6.11.10

Nunca houve tempo igual

Escrevi este pequeno ensaio sobre os últimos cinquenta anos para o livro "50 anos construindo o futuro", publicado por ocasião dos 50 anos da CBS-Previdência:


As geladeiras eram importadas e os ventiladores um perigo para as crianças, com suas pás de metal desprotegidas. Comia-se manteiga sem culpa no café da manhã, almoçava-se em casa, jantava-se lautamente. Fotógrafos ganhavam a vida fazendo 3 x 4 na praça ou surpreendendo casais e famílias que passeavam na rua: os instantâneos ficavam prontos rapidinho, em menos de uma semana. As contas eram pagas em dinheiro vivo. O correio trazia cartas e telegramas. As cartas aéreas eram escritas em papel fino, para não ficarem pesadas e, por conseguinte, caras. Os comunicados fúnebres chegavam em envelopes com tarjas pretas, que lhes davam gravidade e os destacavam do resto da  correspondência. A televisão era um aparelho de luxo, que apresentava programação local por algumas horas – e, mesmo assim, em pouquíssimos estados. Para o grande público, as notícias vinham pelo rádio e pelos jornais, que traziam informações de todo o tipo, das grandes manchetes ao resultado dos concursos públicos. O noticiário em imagens garantia a circulação das revistas semanais e a popularidade dos cine jornais, projetados nas sessões de cinema antes dos longa-metragens. Mães zelosas guardavam revistas para os trabalhos escolares dos filhos e, em toda casa com um mínimo de recursos,  coleções de livros de referência para jovens tinham destaque nas estantes. Havia ótimo mercado para as enciclopédias, vendidas de porta em porta, em suaves prestações mensais. A palavra “tecnologia”, apesar de inventada em 1829, não fazia parte do vocabulário geral.

(Continua AQUI)

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