13.1.05



Caça ao tesouro

O cerumano, como diz a Bia B., é realmente um bípede esquisito; em certas circunstâncias, contenta-se com tão pouco que chega a ser cômico.

Digo isso especificamente em relação à caça aos brindes de qualquer feira, das antigas Comdex de saudosíssima memória a eventos chiques como a Fashion Rio.

Nas Comdex de Las Vegas vi, vezes sem conta, autênticos milionários pagando os maiores micos para conseguir camisetas, bonés e bugigangas diversas; na Fashion Rio, vejo o povo elegante louco para conseguir os troféus da vez.

E, querem saber? É sempre muito divertido!

Me lembro particularmente de uma Comdex em que, para ganhar a camiseta de uma empresa, você tinha que assistir a uma demonstração de software que durava uns 15 minutos, e responder, aos gritos, às perguntas feitas pelos apresentadores. Ao meu lado estava Philippe Kahn, da Borland (que fim terá levado?), que saiu do estande no maior entusiasmo por ter sido um dos contemplados.

Acho que aquela foi a camiseta mais cara que já vi. Não tenho noção do tamanho da fortuna que PK já tinha àquela altura, mas com certeza 15 minutos do seu tempo dariam para comprar todo o estoque de uma loja de camisetas, se não a loja em si mesma.

Na verdade, até 15 minutos do meu tempo já valiam mais do que a tal camiseta. E, no entanto, lá estávamos nós, não só ele e eu, mas quase toda a Comdex, se revezando nas várias sessões de demonstração.

Nos áureos tempos da bolha, a quantidade de quinquilharias que eu trazia para casa era um absurdo. Para que é que eu queria mais uma caneta? Mais um chaveiro? Mais um boné horroroso? Sei lá. Mas lá vinha, na mala, aquela tranqueira toda.

Na Fashion Rio é mesma coisa. Um dos grandes baratos é descolar as camisetas, sacolinhas, bolsas, necessaires e outras coisinhas distribuídas.

Há filas de gente para qualquer brinde. E, por legais que eles sejam, é certo que todas aquelas pessoas já têm "N" itens iguaizinhos àqueles.

Quantas bolsas de praia tenho no armário? Nem sei; mas sei que fiquei toda contente quando ganhei a linda tote bag do Ela (um dos melhores troféus desta FR, até porque vem com o livro da Patrícia Veiga dentro), a sacolinha de pano da Oi e a de plástico branco, com alças compridas, da L'Oreal.

Isso para não falar na bolsa preta que o Gilson Martins fez para a Oi, tão perfeita para andar de bicicleta que alguém da Família Gato ficou com ciúme e fez pipi em cima.

Ugh.

Enfim, a verdade é que, no fundo, somos todos crianças, felizes em ganhar presentes. Tenho pena dos poucos adultos de fato indiferentes aos brinquedinhos: eles não sabem apreciar as pequenas graças da vida.


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