30.9.09

Ainda agora, me ajudando




Ontem o Irineu não se escondeu nem um instante. Passou o dia entre o seu posto de observação habitual, inspecionando a vista, e a bancada da cozinha.

Vanessa, que é apaixonada por ele (e plenamente correspondida), mimou-o de tudo o que é jeito. Assim, conseguiu que traçasse uma lata de AD inteirinha.

Ele está melhor, mas ainda fraquinho e bem jururu.

Bandeiras comestíveis!



Campanha para um festival gastronômico: muito bem bolada!

29.9.09

Tsk, tsk, tsk...

Eu sou mesmo uma criatura perdida no tempo e no espaço: ontem foi aniversário da Manoela, a minha sobrinha querida que mora looooooooooonge!

Uma desculpa esfarrapada: Ma, como eu ainda não fui dormir, para mim, hoje ainda é ontem.

Portanto...

Parabéns, muitas felicidades!


Aproveite bem o dia, a semana e a vida toda, que apesar de uns perrengues aqui e ali é boa e bonita.

Beijos e muito carinho dessa tia tonta e esquecida.

Tatuís farristas

 

Detalhe das super camisetinhas geek:



Já estão dando voltinhas por aí -- e dormem que é uma beleza!

Só choram quando voltam para casa...
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28.9.09

Está um pouco melhor...

 

Irineu continua escondidinho, caído e sem muito apetite, mas aos poucos melhora. Não consegue comer nada em pedaços, mas já traçou quase toda a lata de AD, mais caldinhos e carne moída.

Hoje saiu do seu canto, foi até a cozinha e está bem atento ao que acontece na casa.

Os remédios, pelo visto, estão fazendo efeito; para não falar na torcida e no carinho dos amigos, que agradecemos de coração.
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A festa de Babette

Na quinta passada, depois da inauguração do Fest-Rio, Jeanne Moreau foi jantar no restaurante de Roberta Sudbrack. Quem estava na sala viu a eterna musa do cinema francês, seus acompanhantes e as flores que enfeitavam a mesa; ouviu trechos de conversa, o tilintar de copos e talheres (tilintam eles, pois não?), a música suave. E, mais importante, comeu as delícias servidas. Mas quem estava em casa, brincando no Twitter, teve a experiência também excepcional de acompanhar ao vivo as emoções de uma chef cinéfila cozinhando para um monstro sagrado.

Roberta, que têm alma de contadora de histórias, carregou para a cozinha do RS toda a sua turma do Twitter. Posta no papel, a aventura perde um pouco da graça porque lhe falta o suspense do tempo real; mas vejam que ótima reportagem tuitou a Chef, entre um prato e outro:

Daqui a pouco vou para a concentração... a noite hoje promete ser emocionante... transmitiremos ao vivo... aguardem notícias!

Direto da cozinha... esperando alguém muito especial...

Daqui a pouco receberemos uma visita antológica para a história do RS...

Senhoras e Senhores... Jeanne Moreau na mesa do RS!

Muita, muita emoção!

Começando a servir Jeanne Moreau... pas de menu... ela quis ir no confiance! Mon Dieu...

É por essas e outras que eu amo os franceses.

Acaba de sair o aspargo branco em caramelo picante!

De Jeanne,

“Eu jamais comi um aspargo assim... acho que vamos morrer! Assim que acabar, claro!”

Saiu o lagostim em lâminas de chuchu e leite de amendoim! Viva o chuchu! Le chayotte! Viva o Brasil!

Estamos muito emocionados e muito pilhados!!!

Eu nunca tomei droga nenhuma, sou careta, careta... mas a cozinha me leva ao delírio!!!

Tá lindo... Jeanne come tudo e limpa o prato com pãozinho da casa...

Saindo a codorna com escarola defumada e polenta de licuri!!! O licuri para o mundo!!!

Jeanne Moreau comendo a polenta de licuri de colher como se fosse danoninho! Demais, demais, demais.

Gargalhadas ecoam no salão e Ella canta I only have eyes for you... lindo!

Voltamos no tempo e estamos nos sentindo da equipe do Escofier em plena Place Vendôme...

Agora To canta o samba de Maria Luiza para Jeanne Moreau e nós preparamos a sobremesa...

Momento de stress... sempre acontece...

Chef furiosa... pequeno atraso... não pode!

E a casa tá cheia no andar de baixo... mas não tem desculpa, não pode desconcentrar 1 minuto...

Assando o canelone de maçã para Moreau na hora...

O prato de Jeanne Moreau chegou na área de lavagem... limpo! A gente ama essa mulher!

Sobremesa pronta para sair... tem cerimonial!

Saiu o canelone de maça e farinha de pistache trés chaud!

Saindo o petit fours para Madame Moreau...

Jeanne Moreau deixa o RS ao som de sem vc meu amor eu não sou ninguém na linda voz de Paula Morelenbaum

A gente ama muito tudo isso... exaustos de emoção. Obrigada por nos aguentarem... bjs!


Enquanto a Roberta tuitava para os amigos, os amigos tuitavam de volta (para @robertasudbrack). A intrometida aqui, querendo ensinar padre a rezar missa, recomendou (como se fosse preciso!) que não deixasse de caprichar no brigadeiro de colher. Ela me respondeu já de casa:

Ela comeu um brigadeiro de colher quando estava saindo, Cora! Lindo, lindo... emocionante essa noite... Tô um caco!


Ah, sim: entre o primeiro tuite e o último passaram-se cerca de oito horas. Muita adrenalina na cozinha, e muita diversão no computador.


(O Globo, Revista Digital, 28.9.2009)

27.9.09



As notícias sobre o Irineu, infelizmente, não são boas.

O resultado de um novo exame de sangue feito no sábado confirmou a suspeita do Allexc: ele é portador de FeLV, o vírus da leucemia felina.

Esta doença, que destrói os mecanismos de defesa do organismo, não tem cura nem tratamento; o que se pode tratar são as infecções secundárias que vêm no seu rastro, e fazer o possível para reforçar as defesas do bichinho.

É isso que nós estamos fazendo agora: o Irineu está tomando um protetor hepático e um antibiótico para debelar a infecção. Amanhã, começa a tomar Interferon, que pode melhorar a sua resistência.

Nesse momento está aqui em cima da escrivaninha, me fazendo companhia.

Está caidinho, perdeu peso e praticamente não tem apetite, mas felizmente gostou de A/D, uma ração super-calórica e, entre ontem e hoje, com alguma insistência da minha parte, comeu meia latinha. Também tomou um pouco de caldo de carne, e aquele molho que vem nos sachês de Whiskas.

O clima da casa está péssimo, como vocês podem imaginar. Os outros estão sérios e sorumbáticos, e o pior é que nem consigo disfarçar para alegrá-los -- como se fosse possível tapear um gato!

Não sei o que dizer a vocês; ainda estou tentando descobrir o que dizer a mim mesma.

26.9.09

Continua caidinho...

 

Está com um princípio de hepatite e umas ziguiziras estranhas.

Já está medicado (e odiando ser medicado), mas está sem apetite e sem vontade de brincar.

Felizmente deu esse solzinho hoje que ele gosta, e que só pode fazer bem, né?
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Nunca vi tanto papel!

Comecei a escrever sobre o mundo da tecnologia da informação em 1987, quando ele ainda nem atendia por esse nome. Dizíamos apenas “informática”, e o termo englobava tudo, até visões opostas do que estava em jogo. Para a maioria, informática era a definição de um universo habitado por nerds e máquinas, inenarravelmente chato; para a minoria que habitava o tal universo, era uma coleção de maravilhas e de possibilidades que mudariam o mundo. O tempo se encarregou de mostrar que estávamos certos. E embora a idéia do que é ou não é chato seja altamente subjetiva, o fato é que mesmo quem não suportava (e ainda não suporta) computadores, hoje tem uma vida mais divertida graças ao que se cozinhava naquele caldeirão.

O que ninguém poderia ter imaginado, porém, era quanto e como o mundo mudaria.

Era impossível, na época, prever o impacto planetário da internet. Por outro lado, muitos estavam convencidos de que caminhávamos, a passos largos, para uma sociedade sem papel. Teríamos pequenos computadores de bolso, extensões dos desktops de casa, que usaríamos para carregar nossos dados, fazer anotações e mesmo pagar as contas via IFRD (infravermelho) com aparelhos universalmente espalhados pelo comércio. Adeus dinheiro de papel, recibos, papelada! O Palm foi, até certo ponto, a materialização dessa idéia, mas nunca tomou o lugar dos cartões de crédito. Os celulares, que vieram correndo por fora, começam agora a apontar nessa direção.

Todas as necessidades de comunicação, leitura e arquivamento se resolveriam eletrônicamente. Na sociedade sem papel, as escrivaninhas seriam tão limpas que dariam aflição: nada de livros, bloquinhos, revistas, calhamaços diversos. Pessoalmente, eu não levava a menor fé nessa visão. Comungava do credo oposto – até porque nunca antes, na história desse planeta, se vira tanto papel. Bastava ver o tamanho dos manuais publicados a cada nova versão de software. Além disso, como os manuais eram invariavelmente ruins, os updates davam filhotes nas livrarias, onde sólidos tomos de centenas de páginas tentavam explicar o que os engenheiros de software não conseguiam.

Ao mesmo tempo, a popularização dos computadores trouxe, na sua esteira, a disseminação das impressoras. Criava-se, aí, um cenário de calamidade, que unia a facilidade de produzir toda a espécie de, vá lá, “conteúdo” -- de trabalhos escolares a planilhas e memorandos -- à inédita possibilidade de reproduzi-lo ao infinito. Cansei de ver executivos que começavam o dia de trabalho lendo os emails... caprichosamente impressos pelas secretárias. E cansei, eu mesma, de guardar longos estudos e processos, que imprimia para ler na condução entre a minha casa e o jornal.

Fomos salvos da lenta morte por asfixia em montanhas de impressos pelo custo impraticável dos cartuchos de tinta. Estou certa de que, um dia, a humanidade saberá reconhecer este inestimável serviço prestado pelos fabricantes de impressoras.

Parte do mérito cabe também às telas, que aumentaram de resolução, tamanho, visibilidade. Um LCD com 20 polegadas, como o que eu uso e que já não é nada demais, oferece indiscutivelmente uma leitura mais confortável do que os velhos monitores de fósforo verde de 10 polegadas (alguém se lembra?). As próprias telinhas dos Blackberries e dos celulares já dão para o gasto. Tai uma tecnologia que evolui com velocidade muito superior à dos e-papers, diversos tipos de papel eletrônico que há tempos vêm sendo pesquisados. Neles, em tese, poderiam circular jornais e revistas, mas estou entre os que acham seu futuro mais certo na área dos cartazes e displays.

O Kindle e outros leitores -- cujos primeiros antepassados vieram ao mundo, sem sucesso, no início dos anos 90 -- prometem remover parte das montanhas de papel que ainda nos circundam. São o suporte perfeito para livros de referência e manuais que precisam de atualização, e para livros de leitura rápida como a maioria dos best-sellers; mas não conseguirão substituir edições caprichadas das obras que amamos, livros de arte ou, no outro extremo, livros de bolso baratinhos. Ou alguém se arriscaria a levar um Kindle para a praia?


(O Globo, Prosa e Verso, 26.9.2009)

25.9.09

Tatuís na Vó

 

 

 


Hoje foi um dia movimentado aqui em casa. O Allexc veio ver o Irineu, que não está passando bem, e os Tatuís trouxeram a Bia e a d. Marlene para uma visitinha.

Não cresceram, esses dois?

Há um álbum com mais fotos AQUI.
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Não está bem não, coitado...




24.9.09

Olha como esta isso!




Um equilíbrio delicado



Quando descobri Thrity Umrigar, perto do Natal de 2006, ela já estava no alto da lista de mais vendidos, com um romance excepcional chamado “A distância entre nós”. Curiosamente, o livro vendeu mais no Brasil do que nos Estados Unidos, onde foi lançado, e arrisco o palpite de que isso se deve ao universo doméstico indiano, mais próximo de nós do que dos norte-americanos. As personagens principais são Sera e Bhima, patroa e empregada, e embora o mundo em que vivam seja infinitamente mais cruel e esmagador do que qualquer cenário contemporâneo brasileiro, o convívio entre as duas nos é familiar. Isso confere ao romance um nível de realismo e de credibilidade que talvez escape aos leitores de um país onde, há tempos, mesmo os mais abastados têm que se virar sozinhos.

* * *

Já pensei nisso bastante porque, durante anos, um dos meus melhores amigos foi um americano muito, muito rico, que morava numa casa digna de capa de revista de arquitetura. No Brasil, teria no mínimo duas empregadas e um jardineiro; lá, tinha uma faxineira que vinha duas vezes por semana e um jardineiro que aparecia quando necessário. Nunca entendi esse arranjo, que deixava uma carga gigantesca de serviço nas suas costas. Um dia, perguntei por que não contratava pelo menos uma empregada fixa, já que dinheiro não faltava. Ele me respondeu com outra pergunta:

-- Como é que vou viver com alguém dentro de casa?

Reação compreensível para quem preza a sua solidão, mas ali havia espaço suficiente para que pelo menos meia dúzia de pessoas convivessem sem se encontrar nunca.

-- Eu não sei como lidar com uma empregada que viva em casa, não tenho a menor idéia de como espera ser tratada, -- explicou. -- Quando alguém vem fazer um trabalho fixo é diferente, a relação é apenas comercial.

A situação se repetia nas casas de todos os seus conhecidos. À primeira vista, parecia sinal de grande desenvolvimento: ninguém precisava mais trabalhar para ninguém naquele oceano de prosperidade. Os ricos que se virassem, cozinhassem suas próprias refeições e lavassem seus próprios banheiros. A verdade, como sempre, era mais complexa. A faxineira mexicana tirava um dinheiro bom no fim do mês, mas me contou que preferiria mil vezes trabalhar fixo numa casa só. Poderia dividir as tarefas com mais calma ao longo da semana em vez de se esfalfar feito louca todos os dias. Economizaria aluguel, eletricidade, telefone, alimentação e combustível. Não precisaria acordar tão cedo para atravessar o engarrafamento. Moraria melhor. Teria de lidar com um só patrão, em vez de lidar com cinco ou seis. Estava certa, claro.

O fato é que, com o tempo, acabei com pena daqueles milionários que, com tanto dinheiro, não tinham sequer o conforto singelo que nós temos de acordar e não precisar fazer a cama. Fiquei imaginando uma espécie de agência de empregadas que funcionasse também na mão inversa, ensinando aos patrões como tratar as empregadas, e, ao mesmo tempo, aproximando pessoas compatíveis. Foi a única idéia de negócios que jamais tive, com exceção da óbvia livraria em Paris, sonho de dez entre dez pessoas que, como eu, amam livros e amam Paris e, aos 20 anos, não têm dinheiro nem para uma coisa nem para a outra.

* * *

Na semana passada, fui jantar com Thrity Umrigar, que veio ao Rio para a Bienal. É uma pessoa adorável. Inteligente, perspicaz, com um senso de humor maravilhoso e um olhar agudo para os pontos incongruentes da vida. Esqueçam as indianas de sári da novela; ela não usa jóias nem maquiagem, e veste-se como a jornalista que é. Thrity nasceu em Bombaim, onde viveu até os 21 anos. Depois, mudou-se de vez para os Estados Unidos. Mora em Cleveland, Ohio – e, embora eu nunca tenha estado em Bombaim, estive em Cleveland, e garanto que é difícil imaginar duas cidades mais diferentes. Considerando a presença constante da Índia nos seus livros e o seu olhar crítico em relação à sociedade americana, imaginei que sofreria do banzo mais incurável; pois errei.

-- Aqui no Rio, porém, está me acontecendo uma coisa estranha: tenho sentido uma saudade enorme de Bombaim! As duas cidades não são parecidas, mas têm alguma coisa misteriosa em comum, um jeito de ser, o mar, o gosto das frutas. Você vai ver. Quando estiver na Índia e for a Bombaim, vai morrer de saudade do Rio.

Apesar disso, distante do conceito bizarro dos BRIC que o noticiário nos martela sem parar, ficou perplexa quando leitores que lhe pediam autógrafos apontavam supostas semelhanças entre o Brasil e a Índia. Entendo bem. Eu teria caído das pernas se em Shanghai, por exemplo, alguém comentasse comigo como a China e o Brasil se parecem.

Seu novo livro, “O tamanho do céu” (Nova Fronteira, 380 páginas, tradução de Paulo Andrade Lemos), gira, justamente, em torno de diferenças, quase sempre insuperáveis – culturais, sociais, emocionais. De um lado a Índia, de outro um casal americano que quer curar, longe de casa, a dor da perda do filho; de um lado um vilarejo pobre parado no tempo, de outro a insensibilidade da globalização; de um lado empregados, de outro patrões. Acima de tudo, de um lado um homem, de outro uma mulher. Entre os dois, a impossibilidade da comunicação e um menino indiano.

“A distância entre nós” continua sendo, para mim, a obra-prima de Thrity Umrigar. “O tamanho do céu” é mais floreado e menos sutil. Mas não há como negar que a moça com quem passei umas horas tão divertidas sabe como contar uma história.


(O Globo, Segundo Caderno, 24.09.2009)

23.9.09

Sumi não...

É que estou toda enrolada aqui com um texto; daqui a pouco apareço.

Para complicar, o Irineu não quer papo. Perdeu uns pelinhos no cangote e perto da orelha por reação alérgica, e está odiando de tal maneira a pomada que cortou relações comigo, por tê-lo lambuzado com aquilo.

* suspiro *

21.9.09

Procura-se, urgente!

Amiga que está indo à loucura com a atual ajudante, procura, com urgência, empregada para serviços gerais, que não durma no emprego mas more perto da Zona Sul. Quem tiver alguma indicação pode deixar aqui mesmo na caixa de comentários.

DJ Leo no GNT

Agora, às 19hs, dando depoimento em programa sobre pessoas que têm medo de médicos.

Irineu, contrariado com a chuva

Pensata: Serão os blogs uma espécie em extinção?


Muita informação em pouco espaço: uma espécie de tuite primitivo

As várias formas de comunicação oferecidas pela internet são elementos em constante mutação. Esses elementos se sobrepõem uns aos outros e até convivem durante um bom tempo, mas a evolução natural do meio faz com que, aos poucos, a "paisagem" da rede se transforme.

O email, por exemplo, já é uma ferramenta no mínimo gasta, para não dizer ultrapassada. Vai desaparecer? Duvido, mas será cada vez menos relevante. Foi ferido de morte pelo spam e por gente que insiste em passar adiante qualquer sandice que recebe.

Parte considerável do movimento dos blogs tem migrado para as redes sociais, sobretudo o Facebook, que não tem a "amarra" de 140 caracteres do Twitter, permite comentários, brincadeiras e a inserção, na mesma página, de imagens e videos.

Pensando bem, o Facebook nada mais é do que um gigantesco blog, escrito simultaneamente a milhões de mãos.

O Twitter, por sua vez, definido como microblog, está mais para quadro de avisos, de onde se apontam os textos, filmes e fotos que chamaram a atenção dos usuários. Um lugar de passagem, imbatível para informações curtas e rápidas.

Um não anula o outro, pelo contrário: no Twitter a gente dá um alô apressado, no Facebook a gente senta para conversar.

O crescimento das redes, porém, vem sendo apontado como o fim dos blogs. Ainda que não concorde inteiramente com essa previsão, não tenho dúvidas de que, com a popularização do Twitter, do Facebook, do Flickr e de tantas ferramentas semelhantes, os blogs mudarão de estilo e de jeito de ser.

É provável que passem a funcionar como bases complementares das redes sociais ou, eventualmente, repositórios do "conjunto de obra" dos seus autores. Passarão, cada vez mais, a exercer o papel que antes cabia aos websites pessoais, que consultamos para saber com quem estamos falando.

Manter um blog complexo, com posts diários e caixas postais movimentadas, é uma trabalheira insana; manter um blog assim e, ao mesmo tempo, ter presença notável nas redes sociais, chega às raias da impossibilidade física.

Twitter e Facebook oferecem, em relação aos blogs, a vantagem do tempo parcial. Não são ocupações que tomam as 24 horas do dia e são, ainda assim, formidáveis canais de comunicação, capazes de atingir um número substancialmente maior de leitores.

Para quem está acostumado a acompanhar um ou outro blog e a trocar idéias com os demais habitués dos comentários, a mudança será sentida num primeiro momento, à medida em que o movimento das caixas de comentários for migrando para o Twitter, o Facebook ou o que mais vier. Logo, em vez dos pequenos blogtequins com meia dúzia de especialidades, eles também passarão a frequentar o grande Lamas virtual, um vasto espaço onde todo mundo se encontra e onde o cardápio é o mais variado possível.


(O Globo, Revista Digital, 21.09.2009)

OBS - Sim, vocês já leram algo parecido aqui no blog. Este texto é uma variante de um post que escrevi há algumas semanas.

Tango à indiana



A.R. Rahman, pra quem não se lembra, é o compositor que levou dois Oscars pela trilha sonora e melhor canção original por "Slumdog Millionaire". São dele, em geral, as trilhas dos filmes mais bem produzidos de Bollywood.

Este tango é material promocional de "Passage", um curta-metragem de Shekhar Kapoor, o diretor de "Elizabeth, The Golden Age". Clicando AQUI, vocês encontram mais material sobre o filme, todas as músicas (em áudio) e, sobretudo, um excelente texto de Kapoor sobre Rahman e o Oscar (em inglês).

Essencialmente, ele lembra que Rahman é genial há tempos, que a Índia inteira sabia disso, mas só o elevou às devidas alturas quando ele ganhou o Oscar -- sendo que Slumdog sequer é o seu melhor trabalho (no que concordo em gênero, número e grau).

Eu diria que a gente conhece bem essa história, né?

Tem uma gata aí...




20.9.09

Emergência felina!



Ontem (sábado) fui jantar com meu marido e, antes disso, passei no condomínio Novo Leblon para alimentar uns gatinhos que vivem ali. Aí vi que, simplesmente, alguém havia abandonado uma gatinha siamesa, com toda as suas coisinhas (ração, terrinha, potinhos, casinha, etc.) perto do local onde os gatinhos ficam. Amarraram com uma fita plástica o pescoço da gata na grade de ferro que separa os condomínios e ela ficou ali quietinha.

Quando passei por lá já eram umas 22h e o segurança do condomínio disse que viu uma senhora, por volta das 16h, colocando a gata ali, mas não fez nada. Quando cheguei a gatinha estava toda molhada de xixi. Ficamos com muita pena e resolvi trazê-la para casa, pois o segurança disse que o máximo que podia fazer era levá-la para a Suipa.

Conclusão: ela está no banheiro do quartinho de empregada, para não se misturar com meus gatos, mas não tenho como ficar com ela. Minha casa está em obras, pois acabei de me mudar e os pedreiros usam o banheiro do quartinho durante o dia. Não posso ter contato com ela, porque estou grávida e não sei se ela tem alguma doença, como toxoplamose, por exemplo. Só trouxe ela para casa porque meu marido estava comigo na hora que a achamos. Porém, segunda-feira nossa vida volta ao normal: eu dou aula na faculdade o dia inteiro. Não tenho nem tempo de levá-la ao vet.

Peço, por favor, que divulguem essa gatinha, pois preciso de um lar temporário, com urgência. Se tiver que dar alguma ajuda de custo para a pessoa que vai ficar com ela, eu dou. Não tem problema algum. Ela é muito dócil e devia ser gata de apartamento, pois em nenhum momento tentou fugir ou correr.

Obrigada, de coração!

Fernanda Lacombe

:-)



Fábio e Funguinho adoram este berço que balança sozinho...

18.9.09

Endless Summer


(Foto Bidu)

Três surfistas pegaram as suas pranchas, deram adeus ao trânsito e aos tiroteios e foram atrás de uma onda maior, mais comprida, perfeita.

Embrenharam-se pela Costa Rica.

Uns swells faltaram ao encontro, mas eles viveram uma linda aventura.

O relato da viagem está AQUI.

Funghi, na Bia




Resumão do Twitter

  • Gatos e trabalho não combinam. Como é que a gente pode se concentrar no trabalho disputando o teclado com um gato?!

  • RT @ElGabo: ¿Y qué? ¿Acaso pasaron los tiempos del cólera?

  • Eu entendo o desespero dessa mulher! O chip Oi 31 anos falava de graça de Oi pra Oi em fim de semana por 31 anos.

  • Os 31 anos do chip Oi 31 anos estão hoje em 25 anos. Alguns estão à venda por aí. Não comprem, é roubada: o chip é intransferível.

  • Delicioso blog -- em português -- sobre a Hungria.

  • RT @ashokbanker: An apple a day keeps the doctor away. For lawyers, throw a watermelon.

  • Vai de taxi? Tem o preço da corrida aqui (via @magrassi)

  • O mundo é um ovo. E de codorna.

  • O retorno de Susan Boyle, a diva redonda! Dá-lhes, Susan!!!

  • Tá. E agora chega de falar bobagem e vamos nos dedicar a coisas sérias -- como a nova edição do Guinness Book!
  • 17.9.09

    SOS Felinos & Caninos convida para jantar beneficente

    Onde: Refeitório Orgânico, na Rua 19 de Fevereiro 120, em Botafogo

    Quando: Sábado, dia 19 de setembro, a partir das 18h30

    Quanto: Buffet liberado por apenas R$ 22

    Haverá mercadorias à venda, e parte da renda será revertida para os bichinhos amparados pelo projeto.

    Por favor, tragam doações: rações (gatos ou cães, adultos ou filhotes), latinhas tipo whiskas, remédios (flotril ou similar, vermífugos, doxy, vitaminas, etc.), caminhas, bolsas ou caixas de transporte, toalhas, jornais.

    Qualquer doação será bem recebida!

    Se você não puder ir ao jantar, ou se preferir fazer a sua doação de casa, pode usar o PagSeguro (veja na homepage do site, em www.sosfelinos.org.br ou fazer depósito no Itaú, ag. 0407, cc 28564-2, em nome de Roseli Acosta Bastos.

    O projeto mantém cerca de cem animais, prepara-os para adoção, cuida de castrações, e atende a outros tantos na comunidade.

    A sua ajuda é muito importante!

    (Maiores informações com a Roseli: cel. (21) 9962-1526)

    Adeus, Mary.





    Canção do exílio








    “Acabo de ler sua coluna de hoje, sobre Budapeste, e vupt, sento ao computador para me comunicar com esta autêntica alma gêmea de tribo, tão rara no meu universo. Também sou filha e neta e tudo o mais de húngaros. Sou a primeira criatura da família a nascer fora de lá, as far as I know.

    Mas não foi só isso que me comoveu. Tenho vários amigos húngaros. O que me soou incrivelmente familiar foi a sua descrição da cidade. Cresci no mesmo caldo cultural em que se falava de Budapeste com esta aura magnífica que introjetei em cada célula minha.

    A família do meu pai era proprietária de um dos 22 jornais que você menciona. Só os três filhos vieram para o Brasil em 38, 40 e 46 respectivamente. Meu avô materno era arquiteto bem sucedido. Veio com a mulher e as duas filhas três meses antes da guerra estourar, por precaução. Com o firme propósito de voltar. A casa que deixaram ainda está lá, em bairro elegante, subdividida em duas.

    Eram pessoas que viveram esse período culturalmente rico da cidade, que tinham ótimo padrão de vida e viajavam com frequência. E chegaram num país ainda muito atrasado. Foram expulsos do Paraíso.

    Uma amiga psicanalista, Ana Verônica Mautner, aliás, também húngara, me ensinou uma coisa que faz muito sentido. A classe social que mais sofre na imigração é justamente essa à qual pertenciam nossos familiares. Os mais ricos sempre tem ligações com o poder -- bancos, embaixadas, políticos de prestígio -- que lhes dão alguma acolhida. É uma rede internacional. Os mais pobres saem da penúria e sempre têm a esperança da melhora, o que de fato acaba acontecendo.

    Mas o grande patrimônio da burguesia intelectualizada não é transportável. Conhecemos as pessoas certas, os lugares certos, colégios, livrarias, bairros, médicos, artistas. E somos conhecidos. Quando imigramos, perdemos nossa identidade de maneira dramática.

    Fui a primeira vez para a Hungria em 1963. Tinha 18 anos. A "minha" Hungria de casa era essa Paris de que você fala. Frequentei o escotismo húngaro, desde os nove anos de idade, onde conheci a "outra" Hungria: alegre, musical, com um folclore rico e exuberante. Sabia cantar mais canções folclóricas do que provavelmente qualquer morador de lá, tinha até traje típico com o qual dançava nas apresentações do grupo. Eu era uma criatura bizarra, que lá se foi, toda pimpona, conhecer aquele país maravilhoso.

    Amiga, foi um baque. Fiquei hospedada em casa de parentes e conheci de perto a dureza da realidade comunista. Não vi alegria nenhuma, vi uma cidade ainda destruída pela guerra, muito cinza e triste, e não conheci uma única pessoa que não fosse desconfiada, grosseira e infeliz. Entrei em depressão.

    É claro que eu sabia o que estava acontecendo. Mandávamos sempre pacotes com roupas e dinheiro. Mas não dava para imaginar a diferença entre o país de sonhos e fantasias e o que eu visitava.

    Alguns anos se passaram até que eu fosse capaz de compreender o sentimento de perda que envolvia meus avós. Meu avô era um homem muito habilidoso, enriqueceu de novo. Tinha um padrão razoável de vida e voltou a viajar bastante para o exterior. Mas havia uma tristeza por trás dos olhos de ambos que só passei a entender mais adulta quando, infelizmente, eles já haviam morrido. Morreram cedo, é claro.

    Meu pai, que era uma espécie de dandy intelectual -- se formou em direito, trabalhava no jornal do pai, era bonito e namorador -- veio para cá com 26 anos de idade. Lá, suponho que era uma promessa. Aqui, foi um imigrante simpático, aprendeu a língua muito bem e tentou se virar profissionalmente como pode. Mas estava fora de seu script.

    Sempre me senti estranha, nem isso nem aquilo. Quando comecei a ler seu texto ouvi um pouco dos ecos de mim mesma.

    Já voltei a Budapeste depois da abertura e me reconciliei com a cidade. Ela é linda e encantadora. Minha comida de alma é a comida húngara, e gosto até hoje das músicas folclóricas, embora raramente as ouça. Quando cantava para meus filhos bebes, cantava em húngaro. Minha primeira neta sabe duas dessas canções infantis.

    Mas, não é curioso?, a húngara que eu sou não tem território. A Hungria que continua viva foi muito alterada pelo domínio russo. A própria língua se vulgarizou. E jamais consegui ser brasileira de corpo e alma por causa das células ensandecidas que pensam que vivem no começo do século 20 far far away. Nem isso, nem aquilo.

    Conheci seu pai rapidamente em 1964. Eu estudava no Rio, no Bennet, e um paquera que era poeta português me levou à sua casa. Só me lembro que era muito simpático. Quem sabe um dia nos conhecemos pessoalmente?

    Um abraço enorme,

    Edith Elek”

    * * *


    Eu tinha que mostrar essa carta para vocês. Quando a gente escreve em jornal, às vezes acontece isso: um leitor senta ao computador, como quem não quer nada, e vupt, prova por A + B que pode dominar o ofício tão bem, ou melhor, do que quem o exerce.

    Foi muito emocionante para mim encontrar, no que a Edith escreveu, o reflexo de tantos sentimentos que conheço. O choque que ela viveu em 63, ao comparar realidade e fantasia, eu vivi em 77; como ela, eu também já voltei à Budapeste dos novos tempos, onde, apesar das paisagens afinal familiares, não encontrei a cidade que sabia.

    Talvez a grande diferença entre nós seja que as minhas células européias se concentraram todas à flor da pele, essa casca branquela que não bronzeia nem por decreto. Quanto à parte de dentro, é cem por cento carioca -- ou quase isso. Às vezes, muito de vez em quando, bate uma coisa assim aqui do lado que dói vagamente; mas eu não lhe faço caso, e ela passa tão rápido quanto veio.


    (O Globo, Segundo Caderno, 17.09.2009)

    16.9.09



    Resumão do Twitter



  • Tá esperando encomenda da amazon.com? Esquece. Sindicato confirma início de greve dos Correios no Rio http://migre.me/751Q (via @g1)

  • Para quem só pensa nisso: excelente lista de blogueiros de comida que usam o Twitter. Em inglês. http://bit.ly/7lOcu

  • Sempre que ouço notícias sobre perrengues automobilísticos me sinto tão livre e feliz por não ter carro! Iuhuuuu!!!

  • Tenho nojo de Renan Calheiros.

  • A espanhola que teve gêmeos com 66 anos morreu e deixou as crianças órfãs. Prêmio Darwin é pouco para essa cretina. http://bit.ly/DCxnu

  • Às vezes me sinto um ET. Não consigo entender o auê em torno do novo livro do Dan Brown. É sempre mais do mesmo...

  • Demorou: Dan Brown's The Lost Symbol falls into the hands of pirates http://bit.ly/6f6Hj (via @guardianbooks)

  • Caiu a censura ao Estadao! (http://www.estadao.com.br) (via @ainbinder)

  • Esquece. Continua a censura ao Estadão: publicaram alarme falso. O juiz é que foi afastado. #fail

  • RT @Cardoso: Ladrão imbecil sai c $3500 mas antes usa PC da vítima pra entrar no Facebook http://migre.me/754l // Depois falam do Twitter.
  • Precinho camarada: quero dois!



    O Submarino anuncia monitores de LCD de 20" pela módica quantia de R$ 99.999,99. Uma pechincha!

    (Por enquanto, o link tá aqui)

    15.9.09

    Arte se faz com qualquer coisa e de qualquer jeito



    O nome da garota é Kseniya Simonova, e ela foi uma das participantes da versão ucraniana do mesmo programa que revelou a Susan Boyle.

    Não canso de me espantar como tem gente talentosa no mundo.

    Resumão do Twitter

  • Todos sempre se queixam d q jornais só dão más notícias; a normalidade, porém, é o oposto da notícia. Twitter de hj é prova disso #boring

  • I live in the home of six generous cats that allow me the use of the office, the DVD room and even their own bedroom.

  • RT @LeoJaime Tem gente que te lê no twitter para odiar bem de pertinho.

  • Pense no Postulado Número 1 de Millôr Fernandes: Não se amplia a voz dos imbecis.

  • Amanhã Hoje, se não chover, tem feirinha de adoção de animais em Copacabana, na Pça Cardeal Arcoverde, das 10h às 16h.

  • Quer tirar satisfação com os senadores? A cáfila está toda aqui: http://bit.ly/IA64T

  • RT @leoamato: RT @marcelotas: Lista com e-mail dos Deputados: quem é contra e a favor da censura na internet http://bit.ly/AY3PV

  • Para mim, nenhum telefone em que não se possa trocar a bateria não é um smartphone.

  • RT @marioamaya: a pessoa não é feia. ela está mal iluminada.

  • Jantei com Thrity Umrigar, a autora de "A distância entre nós". Gostei muito dela: simpática, sem frescura, com grande senso de humor.


    O Twitter, vocês sabem, é um grande chat. Fico com uma janelinha aberta enquanto trablho e de vez em quando mando alguma idéia ou respondo a alguém. Hoje foi mais ou menos isso aí.

    Para ajudar a decodificar a coisa: RT significa retuitar, ou seja, passar adiante algo interessante que alguém disse; todos os nomes de pesoas que estão no Twitter vêm precedidos de @, para que virem links; # seguido de uma palavra é um tag, e quer dizer que aquele é um tema recorrente.

    Às vezes encontram-se dois ou mais RTs seguidos no mesmo tuite (caso da dica do Marcelo Tas, por exemplo). Por que? Porque a gente leu o que está passando adiante já passado adiante por outrem. Não é indispensável, mas é de bom tom.
  • 14.9.09

    iPhone 3GS e Nokia N97




    Pouco tempo depois do lançamento do N95 tive, em Manaus, uma rápida conversa com Olli-Pekka Kallasvuo. Uma das perguntas que lhe fiz dizia respeito, justamente, àquele aparelho:

    -- E agora? Como é que vocês vão fazer um celular melhor do que esse?

    O CEO da Nokia deu uma discreta risada. Não se esqueçam que ele é finlandês; se fosse italiano, tinha dado uma gargalhada. Conseguir fazer o melhor celular do momento é o sonho de todos os fabricantes, e ele tinha, consequentemente, todos os motivos para estar feliz. Tinha também bons motivos de preocupação, porque a excelência cria um nível de expectativa muito alto no mercado.

    Olli-Pekka olhou o telefone que levava, virou-o um pouco para um lado e para o outro e observou que o N95 podia, talvez, ficar um pouco mais fino, um pouco mais rápido e, eventualmente, ter maior vida de bateria. Nas variações seguintes, o N95 ficou de fato mais rápido, e ganhou uma traseira vagamente modificada para incorporar uma bateria maior e mais duradoura. Torná-lo mais fino era só um sonho, não uma possibilidade.

    Acho que a Nokia ainda está por apresentar sucessor à altura do que é, para mim, o melhor celular jamais fabricado. O N96 foi uma decepção. Mas na semana passada chegou ao Brasil, afinal, o N97. Conheci-o no lançamento, em São Paulo, e, à primeira vista, fiquei muito bem impressionada. É possível que venha a ser o aparelho que vai aposentar o meu N95; mas isso só vou saber depois de conhecê-lo melhor.

    Ao contrário dos antecessores, que abrem na vertical, ele é um slide lateral. Na parte de baixo, tem um excelente teclado qwerty, mas a tela touch-screen permite que se trabalhe com ele também fechado. A câmera me pareceu muito boa. Espero escrever em breve a seu respeito com mais conhecimento de causa.

    Até lá, o que posso dizer é que a pergunta que mais me tem sido feita – Nokia N97 ou iPhone 3GS? – não tem resposta. Os dois são animais nitidamente distintos, feitos para públicos e necessidades diferentes. O N97, como o N95 antes dele, é, de fato, um smartphone; o iPhone, com todo o hype, não é -- embora seja, disparado, a melhor ferramenta de bolso de acesso à internet. Repito que não testei nenhum dos dois, mas é óbvio que a escolha entre esses aparelhos é, no fundo, uma questão pessoal, que só pode ser respondida individualmente.


    (O Globo, Revista Digital, 14.9.2009)

    13.9.09

    Hoje, na Bienal do livro

    Bate-papo com a Fal Azevedo e a Clarah Averbuck, com a vossa blogueira de mediadora.

    É às 19h30 no "Mulher e Ponto" e, adianto, o título -- Blog é Livro? -- não foi escolhido por mim: blog é blog e livro é livro, e se a gente fosse se guiar por aí este seria o debate mais curto do ano.

    Mas título de palestra, felizmente, é só uma desculpa para a gente falar de mil coisas, especialmente quando a companhia é tão boa.

    Apareçam!

    10.9.09

    Lar doce lar




    Diazinho feio, sô!




    Os livros e a novela



    Filha e neta de refugiados húngaros, cresci ouvindo histórias de Budapeste, da sua vida artística, de seus teatros, seus cabarés, seus incontáveis intelectuais que frequentavam os cafés como extensões da própria casa. Lá encontravam os amigos, liam os jornais e trocavam idéias sobre um mundo que, infelizmente, ia de mal em pior. Ainda assim, mesmo nas lembranças mais sombrias, era possível perceber o fulgor de uma cidade cosmopolita e sofisticada, uma espécie de Paris para iniciados, para onde convergiam todos os talentos.

    Encontrar essa cidade extraordinária nas referências “oficiais” ao Império Austro-Húngaro, como filmes e livros, porém, sempre foi mais difícil. Viena, a outra capital, invariavelmente rouba os louros de Budapeste e, por mais que isso encha de ciúmes o coração magiar, é compreensível. Além de ser maior e mais importante, lá fala-se alemão, bem mais conhecido e acessível do que o impenetrável idioma que, em casa, sempre me pareceu tão comum.

    Viena é, também, consideravelmente mais antiga do que Budapeste, que só passou a existir a partir de 1872, com a fusão das cidades de Buda e Pest. Mas essa relativa juventude era, como propõe o historiador John Lukacs (não confundir com o filósofo marxista Georg Lukacs, que sequer era seu parente), o que distinguia a capital da Hungria na virada do século. Viena entrava em decadência no momento exato em que Budapeste fervia. E se as lembranças dos velhos imigrantes são matéria fugidia e impressionista, os dados registrados mostram-se sólidos argumentos. É a partir deles que este Lukacs menos conhecido constrói “Budapeste 1900” (Editora José Olympio, 308 páginas, tradução de Ana Luiza Dantas).

    Um só desses dados, por sinal, é suficiente para dar idéia do que era aquela cidade em desenfreado crescimento: em 1900, publicavam-se, em Budapeste, nada menos de 22 jornais diários! É um número inacreditável, ainda mais nos nossos tempos, em que o futuro dos jornais vive em discussão.

    Quem lia tanta notícia? (Como jornalista, não posso deixar de fazer a outra pergunta: quem escrevia tanta notícia?) A verdade é que ali havia toda uma nação descobrindo-se a si mesma, procurando as suas raízes culturais mais profundas, atrás da sua literatura e da sua música, às voltas com as várias refrações visuais de si mesma. Havia (e ainda há) muito o que encontrar. Apesar de duas guerras e da ocupação russa, Budapeste continua única; seus edifícios, seu jeito de ser, os cheiros que vêm dos restaurantes, os sons da rua em que o barulho dos bondes sublinha a fala das pessoas.

    Os anos dourados que Lukacs foi buscar, na esperança de resgatar a memória da cidade abafada pelos anos de comunismo e, sobretudo, pelo mito criado em torno da Viena da Belle Époque, duraram muito pouco. A amável e criativa convivência entre a aristocracia urbana, os ricos proprietários de terras e a burguesia em ascendência foi tragada pelo torvelinho de um nacionalismo malsão que pôs tudo a perder.

    Hoje, no Brasil, ecos da velha Hungria podem ser encontrados nuns raros livros em português, como “O companheiro de viagem”, de Gyula Krúdy, ou o pequeno e encantador “O poste de vapor”, de Ferenc Molnár. Ambos foram traduzidos por Paulo Schiller para a Cosacnaify, que também publicou, de Molnár, “Os meninos da rua Paulo”, na tradução do meu Pai. Mas eles são apenas isso, distantes sinais de um país que, então, talvez se imaginasse melhor do que era. Quando chegamos a Sandor Marai, um dos meus escritores favoritos, já não há uma nota de otimismo. Toda a sua admirável literatura é o retrato de um tempo atormentado, onde não há margens para dias melhores.

    John Lukacs estava na lista de escritores esperados para a Bienal e cheguei a ser sondada para um bate-papo com ele, mas, por algum motivo, cancelou a viagem. Pena, porque teria sido interessante conversar com alguém que, como eu, guarda na memória uma cidade que não viveu. É difícil enquadrar seu “Budapeste 1900” numa categoria específica; o livro mistura em doses mais ou menos iguais memória e história política, estudo demográfico, ensaio urbanístico. O que eu sei é que, se o título já não tivesse sido usado, “Fragmentos de um discurso amoroso” cairia, nele, como uma luva.

    * * *

    Vou ficar com saudades de “Caminho das Índias”. Não costumo assistir televisão por incompatibilidade de horário e porque já passo muito mais tempo do que devia diante de uma tela, mas ao longo do último mês fui fisgada pela trama de Glória Perez. Discordo de quem faz objeções à incongruência dos fusos horários entre Brasil e Índia, à facilidade com que os personagens vêm e vão entre continentes e outros detalhes de cunho prático. Desde quando história é para ter lógica? Se for assim, podemos começar implicando, de cara, com uma certa serpente falante que, um dia, convenceu uma moça a comer maçã. A novela teve dinâmica, suspense, elenco de primeira e direção de arte impecável. É kitsch? Claro que é, mas minimalismo tem hora. Rajastão e Bauhaus são antônimos. Com licença da Patrícia Kogut, dou nota dez para “Caminho das Índias” pelo conjunto da obra.

    Também vou ficar com saudades da parceria com o Noblat, com quem troquei impressões tuiteiras da novela em tempo real. Foi divertidíssimo usar o Twitter para eliminar a distância entre o Rio e Brasília, e assistirmos televisão do mesmo sofá.


    (O Globo, Segundo Caderno, 10.09.2009)

    7.9.09

    Cena final de Caminho das Índias









    Pois lá fui eu, em pleno feriado, xeretar a gravação da cena final de "Caminho das Índias", em que o casamento de Tarso e Tonia é celebrado na Estudandina.

    No Palco Maria Bethânia apresentou-se, em grande estilo, a dona do palco.

    Último capítulo é último capítulo, com direito a todas as comemorações.

    Sou amiga de muita gente dessa novela, e para mim foi um barato participar da festa. Tiro o chapéu para a turma que grava na Estudantina, onde faz um calor que nem vos conto.

    Garçons circulavam com taças de champagne que, para minha felicidade, era Sprite: enchi a cara.

    O clima era, de fato, de alegria e emoção. Terminar a gravação de uma novela deve dar um misto de alívio e saudade em todo mundo; e Bethânia, que não perdeu um capítulo de "Caminho das Índias", estava radiante por entrar na história.

    Até eu acabei caindo na dança, e fiquei pulando entre as minhas amigas Cissa Guimarães e Beth Goffman.

    Subi as fotos que fiz pro Picasa. Não estão grande coisa: por melhor que seja o N95, não há celular que possa contra os refletores de uma filmagem. Para quem quiser ver, o link está aqui.

    Joguinho

    Ontem, por acaso, me lembrei da primeira frase de "Cem anos de solidão", de Gabriel Garcia Marques:
    "Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo."
    Gosto tanto disso que sei de cor. Macondo virou um lugar de verdade na minha geografia sentimental: volta e meia, em algum canto da Amazônia, imagino que estará logo ali, depois daquelas árvores.

    Uma coisa puxa a outra, e fui lembrando de outros começos marcantes:
    "Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso."
    Ou:
    "Alguém certamente havia caluniado Josef K., pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum."
    Não, não era boa coisa acordar num romance de Kafka, como se vê.

    Há os começos de que só me lembro em outras línguas -- "Call me Ishmael", de Moby Dick, por exemplo, porque nunca "pegou" em português; e "Longtemps, je me suis couché de bonne heure", que, embora tenha ótima tradução em português, ficou assim para sempre para mim, porque li Proust pela primeira vez em francês.

    Para não falar na grande palavra mágica da literatura brasileira, seis simples letras que nos abrem as portas de um dos mais extraordinários livros jamais escritos:
    Nonada.
    Nada podia ser mais radicalmente diferente de um dos começos mais famosos da literatura ocidental, a bem dizer a maquete da catedral que Dickens apresenta em seguida, na "História de duas cidades". Mesmo quem nunca sequer teve esse livro em mãos lemnbra do seu começo, ou de partes dele:
    "It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of Light, it was the season of Darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair" (“Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos, foi a idade da razão, foi a idade da loucura, foi o tempo de acreditar, foi o tempo da descrença, foi a época da Luz, foi a época das Trevas, foi a primavera da esperança, foi o inverno do desespero."

    Pensei então em fazermos um jogo. Hoje é feriado, deve chover, pode sobrar tempo. Quais são os começos de romances favoritos de vocês? Não é necessário que a um começo favorito siga-se um romance extraordinário...

    E aí, topam?

    7 de setembro



    Até que ficou bonitinho.

    O link é este.

    Chernobyl Heart



    O tempo passa e a gente vai esquecendo. Mas eles lá, coitados, são obrigados a se lembrar todos os dias, diante das conseqüências.

    A manutenção do sarcófago que protege o reator é inexistente.

    Há uma frase terrível no filme:

    -- O próximo Chernobyl pode ser Chernobyl.