10.8.07

Resposta à Lu
(dos comentários)

Lu, você, e quem mais quiser, tem, obviamente, plena liberdade de ser petista. E eu tenho (por enquanto) plena liberdade de achar que quem ainda defende o petismo e o Lula perdeu completamente o senso crítico.

Não tenho mais como discutir política com qualquer resquício de seriedade com gente para quem o PT e o Lula são dogmas intocáveis.

Acho patética a defesa habitual -- "a zelite não engole um trabalhador na presidência". Isso é de um primarismo assustador, até porque Lula já não era "trabalhador", no sentido demagógico da palavra, há décadas.

O que eu realmente não engulo na presidência (e em todos os níveis de governo) é o desperdício do dinheiro público, a corrupção, a falta de vontade de realizar as mudanças de que o país tanto precisa.

Não engolia com Sarney, Collor, Itamar e FhC, e continuo não engolindo com Lula. Roubo é roubo, não tem ideologia que perdoe.

Agora, o que eu detesto particularmente neste governo (entre tantas outras coisas) é a propaganda enganosa: um partido que sempre que se vendeu como o último reduto da moralidade batendo todos os recordes de corrupção anteriores, que já não eram pequenos.

Até eu, que nunca votei no Lula, e que achava que o PT faria um péssimo governo por falta de capacidade administrativa, jamais teria imaginado que, no poder, o PT roubaria tanto, e seria tão imoral, quanto qualquer PFL da vida.

Com a diferença que o PFL não se acha o sal da terra, a tal ponto que mudou de nome, já que de atitude não muda mesmo.

Voltando ao caso específico do Lula, o que me incomoda nele não é o fato de ter origens humildes. Isso a maioria de nós tem, no Brasil. O Millôr, órfão aos dez anos, chegou a dormir na rua. Eu mesma sou filha de imigrantes que chegaram com uma mão na frente outra atrás, fugidos do nazismo, e aqui tiveram que recomeçar a vida do zero. O Serra, que o PT tanto demoniza, é filho de feirante.

O que me faz desprezar o Lula (entre tantas outras coisas, como a covardia e a cara de pau de dizer que não sabe de nada) é a sua completa falta de curiosidade, a sua falta de vontade de aprender.

Se eu tivesse tido a sorte que ele teve, de ser sustentado por outros durante 30 anos, eu também não teria ido para uma universidade, porque acho estudos formais muito chatos. Mas teria aprendido mais línguas, teria lido mais livros, teria visto todos os filmes... enfim, teria feito o possível para me tornar uma pessoa mais rica, não na acepção dele, mas na minha.

Ao contrário do Lula, tive que trabalhar a vida inteira, e vou ter que trabalhar até morrer. O que eu ganho é o que me sustenta. Não tenho economias, não tenho ações, não tenho imóveis além do meu apartamento. Consegui criar dois filhos maravilhosos, ambos trabalhadores. Nenhum é um gênio reconhecido pela Telemar, nenhum conseguiu dinheiro suficiente para garantir o futuro da família pelas próximas dez gerações, mas me orgulho imensamente de ambos.

Sabe como é, eu sou antiga: ainda acho que a honestidade realmente não tem preço.

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