TUDO nesse protesto foi errado, da hora escolhida, que é exatamente a de maior movimento, ao banner, escrito em inglês. A língua oficial do Brasil ainda é português, e não faltam bons tradutores ao redor do mundo para traduzir o recado a líderes mundiais que porventura se interessem em saber o que é.
Como algo me diz que os líderes mundiais estão pouco se importando com recados pendurados na ponte Rio-Niterói, a única coisa que o Greenpeace conseguiu, infelizmente, foi angariar antipatias. E por justa causa: vai ser difícil convencer quem estava naquele engarrafamento de que ele merece respeito.
Isso é extremamente contraproducente, porque afeta não só a credibilidade do Greenpeace como a de todos nós que nos preocupamos com o meio-ambiente: uma besteira dessas dá munição de sobra para quem acha que somos eco-chatos, eco-xiitas ou outros termos do mesmo calibre.
Hoje, no GreenBlog, há um post sobre o assunto. Está AQUI. E, sinto dizer, ficou pior a emenda do que o soneto.
"A atividade do Greenpeace na Ponte Rio-Niterói escancarou um dos principais problemas de todo grande centro urbano do país, que é a falta de um transporte público de qualidade. Cidadãos são praticamente incentivados a ter veículos particulares para poderem circular por aí, entupindo as ruas e avenidas, provocando acidentes, engarrafamentos e poluição do ar. O problema atinge a todos, democraticamente. É o “direito de ir e vir” baseado no transporte individual, consumista e poluente.
O episódio também revela que os brasileiros ainda não acordaram para a crise climática que vivemos. Não perceberam que estamos ficando sem tempo nem escolha para conseguirmos evitar os piores impactos das mudanças climáticas, que provocarão situações infinitamente mais drásticas e problemáticas do que um engarrafamento numa manhã de quarta-feira."
Tenho a impressão de que ninguém precisa do Greenpeace para escancarar o que já está arrombado: quem é que não sabe que não temos transporte público no Brasil, e que o trânsito é um inferno?!
Ao mesmo tempo, é muita pretensão achar que "os brasileiros" ainda não acordaram para a crise climática. Boa parte d'"Os brasileiros" acordou sim, mas tem que trabalhar e não pode se dar ao luxo de brincar de rappel na hora do rush.
Um pouco de humildade não faz mal a ninguém.
Pedir desculpas à população pelos transtornos causados também não.
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