O xis da questão
Excelente artigo do Carlos Affonso sobre o debate a respeito dos modelos de software livre versus proprietário: não deixem de ler, mesmo vocês que acham que este é um assunto chato. Até porque não é, e porque é este tipo de atitude que permite que as piores barbaridades aconteçam na área sem que se diga "A".Quando a sociedade enfim acorda, como felizmente começa a acontecer em alguns lugares, já é tarde.
Aliás, meio de raspão, Carlos Affonso toca num outro ponto importantíssimo, a respeito do qual, sinceramente, eu ainda não tinha pensado a sério: a questão comercial por trás dos transgênicos, ou OMGs. Vejam só:
"Na discussão dos OGMs (organismos geneticamente modificados), por exemplo, que trata do mesmo assunto, ou seja, propriedade intelectual sobre código – no caso, genético –, briga-se a favor ou contra os OGMs e se deixa de lado o grave fato de que um país como o Brasil, um dos líderes mundiais na produção de grãos (e que conquistou essa posição sem utilizar OGMs), possa vir a depender de sementes patenteadas pelo cartel norte-americano de OGMs. Mas são justamente os norte-americanos os grandes concorrentes do Brasil no mercado mundial de grãos. Não consigo imaginar erro estratégico maior do que defender essa dependência.Eu nunca soube que lado tomar na questão dos transgênicos, porque nenhum dos argumentos "científicos" me convenceu até hoje; mas o que o Carlos Affonso diz é muito claro. A partir do momento em que se passem a cultivar apenas transgênicos, estaremos pagando royalties aos EUA até o fim dos tempos, como estamos fazendo atualmente na área do software.
Essa abordagem pouco aparece na discussão dos transgênicos. Parece que tanto os contra quanto os a favor não se incomodam com Monsanto, Aventis, Syngenta etc., mas com o OGM mesmo, e se é para discutir isso, o papo requer um conhecimento que a maioria dos palpiteiros não tem. Eu posso ser a favor de pesquisar e desenvolver certos OGMs no meu país (aliás, quem dos ativistas ou acadêmicos pró-OGMs está se lembrando de fazer a defesa da combalida Embrapa?), mas ser absolutamente contra (como sou) tornar a produção brasileira de grãos dependente de patentes de multinacionais."
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