8.9.02



9/11

A menos que a gente esteja disposta a se enterrar num buraco sem qualquer espécie de comunicação com o mundo exterior, vai ser impossível escapar do aniversário dos ataques terroristas aos EUA. Não há jornal ou revista que não faça, ou já não tenha feito neste fim de semana, uma cobertura especial dos acontecimentos e uma análise pormenorizada do ano que passou. A televisão está a mil -- para não falar, claro, na internet.

Algo me diz que, no dia 12, estaremos todos de ressaca dessa overdose de homenagens, reflexões e diatribes. Antes disso, porém, vale a pena dar um pulo no New York Times, que fez uma história multimídia fantástica da duas torres do WTC, dos primeiros projetos à derrocada final.

Entre dezenas de fotos, desenhos e artigos, um texto, particularmente, me chamou a atenção. Foi escrito por Ada Louise Huxtable, crítica de arquitetura (isso existe!) e publicado no próprio Times, em maio de 1966, quando as torres começaram a sair do papel. Chama-se Who's afraid of the big, bad buildings? e termina assim:

"Quem tem medo dos grandes prédios maus? Todo mundo, porque há tantos fatores no gigantismo que desconhecemos. A aposta de triunfo ou tragédia numa escala dessas -- pois no fundo é isso, uma aposta -- exige dividendos extraordinários. As torres do Trade Center podem vir a ser o começo de uma nova era dos arranha-céus, ou as maiores lápides do mundo."

Passados 35 anos, as duas profecias se realizaram.

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