16.12.05



Mais um esqueleto no armário

Escreve o Daniel Sasaki, autor do ótimo "Pouso Forçado":
Em entrevista à Folha de ontem, o vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, disse que "há um sentimento nacional em relação à Varig. (...) A Varig foi a companhia que primeiramente começou a voar para Nova York, Tóquio, Londres, Frankfurt, Roma e Paris". Esqueceu-se o senhor ministro que foi a então gigante Panair do Brasil -- essa sim, venerada e celebrada em prosa e verso -- que abriu as primeiras linhas internacionais para o país, em 1946. Esqueceu-se também que em ato ilegal e autoritário, o governo militar cassou sem aviso prévio ou direito de defesa as concessões da Panair em 1965, transferindo-as para a Varig, então coadjuvante no palco da aviação comercial brasileira, que, convenientemente, como já estivesse avisada, assumiu no mesmo dia as rotas européias daquela companhia. Esqueceu-se, por fim, o vice-presidente do fato mais curioso nessa história toda: em cinco dias, o governo decretou a falência da Panair sem que houvesse qualquer título protestado, débito vencido ou atraso nos salários dos empregados. Coisas da História que caem no esquecimento. Triste.
"Pouso Forçado", publicado pela Editora Record, é a história da Panair, e de como ela foi friamente pilhada e assassinada pelos militares.

A Varig nasceu deste assassinato. O "pioneiro" Ruben Berta, de acordo com o livro de Sasaki, teve pouco de pioneiro e muito de bucaneiro.

Vivendo e aprendendo.

E eu, que amo tanto a Varig...

* suspiro *

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