Capivaras atingem o (merecido) estrelato
Depois de ganhar as páginas dos principais jornais e revistas do país, e de ser eleita a Musa do Verão-Que-Não-Houve, a capivara da Lagoa chegou, finalmente, às telas. Ou, mais precisamente, à tela : na sexta passada, “Capivara!”, o filme, foi apresentado à entusiástica platéia do Cobal Drive-in e aguarda, agora, convites para novas exibições.Sou suspeita para falar. Não tenho nenhum envolvimento com a produção, até o dia da estréia nem conhecia os diretores, mas minha admiração confessa pela capivara pesa contra a imparcialidade de qualquer avaliação que eu possa fazer. Ainda assim, ouso afirmar que o curta -— de Felipe Sussekind e Felipe Nepomuceno — é um filminho engraçado, simpático, muito original.
Os dois Felipes, donos da pequena produtora ZR1, já fizeram juntos, há dois anos, “Brachtelles arachnoides”, um documentário sobre espécies raras da Mata Atlântica. E dedicam-se, no momento, a pesquisas para um terceiro filme, sobre os famosos jacarés urbanos da Zona Oeste.
Nepomuceno, de 29 anos, é o cineasta da dupla. Sua filmografia inclui, entre inúmeros outros, os documentários “Vila Mimoza”, sobre a tradicional zona de prostituição, a Zona propriamente dita, e “Mais um dia de calor no Rio”, montado a partir de recortes de jornais. Já Sussekind, de 30 anos, artista gráfico e fotógrafo, documenta a curiosa fauna urbana carioca e os diversos ecossistemas da região.
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O ponto alto do filme é, lógico, a capivara em si. Os Felipes conseguiram filmar a fêmea num ótimo dia. Ela não quis gravar entrevista, mas nadou, rolou na lama e posou para a câmera, arrancando risos e aplausos do público da Cobal. O macho aparece apenas de relance, num recorte do GLOBO. Me gusta pelo discretito.
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A festa é ótima e gratuita. Na primeira edição, que foi ao ar no último fim de semana de janeiro, os cineastas apresentaram curtas sobre futebol, música e o cotidiano carioca em geral; a segunda, realizada no último fim de semana, foi mais eclética, com 20 filmes nacionais e estrangeiros, do badalado “O jogo de Geri”, de Jan Pinkaya (Pixar), ao experimental “Ação da Interioridade”, de Roberto Berliner, de um minuto. Perto dele, “Capivara!” é uma superprodução.
Vocês não vão ver grandes anúncios do Cobal Drive-in, que é um evento alternativo e independente, mas fiquem atentos. Este cineminha esperto é a cara do Rio -— quer dizer, a maior diversão.
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(O Globo, Segundo Caderno, 25.3.2004)
Um comentário:
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