1.2.08

A quantas ando

Um dia, ainda no começo dessa história toda de joelho, a Olivinha me ligou:

-- E aí, como tem andado?

-- Péssima pergunta. Dou mais uma chance.

Ela, já às gargalhadas:

-- Como vai? Como vamos indo? Como caminham as coisas?

Fechamos num simples e discreto "E aí?", que não compromete ninguém. Mas agora quem quiser já pode me perguntar, sim, como tenho andado.

Em resumo, assim:

Dentro de casa, já quase não uso mais as muletas (que volta e meia insisto em chamar de lunetas, vá entender!). É lógico que ando mancando e que não fico zanzando pra cá e pra lá, mas aquele percurso básico sala - quarto - banheiro - cozinha já tiro de letra.

A Flávia e a Bianca, minhas fisioterapeutas, insistem para que eu me esforce, agora, em dobrar o joelho esquerdo quando ando, para não desenvolver um vício de caminhada que, em fisioterapia, chama-se "marcha antálgica".

Mas marcha antálgica, como o nome diz, é um jeito de andar que evita a dor; e eu lá quero andar de forma álgica?!

Eu hein.

Já na rua a coisa muda. Percursos maiores ainda são em cadeira de rodas, porque o que me falta não é tanto a capacidade de andar, como a de me manter de pé, sem dor, por mais de uns dez, quinze minutos. Quando os trechos a percorrer são pequenos (caso do Shopping da Gávea no cinema de ontem) vou de muleta -- aí a minha autonomia, digamos assim, mais que dobra, já que boa parte do peso é deslocada para os braços ou, como acho preferível, o braço.

Andar com uma muleta só me dá mais segurança porque fico com uma mão livre para o que der e vier, me apoiar num corrimão, numa parede, essas coisas.

A experiência do cinema foi menos pior do que eu imaginava, mas da próxima vez vou numa daquelas salas que têm espreguiçadeiras; por mais que eu tenha mudado bastante a perna de posição, o joelho ficou meio ressentido.

Hoje estou quieta, de pata pra cima, caprichando no gelo.

Mas não há dúvidas de que já fiz grandes progressos.

Em suma: estou indo... :-)

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