A rivalidade entre os fãs do iPad da Apple e os do Samsung Galaxy Tab, como a que havia entre usuários de Macs e PCs, periga virar mais um clássico das torcidas tecnológicas, com os dois lados louvando os seus aparelhos e desfazendo dos demais. Agora mesmo um dos argumentos mais utilizados pela torcida do iPad contra o Galaxy Tab é uma suposta falta de aplicativos – isso porque a Appstore tem mais de 300 mil deles à disposição do freguês, contra “apenas” 100 mil oferecidos pelo Android Market...
Ora, esses são números perfeitamente ridículos. É óbvio que ninguém jamais terá tempo sequer para ler os nomes desses programas todos, quem dirá usá-los. A maioria é lixo; a maioria da minoria que não é lixo tem utilidade limitada, como, digamos, a tabela de horários do transporte coletivo em Seul.
Um usuário dos mais empolgados pode ter, quem sabe, entre 60 e 100 aplicativos no smartphone ou no tablet -- mas quantos usará de fato? Dez? Uma dúzia? O importante, para variar, não é a quantidade, mas a qualidade – e, entre os cem mil e tantos aplicativos Android que podem ser usados no Galaxy há aplicativo bom para dar e vender. Conforme prometi semana passada, aqui está a lista dos meus favoritos. Vários são os mesmos do iPad:
Mídias sociais: Tanto o Twitter quanto o Facebook têm aplicativos próprios para o Android, e ambos funcionam muito bem. Uma alternativa que tem muitos apreciadores é o Tweetdeck.
Leitura: Ler livros é atividade mais confortável no Galaxy Tab do que no iPad. A Samsung sabe disso e dotou o aparelho de um link direto para a Livraria Cultura, um leitor de ebooks e uma excelente seleção de links que apontam para coleções de livros em domínio público e para os projetos Brasiliana e Gutemberg. Apesar disso, vale a pena baixar o Kindle, da Amazon, que na versão Android vem incrementado com uma banca de jornais e revistas.
Notícias: Gosto muito do Pulse, agregador de notícias e de posts de amigos no Facebook; para saber o que está acontecendo e para ver a previsão do tempo, o Google News bate um bolão. O Reader’s Hub, que já vem instalado no parelho, reúne o agregador da PressDisplay, o leitor de ebooks Kobo e a banca Zinio, que fornece revistas do mundo todo.
Trabalho: Como o GalaxyTab é útil inda brincando, há diversas opções sérias no seu cardápio de programas. Não vivo sem o Documents to Go, que permite a criação, visualização e edição de documentos do Office, e merece os US$ 15 pedidos para a versão completa. Já o Evernote é, no Galaxy, o mesmo prodígio que é no iPad e no PC: uma aplicação de nuvem, na qual podemos juntar e indexar notas de texto, voz e imagem, e que deixa o material ao alcance da mão a partir de qualquer aparelho, de qualquer plataforma, ao qual tenhamos acesso.
Utilitários: Nessa categoria, meu favorito disparado é o Advanced Task Killer. Explico: o Android é um sistema multitarefa, e muitas vezes a gente esquece programas abertos. Eles consomem energia e tornam o desempenho da máquina mais lento. Entra em cena o nosso utilitário, apresenta uma lista do que está rodando, permite que se escolha o que se quer fechar, e voilá!, felicidade completa. Também gosto do Worldmate, que uso desde os tempos do Palm, e que é uma mão na roda em viagens. Por falar em Palm, a notícia para quem sente saudades de escrever à mão no seu tablet é que há uma versão do Grafitti para Android. Ela funciona às mil maravilhas. Fiquei espantada ao descobrir que, assim como andar de bicicleta, usar Grafitti a gente não esquece nunca.
Browsers: O browser do Galaxy Tab é ótimo, mas há dois concorrentes fora de série à disposição do usuário: o Dolphin, em que se pode abrir múltiplos tabs, e o Skyfire, rápido e cheio de bossas interessantes. Experimentem!
Jogos: Sim, esta é uma indiscutível vantagem do Galaxy sobre o iPad, cuja Appstore sonega joguinhos aos usuários brasileiros. O Tab está cheio deles, muitos gratuitos – é só escolher. Estou num momento Angry Birds, mas às vezes jogo Jewels para distrair. Também sou vítima do viciante Ant Smasher, em que a graça é esmagar formigas, evitando as picadas letais das vespas. De todos os aplicativos que baixei para o Galaxy, por sinal, este foi o único que permaneceu com as proporções de um celular, deixando margens à sua volta – mas isso não atrapalha em nada a brincadeira.
Isso é só a ponta do iceberg. Há mundos nos nossos tablets – vamos a eles!
(O Globo, Economia, 25.12.2010)
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