não adianta a gente racionalizar e dizer que os políticos nos representam, porque isso não é verdade. Eles nos representariam se no cardápio de candidatos à nossa escolha houvessem bons nomes, se a representação estadual no congresso não fosse tão deformada, se a política não fosse o jogo sujo e viciado que é.

O meu país não tem nada a ver com esta podridão; o espetáculo nojento a que estamos assistindo não é um espelho do Brasil, onde a maioria das pessoas, ao contrário da maioria dos políticos, é gente de bem, gente trabalhadora, que dá duro para sobreviver e não cai na gandaia com delúbios e valérios.

Olhem em torno e me digam se não é verdade: vejam as suas famílias, os seus amigos e vizinhos, os seus colegas, os porteiros, as balconistas das lojas, os jornaleiros, os gerentes dos bancos...

O que me mata de tristeza é ver o pouco caso com que é tratada a nossa gente, o uso perverso que se dá ao seu suado dinheirinho, o nada absoluto que recebe dos poderosos.

Será que esses grão-senhores não têm pena dos que estão espoliando?! Será que não têm compaixão dos que ficam sem escola, saúde e comida por causa da sua sede insaciável de poder e dinheiro?!

Será possível que nunca, jamais, este país venha a ter um governo e uma elite econômica que sintam ternura pelos brasileiros, que se comovam com a sua sorte, que ponham os interesses do povo acima dos seus interesses espúrios?!

Que tristeza.