
“Ou você tuíta ou você feicebuca”
Quando foi a última vez em que você ouviu falar do Second Life? Pois é: a killer app que ia mudar radicalmente a forma como usamos a rede teve os seus 15 meses de fama e swish!, sumiu no limbo das idéias perdidas. Em compensação, não se passa um dia sem que o Twitter ou o Facebook não sejam alvo de reportagens, discussões e infinitos posts... no Twitter e no Facebook. Os dois são os darlings da web e, a meu ver, têm tudo para durar bem mais do que o Second Life, que era engraçadinho, mas não tinha nenhuma utilidade real, nem supria qualquer necessidade que já não fosse atendida, e melhor, por outras redes sociais. Isso para não falar do grave pecado original de usar muuuuita banda e, logo, de não funcionar bem com a maioria das conexões.O sucesso do Twitter e do Facebook deve-se a uma série de fatores, sendo o principal, provavelmente, a sua interface “trançada”, em que as falas de todos cruzam-se na mesma tela. Entretanto, apesar dessa semelhança essencial, os dois têm “vocações” distintas. O Twitter é, essencialmente, uma ferramenta de informação, ideal para uso em aparelhos móveis, como ficou provado durante os atentados terroristas de Mumbai: nenhum veículo publicou nada na velocidade com que os usuários do Twitter divulgaram os acontecimentos. O tamanho máximo para uma mensagem é de
O Facebook também é, em última análise, um blog coletivo. Mas embora possa ser considerado, igualmente, uma ferramenta de informação, a sua vocação óbvia é para o lazer, e para trocas de figurinhas com os amigos. As mensagens tem qualquer tamanho, podem-se inserir fotos, vídeos e gráficos à vontade, e há mil brincadeirinhas disponíveis, de ótimos games online a “presentes” que se mandam aos amigos (imagens de flores, jóias e o que mais se quiser, desenhinhos de drinks, corações coloridos), passando por toda sorte de testes bobos e irresistíveis (“Que música dos Beatles você é?”, “Mais carioca ou mais paulista?”, “Hippie ou patricinha?”).
Evidentemente, rola muita informação pelo Facebook, assim como rola muito papo pelo Twitter; as águas estão misturadas, até pela novidade da coisa. Ninguém pode prever a evolução de uma rede social, mas o ideal seria que, aos poucos, Twitter e Facebook ficassem mais focados nos seus diferentes perfis. Ter duas excelentes ferramentas e vê-las como duplicatas uma da outra é contraproducente, até porque, como bem observou o filósofo Riq Freire, “Ou você tuíta ou você feicebuca”. Na falta de dias de 48 horas, ter tempo para as duas coisas é mais ou menos impossível.
Ah, sim -- Até agora, quem fez a melhor definição das principais redes sociais foi o bernardok, de São Paulo: “No orkut todo mundo é pobre. No facebook todo mundo é rico. No flickr todo mundo é cool. No twitter todo mundo é inteligente.”
(O Globo, Revista Digital, 6.4.2009)
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