25.6.02



Queimando em público

Quem chama a atenção para esta notícia é o Slashdot: serão inaugurados em setembro, na Austrália, quiosques para queimar CDs. O fato foi divulgado com tons sensacionalistas pelo Herald Sun (tipo "Pirataria legalizada!"), mas este é, obviamente, um caso a ser observado.

O funcionamento das máquinas, que poderão ser encontradas em locais públicos, como shoppings e cibercafés, foi autorizado pela Australian Mechanical Copyright Owners Society, a associação local de defesa de direitos autorais, através de um acordo que prevê o pagamento de uma percentagem não divulgada sobre o preço de cada CD queimado. Não se sabe ainda, porém, o que a ARIA (a correspondente australiana da infame RIAA) tem a dizer a respeito do assunto, já que seu presidente está viajando e não foi localizado pelo jornal.

Eu, pessoalmente, acho que os australianos estão cobertos de razão. Para início de conversa, a cópia de CDs é uma atividade perfeitamente legal. Quem diz que todo CD é de música? Quem diz que todo CD de música deve, obrigatoriamente, direitos às RIAs da vida? Finalmente, quem diz que, ainda que o CD seja de música, e que uma das RIAs da vida detenha direitos sobre ele, eu não posso copiá-lo?

Quando eu ainda tinha CD player no carro (bons tempos aqueles, em que nós, cariocas, podíamos ter CD players nos carros!) não sei quantas vezes me levaram discos que nunca mais consegui repor; mas, naquele tempo, eu ainda não tinha queimador de CD em casa. Hoje, se eu ainda tivesse player, não ia um CD original pro carro.

A verdade é que os quiosques australianos são uma ótima idéia, sob todos os aspectos, já que vão pôr ao alcance dos usuários recursos que, hoje, só se encontram nas máquinas mais modernas. Em outras palavras, eles são mais uma forma de popularização da tecnologia. E isso é bom.

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