(O Lucas mandou este ótimo link; é o "Nós na fita", com Leandro Hassum e Marcius Mlehem. Muito bom!)
Darwin
Se você soubesse que lá do outro lado do mundo há uma montanha com mais de 8 mil metros de altura, e que mais de um quarto (27%!) dos que tentam a escalada ficam por lá mesmo, congelados, espatifados ou soterrados por avalanches, o que você faria?a) Raspava as economias, comprava uma passagem no primeiro avião e ia correndo enfrentar o desafio;
b) Ficaria interessadíssimo, compraria uma penca de livros sobre o assunto, entraria em fóruns sobre escalada e logo se tornaria um bom conhecedor da coisa sem, contudo, deixar o conforto do lar;
c) Diria "Eu, hein..." e continuaria espichado no sofá assistindo Blade Runner;
d) Sentiria um calafrio na espinha e iria assaltar a geladeira para comemorar a feliz conjunção astral que fez com que a montanha ficasse lá e você nascesse aqui.
Quem respondeu b, c ou d está de parabéns: é um bípede que ainda não perdeu de todo o juízo, e que sabe que "Because it's there" pode até ser bom como folclore ou últimas palavras, mas é péssimo como explicação ou motivação.
A quem respondeu a, sinceramente, não sei o que dizer; não estudei psicologia nem fiz medicina, de modo que não estou gabaritada para tanto.
Agora mesmo li que pelo menos 11 alpinistas morreram numa avalanche no K2, e tudo o que consegui pensar foi "Whatever".
(É, eu tenho esse problema complicado de usar palavras emprestadas de outras línguas quando elas descrevem melhor certas situações ou sentimentos; muita gente acha péssimo, eu inclusive, mas tem coisa que é assim mesmo na vida.)
O fato é que o homem é o único animal que, propositalmente, de livre e espontânea vontade, se mete nessas enrascadas.
Deve existir alguma lição a tirar disso, alguma moral profunda, mas eu prefiro voltar para o sofá e continuar assistindo Blade Runner.
Amanhã encomendo uns livros sobre o K2.
(Ah, e não deixem de ler o que a Leticia escreveu: bom demais!)
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