Segredos de uma minissérie
Quando "Mad Maria" for ao ar, vocês vão ver uma cena chocante: num dado momento, os chineses voltam para o acampamento trazendo um trabalhador e uma capivara mortos.O trabalhador é um figurante que morreu de mentirinha, está vivo e bem e faturou uma diária legal; já a capivara, coitadinha, morreu de verdade.
Veio congelada de São Paulo, de uma fazenda onde se criam capivaras para abate (!).
Graças a Deus essa cena foi filmada na semana passada e fui poupada de ver a falecida; afinal, o fato de ser criada em fazenda não a torna menos capivara ou menos digna de viver sua pacífica vidinha de roedora.
O resto de assado da foto, porém, é falso como uma nota de três.
Vocês também vão ver os personagens de Fábio Assunção e Ana Paulo Arósio mergulhados em tonéis de banha, engordurados até a raiz dos cabelos, mas não precisam ficar com nojo. A "banha" era manteiga de Karité, um creme cheirosinho e ótimo para hidratar a pele.
Como faz um espanhol morto que está de olho aberto para não parecer um espanhol vivo? Fácil: ele fica olhando fixo para um objeto, no caso um pedacinho de carvão, perfeitamente integrado à paisagem. A técnica serve para falsos-mortos dequalquer nacionalidade, em qualquer produção.
Não subo a foto porque, a essa altura, acho que ninguém aguenta mais ouvir falar nos espanhóis mortos, né?
O índio Joe Caripuna, que tem um papel importante na história, não é um ator se fazendo de índio mas, ao contrário, um índio se fazendo de ator -- e se saindo muito bem. Ele foi escolhido através de testes e "importado" diretamente de Manaus.
No romance do Márcio Souza, os jovens enfermeiros ingleses recém-chegados mantém a pose e continuam se vestindo à maneira européia. Se vocês acham que Marcelo Serrado e André Frateschi contaram com algum moderníssimo truque de figurino para suportar o calor debaixo daquela roupa toda, esqueçam.
O figurino deles é WYSIWYG (*): jaleco de manga comprida sobre camisa de manga comprida sobre camiseta de manga comprida...
Ah, o que não se faz pela arte!
(*) WYSIWYG: antiga abreviatura de tecnologia, para What You See Is What You Get. Usava-se na época em que, normalmente, o monitor mostrava uma coisa e o que saía na impressora era outra. É difícil imaginar, hoje, a emoção que essas sete letras causavam nos usuários. Pronuncia-se uíziuig.
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