Quando saiu o primeiro iPhone, fiquei muito impressionada com o look do aparelho. Ele era, de fato, um dos celulares mais bonitos que eu já tinha visto. Achei interessante a filosofia do touch screen e a interface linda, mas nada além disso. O aparelho não me ganhou – qualquer smartphone da época fazia mais e melhor.
Ele me serviu como mini tablet de acesso à internet durante uns tempos, e hoje vive conectado a uma caixa Bose fazendo o papel de som da sala. Os dois seguintes, o 3G e o 3GS, foram máquinas mais robustas, mas continuaram, para mim, no papel secundário de aparelhinhos web. Motivos principais: prefiro teclados físicos, gosto de multitasking e preciso de uma boa câmera no celular.
Pois o novo iPhone 4, que uso há uma semana, começa a ganhar espaço no meu coração. É verdade que não tem teclado físico, e que o seu multitasking – a capacidade de realizar diferentes tarefas ao mesmo tempo – é meio seletivo, mas a câmera é ótima (e faz fotos em HDR!), o processador é rápido e a tela é a melhor que já vi, ponto.
No começo estranhei o novo desenho, mas hoje acho até mais funcional (se não mais bonito) que o anterior – escorrega menos.
Gostei muito da possibilidade de arrumar os ícones por pastas, e da “inteligência” com que ele automaticamente nomeia as pastas; e gostei mais ainda que permita ao usuário mudar os nomes tão inteligentemente encontrados. O player é ótimo, como sempre, e a qualidade do telefone, como tal, me pareceu melhor.
A famosa questão da antena, que tanta celeuma causou na época do seu lançamento, é real. Dependendo de como se segura o celular, o sinal diminui e, em alguns casos, vai embora de todo. No começo achei que fosse problema da Vivo; depois, para tirar a dúvida, comprei uma capa – e o problema acabou. Esbarramos, portanto, numa falha séria, e no paradoxo que é ter um lindo objeto de design que precisa, necessariamente, ser coberto com uma capa. Francamente.
Ainda tenho algumas restrições ao iPhone para adotá-lo como aparelho único. Acho que faz muita falta um botão físico para a câmera; o disparador via touchscreen é uma solução meia-sola que mais atrapalha do que resolve, sobretudo quando se quer segurar o aparelho com firmeza.
Outra falha séria: a dependência do iTunes que, cá entre nós, é uma bomba. Não dá para admitir que um aparelho sofisticado como o iPhone 4 não possa funcionar como um simples apendice USB, como faz qualquer xingling de dez real.
A falta do Flash também é complicada, e significa que a gente não consegue ver uma quantidade de coisas na web, assim como a falta do DivX, que torna quase todos os meus filminhos inúteis no iPhone. Faltam também atalhos rápidos para ligar e desligar o Bluetooth, o wi-fi e o 3G. Há aplicativos que realizam essas funções, mas não tem graça gastar uma pequena fortuna no estado da arte da telefonia móvel e ter que sair pelas quebradas procurando apps que resolvam coisas que em smartphones mais antigos já foram resolvidas a contento há muito tempo.
Vale a pena comprar o iPhone 4? Para os fãs do iPhone, essa é uma pergunta ociosa. Vale, com certeza: com todas as suas falhas, ele é bem melhor do que o seu antecessor. Para quem quer celular para se divertir, vale também. Para quem precisa pensar em produtividade e trabalho sério, porém, o melhor ainda é ir a uma loja e dar uma boa comparada entre os muitos smartphones à venda. Não custa lembrar que você e seu celular vão conviver, intensamente, durante um bom tempo.
(O Globo, Revista Digital, 4.10.2010)
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