6.1.05



A carta de hoje

Exmo. Sr. Dr. Márcio Thomaz Bastos, Ministro da Justiça,

Hoje é o 15 dia da Operação Holocausto, que fraturou as carreiras de quatro bravos policiais federais, que estouraram a rinha de galos Clube Privê Cinco Estrelas. Além de terem prendido entre outros delinqüentes o Sr. Duda Mendonça, a equipe investigava, pelo inquérito Nr. 133/2004, outros criminosos distribuídos por vários pontos do Brasil. A equipe foi desmantelada. O Ministro da Justiça não pode lavar as mãos, como Pôncio Pilatos.

O Delegado Dr. Lorenzo Pompílio da Hora, que já estava isolado, foi finalmente transferido, segundo notícia do Jornal do Brasil de hoje, para a Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários.

"Neste início de ano, o Delegado Rayol ganhou uma sala na Delegacia de Patrimônio", diz o JB. Continua o jornal: "O procurador da República Rodrigo Ramos Poerson pediu informações à polícia. Existe a suspeita de que a equipe esteja sofrendo represálias pela ação contra a rinha de galos."

O jornal afirma que há suspeita. Para nós, do movimento de proteção animal, há certeza.

A reportagem continua: "No lugar de Rayol e Lorenzo, assumiu a DELEMAPH o Delegado Deuler da Rocha Gonçalves Júnior." Surge, então, um déjà vu: "Deuler investigava a privatização do Grupo Telebras, em 1998, quando foi afastado do cargo. ... Na ocasião, a Polícia Federal informou que a saída do delegado do caso era um "ato de rotina".

Que país! Como podemos exigir que os policiais investiguem fatos denunciados, se toda a vez que incomodam um poderoso de plantão são afastados por algum "ato de rotina"? Como podemos esperar que o atual delegado, que já sofreu afastamento anterior, se sinta tranqüilo para levar avante as investigações, se de um momento para o outro pode ser transferido para a Floresta Amazônica?

A reportagem prossegue: "Nas mãos da polícia está agora o desmembramento do caso iniciado pela antiga equipe." Este é justamente o Inquérito de Nr. 133/2004 que mencionamos todo dia.

Se o Delegado Geral da Polícia Federal ou o Delegado Executivo do Rio de Janeiro decidiram remover uma equipe que já estava envolvida numa investigação que interessa sobremaneira às protetoras de animais apenas por um "ato de rotina", data venia, não se trata de ato sensato ou eficiente, de interesse do contribuinte, mas sim voltado para a desmotivação e insucesso de qualquer equipe policial.

Por isso é que muitas investigações não se concluem: quando os policiais se envolvem no trabalho e encostam num amigo do rei, vem um "ato de rotina" e muda a equipe. Os policiais também são brasileiros e agora vejo de perto que devem estar com a auto-estima muito baixa...

Como cobrar motivação deles? Salários baixos, expostos a perigo, sem equipamento de trabalho, constantemente acuados... O Sr. Duda Mendonça vai precisar fazer uma campanha publicitária motivacional especial para eles.

O jornal conclui: "A previsão era que fossem chamadas para depor cerca de cem pessoas encontradas no interior do clube de brigas de galo no dia da ação policial."

Pois é, Senhor Ministro, é o tal Inquérito de Nr. 133/2004 do qual tanto falamos. As ONGs protetoras de animais vão prosseguir com essas mensagens diárias, para ver como vão ser intimadas e interrogadas essas pessoas.

Este vai ser o Ano do Galo.

Ana Maria Pinheiro

Gente, eu amo essa mulher!

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