5.9.07

Retrato celular: TV sui generis

Mais dia menos dia, ia acabar acontecendo: um documentário filmado em celulares. Pois acaba de acontecer. Para sorte do telespectador, a divertida série que estréia no Multishow dia 4, às 21h45, é um pacote de luxo, com direção de Andrucha Waddington e uma música de abertura, "Olho mágico", composta por Gilberto Gil especialmente para este "Retrato celular".

Serão, ao todo, oito episódios de meia-hora.

Foi assim: a Conspiração distribuiu Nokias N93 para 34 pessoas entre 20 e 30 anos, para que com eles registrassem seu cotidiano. Por que celulares? Porque, menos invasivos do que câmeras, despertam menos desconfiança. Funcionou. As cenas capturadas pelos participantes são de uma naturalidade deliciosa.

Eles vivem no Rio, em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em Minas, e suas histórias se misturam no decorrer dos episódios. As imagens que vão ao ar foram pinçadas de mais de 120 horas de material bruto.

O que gostei particularmente é que, pela primeira vez em tempos, vejo o conceito de "jovem" distribuído por todas as camadas sociais, profissões, jeitos de ser. Os documentários brasileiros andam com fixação em violência, pobreza, jovens de comunidades carentes; há todo um universo que não existe para efeitos, digamos, antropológico-cinematográficos.

O olhar de "Retrato celular" é múltiplo, abrangente, humano no melhor sentido da palavra.

Quanto aos Nokias, se saem melhor do que a encomenda.

Confiram!

(O Globo, Infoetc., 3.9.2007)

Desculpem o atraso na postagem! Acontece que escrevo as colunas do Info etc. no jornal, e freqüentemente (na verdade, quase sempre) acabo me esquecendo de trazê-las para cá. No site do Multishow vocês encontram os horários alternativos.

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