31.3.05


RIP

Finalmente morreu a coitada da Terri Schiavo. Enquanto isso, George W. Bush & Sra., precavidos, tomaram providências legais em relação ao que deve ser feito com eles caso se encontrem na mesma situação que a lançou ao estrelato -- mas, em nome da sua "privacidade", não divulgaram o conteúdo dos documentos.

Discretos, eles.

Pois para mim, isso só tem uma leitura: façam o que eu mando, mas não o que eu pretendo que me façam.

Claro:

  • Quem acha válido ficar em estado vegetativo não precisa fazer nada; a indústria médica cuida disso sozinha, obrigada. Como todo mundo sabe, difícil não é ligar, é desligar;

  • Se a decisão dos Bush fosse igual ao que dizem que pensam, seria uma excelente jogada política divulgar o conteúdo dos seus testamentos. Vocês acham que Bush ia perder essa oportunidade?!

    Esta hipocrisia me revolta DEMAIS; assim como me revolta o que estão fazendo com o papa.

    Deixem o pobre homem morrer em paz, caramba!

    É assim que age uma Igreja que se diz humana e cheia de compaixão?!

    Uma Igreja que acredita na eternidade da alma?!

    Mas se a alma é eterna, por que não deixá-la seguir seu rumo?!

    ARGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!

    Só para constar, porque tenho família sensata e discreta, que de fato me ama, e, felizmente, não tenho um bando de urubus pelas costas brigando pelo poder:

    Se um dia eu virar um vegetal, ou chegar ao nível de sofrimento do papa, me deixem tirar o time de campo o mais rápido possível. Quero ir em paz, sossego e dignidade.

    Não sei se um blog tem valor legal para me garantir isso, mas pelo menos o que não me falta aqui são testemunhas...













  • Livin' la vida loca

    Às vezes, fugir do mundo não é uma opção de todo ruim

    Miami é uma festa. O verão ainda nem deu as caras e o povo já cozinha ao sol das praias mais bem cuidadas da América Latina. O fervo começa cedo, ou termina tarde; tudo depende do ponto de vista. Janta-se às sete, mas às três os bares de South Beach já estão cheios. A galera que dançou até às quatro da manhã numa boate pode ser vista duas quadras adiante, meia hora depois, fazendo fila para entrar em outra, onde um novo set de DJs começa os trabalhos às cinco. Depois disso não sei o que acontece; sou de um modelo antigo, que precisa dormir um pouco de vez em quando, e isso atrapalha a investigação.

    É verdade que caí na cidade bem em meio ao M3, Miami Music Multimedia, grande celebração da música eletrônica e de um jeito clubber de ser, mas não é à toa que ele se realiza lá. Se todos os alto falantes de todos os carros envenenados que circulam por Miami fossem ligados ao mesmo tempo, o som daria a volta ao mundo várias vezes. Felizmente os carros sossegam enquanto os donos bebem, de modo que o som não ultrapassa as fronteiras do condado. Miami dorme e acorda ao bate-estaca do techno, que escapa, em todas as suas variantes, gêneros e sub-gêneros, de uma festa aqui ou um carro acolá.

    * * *

    Não gostar de Miami é uma reação tão comum que, dessa vez, fui disposta a fazer uma reavaliação. Minha disposição natural em relação ao mundo, de modo geral, é gostar; não gosto de não gostar. Além disso, uma cidade como Miami é tão complexa, e tem tantas nuances, que chega a ser absurdo generalizar. Não existe uma Miami, assim como não existe um Rio de Janeiro; existem milhares de Miamis, feitas à imagem e semelhança de quem as vive. Alguém pode detestar uma viagem que adoraria se ficasse hospedado dois quarteirões adiante; o bairro que um dia é um tédio, no outro pode ser uma revelação. Não há absolutos.

    Isso, objetivamente. Subjetivamente, as cidades, como as pessoas, têm um jeito de ser, uma aura, karma ou lá como se chame, com o qual a gente vai ou não vai -- e não há racionalização que mude isso.

    Miami é linda e bem cuidada, tem praias que me enchem de inveja pelo azul caribenho e pela água quentinha, os bandos de pássaros que se vêem por toda a parte são alegres e confiantes mas, com tudo isso, não consigo fugir do lugar comum. Não consigo gostar de Miami.

    O hotel ótimo, o tempo maravilhoso, uma lua que nem te conto -- e algo indefinível que me dava uma vontade louca de fugir correndo e voltar para casa. Não sei exatamente o quê, mas imagino um conjunto de fatores, a começar pelos rios de dinheiro que correm por todos os lados. Dos carros impossíveis às roupas duvidosas, tudo tem uma única finalidade: proclamar para o mundo o elevado status financeiro dos donos. Mas pior do que assistir a este show bizarro de riqueza -- que sequer chega a ser característica exclusiva de Miami -- é saber o que o torna possível. Afinal, dez entre dez corruptos da América Latina consideram a cidade o seu segundo lar.

    A cidade não tem culpa disso, coitada, nem os habitantes que dão duro e ganham o seu pão honestamente; mas é o tal do karma. O fato é que olho para aqueles condomínios de luxo elegantíssimos, finíssimos, metidíssimos-íssimos-íssimos... e a única coisa que me vem à cabeça é a fita do juiz Nicolau, na plenitude de sua obscenidade, fazendo o tour do apartamento milionário.

    * * *

    Miami estava, naturalmente, siderada pelo caso Terri Schiavo. O ódio pelo marido me pareceu universal -- como se os pais, principais responsáveis pelo circo armado em torno da pobre moça, fossem anjos de candura, e estivessem agindo movidos pelos melhores sentimentos.

    O comportamento das partes, cada qual tentando prejudicar mais a outra, me lembrou, mal comparando, a situação dos hospitais no Rio, em que a população, como Terri Schiavo, é o que menos importa.

    Nessa história sem mocinhos, o que eventualmente poderia ter sido um debate importante e necessário sobre os limites da vida transformou-se num espetáculo degradante e deprimente, estrelado por advogados, políticos e celebridades religiosas.

    Depois a gente estranha que a garotada se jogue nas raves 24 horas por dia e se desligue do mundo...

    (O Globo, Segundo Caderno, 31.3.05)





    30.3.05




    Inclusão digital

    Deu na Agência Estado...e nem é primeiro de abril!
    Petista discursa contra exame de próstata que o fez ver estrelas

    Durante 25 minutos, Sargento Isidório do PT usou a tribuna para detalhar o exame, reclamar do profissionalismo do médico, além de confessar que se sentiu "deflorado"

    Salvador - Reflexões sobre as agruras do exame de próstata, ocuparam grande parte do tempo da sessão de ontem da Assembléia Legislativa da Bahia. Tudo porque o deputado Manoel Isidório de Santana de 43 anos, o Sargento Isidório do PT, usando o tempo cedido pela liderança da oposição na Casa, fez um áspero discurso contra o referido exame, ao qual havia se submetido pela primeira vez na parte da manhã e conforme suas palavras ainda estava "vendo estrelas" por uma suposta violência do médico.

    O exame é o mais recomendado para se prevenir o câncer de próstata e consiste no toque da glândula com o dedo através do ânus. Classificando o exame de "angustiante", e exortando a Medicina a criar outro método que não "penalize" tanto os pacientes, Sargento Isidório se inflamou na tribuna e fazia questão de mostrar com gestos exagerados e gritos, como o doutor foi rude.
    Embora afirmasse não querer se estender muito no assunto, por considerar "desmoralizante para um pai de família", o deputado petista foi descrevendo detalhes, enquanto seus colegas se divertiam no plenário. Entre outras coisas, reclamou do fato de ser enganado sobre a forma como o exame de toque é feito e repetiu que "foi horrível" e quase desmaia.

    Ele gastou cerca de 25 minutos como tema que provavelmente seria encerrado se o deputado e médico Targino Machado (PMDB) não tivesse pedido um aparte para criticar o discurso apologético de Sargento Isidório contra o exame. Foi o suficiente para o petista voltar à carga repetindo toda à sua "desagradável" experiência. Uma das coisas que deixou o Sargento Isidório mais indignado é que após o exame, o médico abriu a porta e chamou o próximo paciente "como se nada tivesse acontecido", enquanto o petista saiu do consultório sentindo-se "deflorado". (Biaggio Talento)






    As voltas que o mundo dá

    Durante muito tempo nossa família morou no Bairro Peixoto, onde a Laura e eu crescemos brincando na praça Edmundo Bittencourt. Havia um bambuzal que nos parecia enorme e perigoso, e um jardineiro, se não me engano o seu Rosa, que era o terror das crianças.

    (Olhando assim à distância, nem é difícil imaginar por quê: provavelmente, nós éramos o terror dele, coitado, quebrando plantas e pisoteando o jardim.)

    Minha avó morava com meus tios no alto da Santa Clara e, quando chegava do trabalho, Papai ia visitá-la. Volta e meia íamos com ele. Uma das minhas lembranças mais nítidas de infância é subir a Décio Vilares de mãos dadas com meu Pai, rumo à casa dos tios.

    No caminho, cruzávamos com um ou outro conhecido. Isso significava um breve boa tarde, em alguns casos uma pequena pausa.

    Mais complicado era quando encontrávamos o rabino Lemle.

    Meus pais deixaram a religião na Europa. Papai não conseguiu se reconciliar com a idéia de um Deus que permitia acontecimentos como os que ele havia presenciado e vivido, e tornou-se ateu; Mamãe tem lá suas dúvidas. Por causa dessa peculiaridade familiar, aliás, devo ter sido uma das crianças a saber mais cedo a distinção entre ateu e agnóstico -- e a ficar me questionando de que lado exatamente eu estava.

    A dúvida persiste até hoje; mas isso são outros quinhentos.

    O fato é que Papai era amigo do rabino, que gozava de grande prestígio e consideração lá em casa. Quando se encontravam, os dois se deixavam ficar, conversando animadamente em alemão. Eu ficava indócil. Primeiro porque não falava alemão; depois porque, ainda que falasse, estava mais interessada em passear do que em ficar parada ouvindo conversa de adultos.

    O tempo passou.

    Há alguns anos, uma jovem repórter chamada Marina Lemle veio trabalhar comigo no Globo. Observei o nome pouco comum, e perguntei se conhecia o rabino.

    Ora, como não? Era neta dele.

    Mundinho pequeno!

    Agora, acabo de ler um texto comovente que Marina escreveu para o nominimo sobre sua família. Seu bisavô, o sogro do rabino, assassinado em março de 1933, é considerado, oficialmente, a primeira vítima dos nazistas.

    Ela, porém, só descobriu isso há coisa de um mês, por acaso, numa conversa com a avó.

    Quando perguntou o porquê da demora da revelação, recebeu a mais típica das respostas que uma mãe judia pode dar:

    -- Achei que você não ia querer saber. Eu quis te poupar.





    29.3.05



    Deu no Joaquim

    De Eduardo Dussek no show de fim de semana na Casa de Cultura Laura Alvim: "Quando vocês virem esses poodles ridículos de pompom na patinha e no rabo, não ri não. É essa gente que aumenta juros e sacaneia o povo que volta assim pagando carma."
    Pois eu li e imediatamente lembrei da foto que fiz em Miami. Quem teria sido este pobre quadrúpede humilhado numa encarnação anterior?




    Jornalistas & viagens

    Nos comentários do post em que eu elogiava o desempenho do Razr V3, o Rogério escreveu o seguinte:
    "Pego carona no post ressentido da Vilma para, sem ressentimento, levantar uma discussão saudável sobre viagens a convite de Motorola, Samsung e quejandas: na sua opinião, onde está o limite entre jornalismo e propaganda?"

    Jornalismo de tecnologia não é hard news, Rogério. Não é jornalismo investigativo ou de denúncia (embora, eventualmente possa ser isso também); é um jornalismo de comportamento e de serviço, em que a gente basicamente observa tendências, fala de lançamentos, dá dicas de uso.

    Um telefone como o Razr V3, por exemplo, que motivou a tua pergunta, é uma obra de arte. O que há de design, trabalho e conhecimento por trás da sua criação é um prodígio; o fato de ser fabricado com fins comerciais não o torna menos digno de admiração.

    Ora, por que só os produtos que se apresentam como arte podem ser elogiados sem que leitores de má índole achem que a gente está levando jabá?! Por que o elogio de um filme é jornalismo do mais alto nível, e o elogio de uma câmera digital é propaganda?!

    Essa visão antiga e tacanha me aborrece, porque acho um player como o iPod ou uma câmera como a P200 muito mais dignos de louvor do que a maioria dos filmes em cartaz.

    Afinal, qual é a alternativa que os "puros" propõem diante de um produto revolucionário? Dizer que "uma grande empresa lançou um telefone fenomenal", sem mencionar a empresa ou o celular? Fazer de conta que os gadgets que nos cercam não existem? Abordar a sua criação e existência de um ponto de vista estritamente econômico, sem manifestar qualquer sentimento?

    Ah, me poupem! Que tal deixar a hipocrisia de lado e nos portarmos feito adultos do Século 21?

    Como "consumidora de notícias", aliás, poucas coisas me irritam mais do que a obsessão das emissoras de televisão, Globo sobretudo, em esconder nomes e marcas; nada me soa mais falso -- e, conseqüentemente, mais enervante -- do que ouvir nos telejornais que algo aconteceu "num hotel da Zona Sul" ou num "shopping em São Paulo". Num mundo de marcas cada vez mais fortes e onipresentes, manter essa postura supostamente olímpica é sonegar informação.

    * * *

    Tenho por regra só falar dos produtos de que gosto -- vale dizer, só falar bem. Isso, por dois motivos. O primeiro é prático e objetivo. Há mais computadores, celulares, câmeras e players do que espaço para se escrever a seu respeito; e, obviamente, são mais merecedores deste espaço os bons produtos.

    O segundo motivo é puramente sentimental. Uma vez descasquei uma câmera que testei. Na seqüência, recebi meia dúzia de emails sentidíssimos de gente que tinha comprado justamente a tal câmera. Me lembro particularmente de dois leitores, um que levou tempos a convencer a mulher a fazer a compra, outro que gastou nela os poucos trocadinhos que tinha, contra os conselhos dos pais.

    Minha coluna os ridicularizou perante suas famílias, e isso me deu uma sensação péssima. Quase fui às casas dos sujeitos pedir desculpas, e explicar pros seus familiares que eles não tinham feito uma besteira tão grande, que ninguém podia adivinhar que marca tão conhecida faria algo tão ruim, etc. etc.

    Quanto às viagens a convite de empresas, são tema controvertido na imprensa mas, em certas áreas, a meu ver, fazem parte do métier. Em tecnologia, a melhor forma de saber como as empresas estão pensando o futuro, e de ter noção do que vem por aí, é indo aos seus eventos -- e isso, não sendo o Wall Street Journal ou o New York Times, só se faz a convite.

    É assim também que se conhecem os novos lançamentos da indústria automobilística ou da aviação, assim que se conseguem entrevistas com atores de filmes em lançamento, bandas em turnê ou "n" outras coisas -- e nem por isso as matérias ficam menos interessantes.

    A meu ver, não é viajar a convite de empresas, gravadoras ou estúdios que afeta a credibilidade de um jornalista, mas sim a falta de sinceridade e/ou conhecimento no que escreve.

    O famoso Jayson Blair, por exemplo, como todos os jornalistas do New York Times, só viajava com as despesas pagas pelo jornal.

    * * *

    Um dos problemas mais complicados das viagens de trabalho, sejam elas pagas por A, B ou C, é a inveja e o rancor que despertam. Tenho provas concretas disso aqui no blog; você mesmo viu uma delas.

    Para quem está de fora, tudo parece muito bacana -- e é mesmo, mas até certo ponto.

    É muito bom rodar o mundo e conhecer novos lugares; é consideravelmente menos bom acordar às sete da manhã depois de quatro horas de sono e passar o dia numa sala de conferências.

    Algumas viagens dão excepcionalmente certo e são muito agradáveis, como a que fiz ao Panamá; outras são desastres completos, em que a gente só se salva com muita esportiva e bom humor.

    Os mesmos atributos, em suma, de que a gente precisa para manter a área de comentários de um blog... ;-)





    28.3.05



    Lei de Murphy

    Postulado Único das Prioridades do Correio Eletrônico:

  • Quanto mais importante for o email, maior será a chance de se perder pelo caminho; inversamente, todos as correntes, spams oferecendo Viagra e relógios falsificados e mensagens contaminadas com worms e vírus diversos chegarão, íntegras e sem problema, ao local de destino.

    Pois vejam se não é isso mesmo:
    Cora,

    A marioria dos emails encaminhados para o Fernando, de várias partes do Brasil e exterior, seguiram direto para a firma Oficina de Papel, em Belo Horizonte.

    A proprietária da firma, Nicia Mafra, fez o favor de avisar por telefone ao Fernando, que não tem micro. A hospedeira do site do Fernando, a Netsulminas, errou ao configurar o e-mail; por isso ele nunca recebeu um sequer.

    A senhora Nícia Mafra está reenviando os emails não deletados para minha caixa postal. Já enviou um para O Globo avisando do problema; e recebeu outro, enquanto falávamos indicando o blog da Cora, pois ela não possuía o jornal.

    A firma dela trabalha com papel reciclado desde 1998, dá apoio aos catadores de papel de BH, tem convênios com a prefeitura e promove cursos sobre o assunto, inclusive enfocando a parte gráfica --participou, recentemente, do encontro latino americano promovido pela Tupigrafia, um grupo do Orkut.

    Em breve aviso o novo email do Fernando, através do qual os contatos devem ser feitos.

    Esther





  • 27.3.05


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    26.3.05


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    To te manjando...







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    Sorria! Voce esta na Barra!







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    Pra não dizer que a viagem está perfeita...

    Bom dia, pessoas! Não sei se vocês chegaram a reparar, mas os posts de ontem foram todos feitos pelo celular. O bichinho está se saindo melhor que a encomenda.

    Mal parei no hotel, foi um dia cheio, sem chances de fugir para computadores.

    O 3M continua pelo fim-de-semana com muitas apresentações de música, mas a parte das palestras e mesas redondas terminou ontem à tarde.

    Antes da festa de encerramento fui com colegas brasileiros a um mall que fica a meia hora aqui do hotel. Um queria comprar um iPod, a outra uma câmera e eu, desta vez, queria comprar umas calças para andar de bicicleta e umas coisas de gato: shampoo para os banhos infreqüentes, filtro pro bebedouro, catnip e uma coisa chamada Feliway que a Bia descobriu e que impede que eles marquem território (problema comum com o Mosca, a Peste Mijona).

    Aí vi uma estrutura de três andares daquelas de carpete, para arranharem, a preço muito bom (menos de U$ 30) e não resisti.

    É um trambolho, mas só de pensar na alegria deles curtindo o brinquedo novo... De modo que lá vim eu com a coisa.

    Quando fui fazer as malas e abri a caixa para ver como podia diminuir o volume, surprise: está faltando uma das peças! Telefonei para a loja eles foram muito gentis, mas não tem filial para esses lados.

    Quer dizer: na ida pro aeroporto vou ter que dar uma volta e pedir ao motorista que pare lá para trocar a peça.

    Tsk.

    Cerumano tinha que vir com seguro contra burrice. Como é que eu não conferi a caixa?! Afinal, se fosse eletrônico eu teria conferido no ato...

    Bom, pessoas, vou à luta.

    Hoje é dia livre: para compras, para fotos, para bater perna.

    Ainda quero comprar um tripé legal (obrigada, Lu Misura!) e passear por aí com a Lumix.

    Boa Páscoa para todos!






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    Estou muito bem impressionada com este telefone. Ele eh delicado mas estah dando conta do trabalho pesado. O roaming da Claro tambem estah impecavel.






    25.3.05


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    Amiguinhos







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    Telinhas







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    Esta deve ter sido uma das poucas vezes que Lawrence Lessig fez uma palestra sem slides.

    Esta deve ter sido também uma das pouquíssimas vezes em que senti falta de slides, porque ele é simplesmente campeão de apresentações bacanas.

    De qualquer forma, esta foi a ÚNICA VEZ em que os dois vimos um keynote speech na areia, debaixo de uma barraca, num dia de sol a pino, calor de rachar.

    Doideira?

    Com certeza.

    Mesmo assim foi um show. O que este homem entende de direito autoral, a visão que tem do assunto e o talento com que explica a questão compensam qualquer perrengue.

    Adorei!






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    Lawrence Lessig







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    Bye now!







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    Faz party... ;)






    24.3.05


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    Acordar cedo nao e' problematico so' pra mim,..







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    Trabalhando. Wi-fi.









    O mineiro desesperado e o holandês voador

    Fernando Henrique Ferreira, 48 anos, casado, pai de família, tem um ateliê em Caxambu. Fabrica peças em papel machê, que vende para o exterior através da ONG Mãos de Minas. Em novembro de 2004, durante uma feira de artesanato em Belo Horizonte, um importador holandês chamado Jan Piet Hartman ficou interessado no seu trabalho, apresentado no estande do Sebrae e, por telefone, convidou-o para um encontro no Hotel Boulevard.

    Fernando pôs o mostruário no carro e foi para a capital. As peças que levou causaram tão boa impressão que o holandês encomendou, no ato, 1.500 peixes e 3.325 objetos de decoração variados -- araras, tucanos, galinhas d?angola, pequenas cenas de praia. Os dois acertaram o preço total de R$ 25.450, dos quais 25% seriam pagos no início de janeiro, e o restante contra a entrega, em princípios de março.

    Fernando voltou entusiasmado para Caxambu: não é todo dia que um artesão do interior recebe uma encomenda dessas. Para poder aprontá-la a tempo, contratou seis auxiliares diretos e 40 terceirizados. Investiu tudo o que tinha na compra de material e no pagamento dos trabalhadores.

    Quando janeiro chegou, a encomenda ia adiantado. Fernando telefonou para a Brasil Trade, em Maceió, para pedir o adiantamento prometido. Mas Marcelo Gomes, sócio brasileiro de Jan Piet Hartman, disse que o parceiro se enganara, e que o sinal só seria pago no fim do mês.

    Sem capital, Fernando se viu obrigado a vender o carro e os poucos bens que possuía -- um freezer e uma televisão -- para dar continuidade ao trabalho. No fim do mês, ainda sem notícias do dinheiro, ligou para o próprio Jan Piet, com quem havia combinado a transação. Ficou sabendo então que o gringo mudara de idéia: agora, estava às voltas com um negócio de calçados em Franca, e não tinha mais interesse no artesanto.

    No ateliê humilde de Caxambu, mais de três mil peças bonitas e coloridas esperam por comprador. Hoje, porém, elas são a única coisa alegre da vida de Fernando, que está atolado em dívidas, sem o carro de que depende para viver e sem esperanças de resolver a situação. É que, como acontece regularmente no artesanato, não há contrato escrito entre as partes; os Jan Piets da vida enriquecem em Amsterdam, enquanto os Fernandos vão à falência no interior do Brasil.

    * * *

    Esta história, assim mesmo como está aí, mais ou menos com essas mesmas palavras, foi contada por Esther Maria Duarte Bittencourt, moradora da região e autora do excelente blog "Porcas e parafusos" -- um perfeito exemplo do jornalismo individual que a Internet permite.

    -- Este senhor já era meu comprador, só que a gente não se conhecia antes -- me disse Fernando, ao telefone. -- Ele adquiria as peças através da ONG (Mãos de Minas). Desta vez me procurou diretamente. Não dava para imaginar que faria uma coisa dessas. É um homem educado, bem vestido, de fino trato. Ficamos amigos. Sei que fui ingênuo, mas, acredite, acordo apalavrado é o que mais tem aqui no interior, a gente trabalha sempre assim. Aceitei também porque, sem a ONG, a transação ficava mais lucrativa.

    Pela transação "mais lucrativa" que o levou à ruína, Fernando receberia cerca de R$ 5 por peça. Descontem-se daí todas as despesas envolvidas e o resultado é um grande nó no estômago.

    Ler o que Esther escreve, aliás, é descobrir mais um pedaço de Brasil desesperado:

    "Caxambu é uma cidade no Sul de Minas Gerais com tudo para dar certo", diz ela. "Doze fontes de água mineral medicinais e um parque agradável, sem qualquer projeto turístico. Imagine uma única fonte de água mineral medicinal numa cidade do exterior e como estaria o turismo nesta cidade!

    Caxambu está às moscas. Hotéis fecham as portas, outros demitem os funcionários. Lojas vão à falência. O Hotel Glória, um dos mais tradicionais, lançou um plano de demissão voluntária, mas nenhum funcionário deseja perder os direitos trabalhistas. O único cinema local fechou as portas porque não consegue pagar o IPTU.

    Então, se não tem para quem vender na cidade sem turista, o que faz o artesão? Ou fica nas mãos do atravessador, o que acontece com freqüência, ou filia-se à ONG que não tem como absorver toda a produção da região. Entre um talvez ou oitenta centavos, melhor a última opção.

    E é assim que acontece. Para nós que temos ferramentas tecnológicas, que lemos jornais e livros, temos educação formal e estamos antenados com o mundo, esta história beira o realismo fantástico. É por isso que as novelas da Globo que abordam este tema fazem tão pouco sucesso no interior. Aqui, a realidade supera qualquer coisa que a imaginação invente."

    * * *

    Quem desejar mais informações sobre o trabalho de Fernando pode acessar o site www.ateliedepapel.com.br.

    Enquanto existe.

    (O Globo, Segundo Caderno, 24.3.05)






    Miami a mil

    Ufa! Finalmente de volta ao meu quartinho -- literalmente. O Loews, onde estou, é um hotel super luxuoso, que se expandiu comprando o Moritz mais modestinho ao lado, e é deste que vos tecla esta blogueira. Os confortos (e os preços) são os mesmos do Loews, mas o espaço... que diferença!

    O quarto tem até um tamanho legal; é no banheiro que o velho hotelzinho se faz lembrar, na ducha que podia ser mais forte, na pia estreita. Mas a cama é divina e não vejo a hora de aproveitá-la.

    Vim para o M3, Miami Music Multimedia, em que se discute a música na era digital sob os mais variados aspectos; na sexta, o keynote é de um dos meus ídolos, o advogado Lawrence Lessig (sim, crianças, um dos meus ídolos é advogado!), a pessoa que melhor vi pensar a questão dos direitos autorais no mundo pós-internet.

    É dele a concepção do Creative Commons, um tipo de licença muito mais adaptável aos novos tempos do a velhíssima noção binária de protegido/domínio público do sitema de copyright tradicional.

    Aí à esquerda, em ciberheróis, há um link para a página dele.

    Vim a convite da Motorola, que está aproveitando o evento para lançar não só seus novos aparelhos, como alguns conceitos de marketing de música e de telefonia móvel bem interessantes; vou falar disso em maiores detalhes depois.

    Fico só até sábado, quando tomo novamente o rumo de casa. Dessa vez não vai dar para visitar os meus bipinhos queridos em Austin, porque tenho muito trabalho no Rio; o dia foi tão corrido, aliás, que ainda nem consegui falar com o Paulinho.

    O tempo está legal, e Miami -- pelo menos neste trecho chique e metido em que estou -- é uma festa: muitos carros de luxo, muita gente bonita, muito dinheiro rolando. Dá a impressão de que, com exceção das camareiras de hotel, das faxineiras e dos carregadores (todos de origem latina), ninguém tem mais de 30 anos ou menos de 1m80.

    Talvez porisso essa seja hoje uma cidade tão esquisita, glamurosa e cheia de adrenalina na superfície, mas artificial e melancólica no coração movido a Red Bull.

    Eu acho que gostava mais daqui quando ninguém gostava, quando esses hotéis que hoje são o ó do borogodó eram apenas velhos hotéis decadentes, e a cidade era um lugar cafona e bolorento, cheio de velhinhos refugiados de Nova York.






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    Lixo

    Restos de festas






    23.3.05


    Detalhes

    Iuhuuuu!







    Fone 2







    Fone

    Furo deste blog: os modelos da nova estacao!







    Bus

    Rvmo ao jantar







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    O hamburger mais simples da casa... (Via Motorola V3 da Claro)







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    Esperando a comida







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    O hotel







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    Miami! (Via Motorola V3 da Claro)






    22.3.05


    Fui!

    O queimado da lagarta ainda está uma coisa, mas -- Bia B., feche os olhos! -- Mamãe me recomendou uma pomada americana que é tiro e queda para reações alérgicas a mordidas e contatos com bichos peçonhentos.

    Por acaso, estou indo pro lugar certo para comprar... ;-)

    Os gatos caíram em prostração quando viram as malas de novo. Agora estão deitados nas suas (deles) caminhas, me olhando com caras tão compridas e lamentosas que, não fora meu coração de pedra, cancelava tudo para ficar em casa com esses pobres quadrupes injustiçados e incompreendidos.

    Até mais, gente!

    Chegando lá mando notícias e fotos; e mais fotos da Bahia, que nem tive tempo ainda de separar.








    Job description

    O Joaquim, para variar, disse tudo:
    Um cronista de segunda-feira, e tem que haver alguma vantagem ao se entrar num negócio desses, é um fingidor. Pode até inventar uma solidão que não existe, mas tem tempo para a tarefa e ninguém está vendo como ela se constrói na tela do computador. Ganha a vida inventando assunto. O resto do jornal já está impregnado demais de realidade. A crônica é a hora em que o editor encarrega o maluco de descobrir uma pasárgada qualquer, uma maracangalha outrossim, mas tudo, pelo amor de Deus!, tudo bem longe dos hospitais do Rio. É a hora da Redação e o Leitor respirarem aliviados. O cronista deforma as cenas ao gosto da pena e fica por isso mesmo. O ombudsman , nem aí, dá força na mágica. Nenhum manual de redação o obriga à coerência. (Joaquim Ferreira dos Santos)
    Pronto. Fica aqui registrado, pro dia em que alguém vier reclamar que, com todo aquele espaço, eu só faço pensar em gatos e capivaras.





    21.3.05


    Lar doces gatos

    Tem uma pilha de jornais me esperando, umas contas que chegaram e uns gatos estressados mas de bom coração, que já me perdoaram ter passado o fim-de-semana fora de casa.

    Claro que ainda não contei para eles que amanhã viajo à noite para Miami mas, em compensação, trouxe um frango assado da padaria que comemos juntos: agora estão todos desmaiados aqui no escritório, enquanto trabalho.

    De acordo com a Bia, o Mosca tem tomado o remédio direitinho, sem fazer muito drama; mas ele é mesmo o mais bonzinho da turma para essas coisas, até as unhas ele deixa cortar sem fazer escândalo.

    Duas coisinhas:

  • Vocês se lembram daquele papo que estava rolando nos comentários sobre as revistas semanais, e eu disse que achava todas Mais ou menos iguais? Bom, esta semana, como todos certamente já viram, elas extrapolaram: todas vêm de Paulo Coelho. Será que não há nada mais relevante acontecendo neste momento no Brasil ou no mundo para ocupar a capa de uma revista de informação semanal?! * sigh *

  • Ontem uma lagarta de fogo, daquelas marronzinhas e pequenas, caiu nas minhas costas e me queimou legal. O gel de Aloe Vera que tenho em cas não fez muito efeito. Alguém tem alguma dica boa?






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    No rumo de casa







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    Lindinho este hotel...















    Vapt-vupt

    Mal cheguei já estou voltando, morrendo de dó: gosto tanto daqui de Salvador! A cidade, além de bonita, gentil e acolhedora, está também muito bem tratada, muito limpa e cuidada.

    Infelizmente, a gente que vem do Rio estranha... :-(

    Vim para a comemoração dos 40 anos de carreira da Bethânia -- uma verdadeira, e merecidíssima, apoteose.

    Imaginem que fiquei num lindo hotelzinho estrategicamente situado entre os acarajés mais famosos do Brasil, o da Dinha, à esquerda, e o da Cira, à direita. Resultado: não tenho mais coragem de me pesar.

    E é assim, muito feliz com a festa, mas muito meio um tiquinho perturbada com a dieta detonada que me despeço por ora, com menos de quatro horas de sono pela frente.

    Tenho que estar no aeroporto às 10h30, ainda não fiz a mala, enfim -- aquela rotina toda que vocês já conhecem.

    Tomara que o sol pegue carona no avião e volte com a gente.

    Beijos para todos!

    Logo mais estou em casa.






    Ô tristeza...!

    Li na Sue, que leu na Esther.

    Um artesão lá de Minas que faz coisas lindinhas levou um calote horrível de um holandês f.d.p. Agora está endividado até a alma, coitado, com um depósito cheio de esculturinhas bonitas e alegres, que o gringo pediu mas não levou.

    Assim que voltar para casa, vou mandar vir umas galinhas d'angola e um cardume de peixes.

    O diabo é que, ainda que a gente consiga resolver o problema do Fernando, vai ser muito duro, se não impossível, reverter o quadro desolador descrito pela Esther.

    Ai, vida.





    20.3.05


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    Ah, Bahiaiah...








    19.3.05


    $ONHO$$$$$$

    Hoje -- isto é, ontem -- tive um dia de trabalho beeeeem complicado: a minha máquina no jornal está com um problema qualquer que me impede de usar a internet. Tenho acesso normal à mailbox, mas quando abro o browser não consigo chegar a lugar algum.

    Off-topic: estamos usando a técnica da seringa com a ponta cortada para dar remédio pro Mosca, e está funcionando! Ele está bem, a infecção é leve, segundo o vet -- e segundo a própria cara do malandro.

    Eu até poderia usar outra mesa; mas querência é querência, e prefiro trabalhar sem internet a mudar de lugar.

    Por isso, os dois desenhistas do Segmundo, que eu ia subir mais cedo, só entraram agora; e por isso, também, deixei de responder a trocentos emails da minha caixa postal pessoal.

    Off topic: estou assistindo a um programa sobre mandíbulas no mundo animal na National Geographic e acabo de ver uma cobra matando e comendo uma capivara. Depois o povo diz que a Lagoa é que um lugar inóspito para as coitadinhas... :-(

    Um dos assuntos hoje era a bolada da megasena.

    Fiquei pensando no que eu faria se ganhasse uma montanha de dinheiro.

    Hm.

    Depois de resolver todos os problemas de grana da família, talvez eu comprasse uma casa no Jardim Pernambuco e me mudasse para lá; ou quem sabe uma super-cobertura aqui na Lagoa mesmo, onde eu não ficasse com saudade da vista, mas onde pudesse plantar um grande jardim (coberto) para os gatos.

    É que me aflige a vidinha pequena deles, muito embora a Pipoca lá de baixo, que tem o mundo inteiro às suas patas, mal deixe o seu canto na portaria.

    O Jardim Pernambuco, para quem não está ligando o nome à pessoa, é aquela área atrás do canal da Visconde de Albuquerque. Parece Petrópolis e é pleno Leblon. Há áreas mais caras na cidade, mas, para mim, não há nenhuma melhor do que aquela.

    Nessa casa eu manteria tudo mais ou menos como aqui, com uma exceção: compraria um telãozão daqueles para ter um bom home theater. E, naturalmente, aumentaria bastante a quantidade de estantes, porque, com dinheiro à vontade no banco, o meu número de livros aumentaria muuuuuuuuuuuuuuuito...

    Talvez eu comprasse também um apartamentinho em Paris. A vantagem sobre um hotel é que poderia deixar lá toda a roupa de inverno e não precisaria viajar com tanta coisa pra cá e pra lá.

    Não sei se eu viajaria mais do que viajo, mas certamente viajaria de outra forma. Iria para lugares diferentes, e passaria mais tempo em cada lugar.

    Continuaria mandando a crônica para O Globo religiosamente e indo à redação quando estivesse aqui (adoro redação); e continuaria com o blog, tal como é.

    Ah, e talvez eu fosse prum spa (não muito puxado!), para dar uma descansada geral e, finalmente, começar aquela famosa dieta...

    E vocês, o que fariam se ganhassem na megasena?










    Com vocês, mais um especial do Segmund para o internETC.!

    Chique demais este blog, né não? :-)





    17.3.05




    Marcela Virzi, a vizinha maravilhosa que emprestou o apartamento para funcionar como extensão do nosso durante a festa da Bia mandou esta foto que achou na internet -- e que é o próprio momento Big Brother que os gatinhos viveram no sábado, trancados no quarto.

    Não tem jeito: nas situações mais esdrúxulas, nas posições mais cômicas ou vexatórias, gatos são sempre, sempre, sempre lindos!

    Por falar nisso, o Mosca teve de ir ontem ao vet. Achei que estava meio caído, quer dizer -- MUITO caído. Meio caídos estão todos, eu inclusive, por causa do calor.

    Está com uma pequena infecção urinária e tem que tomar antibiótico durante sete dias.

    Vai começar o replay da novela "Dando um comprimido ao seu gato"...






    Bom, essa vocês já conhecem...

    Flagrantes da vida virtual

    Foto e considerações recortadas do diário eletrônico da vossa cronista

    O que é que faz um artista que atinge o auge da perfeição possível com um espetáculo? Repete este espetáculo até o fim dos seus dias? Tranca-se em copas e vive da glória passada? Muda de profissão? Retira-se para um convento? Ou enche-se de coragem, deixa o que passou para trás e mergulha num projeto radicalmente diferente? Diante deste dilema, Maria Bethânia, não fosse quem é, nem esperou assentar a poeira de Brasileirinho, provavelmente o melhor show da MPB de que se tem lembrança, e partiu para Tempo tempo tempo tempo.

    O show não é melhor do que Brasileirinho, porque nada pode ser melhor do que Brasileirinho. Mas, por outro lado, Tempo tempo tempo tempo simplesmente não pode ser comparado com Brasileirinho -- e aí está o segredo do seu sucesso. Os shows são tão diferentes entre si quanto podem ser dois shows feitos pela mesma pessoa.

    Brasileirinho era quase um resumo da História do Brasil, um show solidamente amarrado a um fio condutor, uma espécie de missa em celebração ao país a que o público assistia mudo e hipnotizado. Tempo tempo tempo tempo é um buquê de canções gostosas e variadas, que nos fizeram companhia em bons e maus momentos, e que entraram, cada qual à sua maneira, na trilha sonora das nossas vidas.

    Se há algum fio condutor no show é a homenagem a Vinícius, a ênfase nos seus poemas e nas suas músicas; mas, honestamente, nem disso ele precisa. Se em Brasileirinho Maria Bethânia celebrava a Pátria, agora ela celebra o indivíduo, o amor, o momento pessoal, a vida miudinha (mas nem por isso menos apaixonada) de todos e de cada um. Este é um espetáculo em que se comemora, pura e simplesmente, a alegria de cantar. Aproveitando a deixa, o mesmo público que assistia a Brasileirinho mesmerizado e eventualmente em lágrimas, agora acompanha as músicas, canta junto, faz a festa (observa Cora, afônica) . Uma delícia!

    Sei que não adianta grande coisa dizer tudo isso agora, quando o show já encerrou a temporada carioca, mas não há de ser nada. Tempo tempo tempo tempo é tão bonito, e fez tanto sucesso que, com certeza, volta para cá assim que terminar de rodar o país. Há fãs demais que ficaram no ora veja.

    * * *

    A maioria das ONGs que se dedicam à defesa dos direitos humanos aqui no Rio tem sido extremamente omissa em relação à Polícia. É como se os policiais não fossem humanos nem tivessem direitos; como se a morte de um policial fosse algo "normal", e a de um bandido, um fato excepcional. A contabilidade é triste. A toda hora morrem policiais em confronto com bandidos, quando não simplesmente assassinados a sangue-frio, e não há uma só ONG que procure as famílias, que dê um alô, ou que -- pelo menos! -- compareça aos enterros.

    Com a ditadura militar, ficou difícil para nós, civis, olharmos para pessoas fardadas sem desconfiança; no nosso inconsciente, "eles" ainda são o inimigo. Além disso, depois de tanto ler a respeito de atos criminosos praticados por policiais, ou mesmo nos confrontarmos com eles, fica difícil pensar sobre o assunto com isenção e tentar mudar certos conceitos, cristalizados em anos e anos de repressão e de "Chame o ladrão!".

    Tem mais: para quem ama a paz, a violência é sempre abominável. Mas como a bandidagem não usa uniforme, a imagem do que nos assusta acaba, lamentável e invariavelmente, se materializando nas fardas. Pois acho que já está na hora de fazermos um esforço para olhar para a polícia com objetividade e sem preconceitos. Há muitos policiais do bem, e é com eles -- e apenas com eles -- que contamos para sair do abismo de insegurança em que mergulhamos.

    Acho, sinceramente, que a sociedade devia tratar melhor a polícia. Devia pagar melhor a esses homens e mulheres que tantas vezes se arriscam por nós, deveria estimular mais os bons policiais, deveria protestar com veemência quando os bons elementos são transferidos ou encostados assim que a sua atuação começa a incomodar os poderosos -- vide o caso do destemido delegado Antônio Rayol, que ousou prender em flagrante Duda Mendonça, o marqueteiro do Rei.

    Com quem é que os bons policiais podem contar se não for conosco?! Os bandidos querem dar cabo deles, os maus colegas querem vê-los longe e a Secretaria de Segurança... bom, essa, nem falar.

    Às vezes discuto essa questão com os colegas. A maioria acha que não adianta fazer nada, que 80% dos PMs são corruptos, e que pelo menos metade dos policiais civis também é. Não tenho como avaliar estatísticas assim, nem sou especialista em polícia, mas tenho certeza absoluta de uma coisa: 100% dos bandidos são bandidos.

    Por isso, fiquei contente quando foi criada a ONG Viva Polícia, que pretende fazer o que as outras, burramente, não fazem, ou seja: dar força a profissionais injustiçados, trabalhar para melhorar a auto-estima da polícia em geral e as suas relações com a sociedade. Por isso estou contente agora que seu website entrou no ar, em vivapolicia.org.br. Boa sorte, pessoal!

    * * *

    Estou com Arnaldo Jabor e não abro: é preciso criarmos, urgentemente, um Partido do Rio de Janeiro. Já! Para ontem!

    (O Globo, Segundo Caderno, 17.3.2005)






    O cerumano é dose!

    Meu amigo Nelson Ricciardi descobriu que um camarada estava postando uma quantidade de fotos suas e de outros fotógrafos no Fotolog como se dele (camarada) fossem; não dava crédito para os verdadeiros autores, e graciosamente aceitava todos os cumprimentos recebidos pelo trabalho.

    Já perdi a conta do número de vezes em que soube de casos semelhantes em sites de fotografia; uma vez, inclusive, roubaram umas fotos dos meus gatinhos, e confesso que me senti lisongeada, mais como familiar do que como fotógrafa.

    Nelson escreve sobre a experiência aqui; por sinal, recomendo que vocês não fiquem apenas neste artigo, mas dêem uma voltinha no site todo, que é muito bom.

    Ele se faz uma série de perguntas que eu mesma já me peguei fazendo, e para as quais jamais encontrei resposta: por que um sujeito faz uma coisa dessas?

    O que é que move um plagiador?

    Será que não há consciência no fundo da alma dessas pessoas? Notem que esta não é uma pergunta moral, apenas filosófica; de que adianta o mundo achar que você é ótimo se você sabe que não é?!

    Uma vez, no caderno de cultura de um dos jornais que eu lia, não lembro qual, saiu uma gravíssima acusação de plágio contra um famoso historiador, membro da ABL e tal.

    Era uma acusação irrefutável. Não era um daqueles casos em que a gente acaba repetindo sem querer um pensamento alheio, por estar no ar e se ter incorporado naturalmente ao nosso universo; não. Eram frases inteiras, copiadas palavra a palavra de um autor francês.

    E eu fiquei para sempre com aquela imagem horrível na cabeça, a do Grande Sábio pegando um volume na estante, abrindo ao lado da máquina de escrever (espécie de computador primitivo que se usava então) e tlec-tlec-tlec-tlec, copiando tudo.

    Isso foi há muitos e muitos anos, mas sempre que me lembro do caso me dá uma angústia terrível, um frio na barriga, uma vontade louca de me esconder debaixo do sofá de pura vergonha por ele.

    Como diz o Millôr, o ser humano não falha.






    Rápido como o raio,
    veloz como o trovão

    Apenas dois anos e 18 milhões de exemplares depois do lançamento, o Vaticano, sempre alerta, descobriu o "Código Da Vinci" -- e dedica-se, agora, a recomendar aos fiéis que mantenham distância da ímpia obra.

    A essa altura, editores devem estar acendendo velas, pagando promessas e mandando rezar missas em ação de graças pelo mundo inteiro: propaganda gratuita igual não se vê desde que o Aiatolá Khomeini condenou Salman Rushdie à morte por causa dos "Versículos Satânicos", em 1989.

    Com a diferença que "Versículos Satânicos" quase ninguém agüentou ler.






    Modesta Proposta do Prof. Bomílcar

    Com vocês, Tom Taborda:
    Entre as boas lembranças da minha vida destacam-se os almoços de domingo na casa do meu tio (já falecido) Fernando Bomílcar da Cunha Teixeira, que ensinava matemática na Gama Filho e na Estácio, conhecido como Prof. Bomílcar.

    O prato favorito era a pizza tradicional, finíssima, com muzzarela e rodelas de tomate, feita na mão por minha tia -- que chegava a preparar inacreditáveis 24 tabuleiros para fazer frente à nossa voracidade. A sobremesa era, invariavelmente, mousse de chocolate amargo, na maior travessa que vocês podem imaginar; no caminho da cozinha à mesa, a primarada toda, devidamente "armada", ia atacando a travessa e enchendo suas xícaras com o troféu.

    Depois de nos fartarmos "obrigado-dona-Irma" (Dona Irma era a sogra dele, culinariamente generosa; e a frase ficou para sempre na nossa família como sinônimo de fartar-se satisfeitamente, até não caber mais uma só garfada), nada melhor que um bom papo. Como meus tios foram dos primeiros a se mudar para a Barra, quase um areal na época, fazíamos a digestão em deliciosas conversas no quintal, resolvendo todos os problemas do mundo noite adentro.

    Em muitos desses papos, tio Fernando reiterava a sua solução para resolver a questão da Saúde & Educação: ?Político, mulher de político e filho de político tinham que ser obrigados a utilizar escolas e hospitais públicos?.

    Se a turma do "andar de cima" tivesse que utilizar tais serviços, argumentava, eles iriam naturalmente melhorar, beneficiando, em cascata, toda a população. Como o Hospital dos Servidores, hoje sucateado, mas que já foi o "hospital do Presidente e Ministros" e era um centro de excelência como um todo.

    Numa penada, por decreto, ficaria determinado o seguinte:

    Funcionário ou servidor público, do Legislativo, Executivo, Judiciário, Autarquia, ou Companhia Estatal, nas esferas municipais, estaduais ou federais, e seus familiares, todos estão obrigados a utilizar os Serviços Públicos: Escolas, Hospitais e Previdência.

    A beleza -- e abrangência -- deste "decreto" é a palavra todos.

    É funcionário ou servidor público? De autarquia (Petrobrás, Banco do Brasil etc.), ou dos poderes Legislativo, Executivo ou Judiciário? Municipal, Estadual ou Federal? Foi nomeado Secretário, Ministro ou Presidente de Estatal? Tá incluído no decreto.

    Da mais humilde "auxiliar de manutenção" da escolinha municipal ao poderoso Ministro do Supremo, das mais altas estratosferas da burocracia ao distribuidor de fichas do INSS, todos -- bem como seus familiares -- estariam obrigados a utilizar os serviços públicos gratuitos, hospitais e escolas até o Segundo Grau (*), e a contribuir para a Previdência "normal", em vez das "Previs" das autarquias, para não falar na obscena aposentadoria de deputados e senadores.

    Todos. Sem exceção.

    O único problema deste decreto é que seria votado pelos mesmos deputados que decidem:

    a) o aumento do salário mínimo para a população;

    b) o aumento dos seus próprios salários, independentemente do salário mínimo.

    Ao mesmo tempo, seria questionado juridicamente pelos membros daquela outra casta que paira acima da população, a dos juízes das mais diversas instâncias -- que tampouco iriam abrir mão de privilégios exclusivos.

    (*) O ensino público até o Segundo Grau seria gratuito nas escolas públicas. Já o ensino universitário, mesmo nas universidades públicas, seria pago, com as devidas bolsas de mérito. Ensino superior é um privilégio dos mais capazes e não um direito de todos. (Tom Taborda)





    16.3.05






    Fotos da festa

    Subi um monte de fotinhas da festa da Bia lá pro Fotki. O álbum não está completo; falta muita coisa, mas está problemático este upload porque, de cada vez, o diabo do uploader me sobe cinco cópias da mesma foto e aí trava. Vou lá, apago quatro, começo tudo de novo...

    O pior é que agora já tem tantas lá que não sei mais o que foi e o que não foi.

    O jeito vai ser imprimir as páginas da web e conferir foto por foto com o Picasa, é mole?

    Update: Acho que agora estão todas lá, pelo menos as que foram feitas por mim ou com as minhas câmeras. provavelmente muitas repetidas, mas vou deixar a tarefa de capinar o mato e escrever as legendas para a Bia, quando ela voltar de Natal.






    Enquanto isso, na mailbox do ministro...

    Gente, é absolutamente inacreditável, mas há 84 dias -- oitenta e quatro dias! -- a Ana Maria Pinheiro escreve diariamente ao ministro Márcio Thomaz Bastos, seu -- e meu, e de vocês, e dos brasileiros em geral -- funcionário, e até hoje ele não teve a delicadeza, a consideração de responder.

    Aos telefonemas do Duda Mendonça, porém, ele atende prontamente.

    ARGHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!

    Desculpem, mas dessa vez quem vai lá dentro vomitar sou eu; quem sabe a Bia B. não tem um restinho de Plasil pra mim...

    No entrementes, leiam, por favor, a carta da Ana Maria -- essa sim, uma Brasileira com B maiúsculo, digna da admiração e do respeito de todos nós:

    Exmo. Sr. Dr. Márcio Thomaz Bastos,
    Ministro da Justiça,

    Surpresa!

    V. Exa. estava achando que havíamos desistido das mensagens?! Não!

    Enquanto não for julgado o recurso do Ministério Público relativo ao trancamento da ação penal contra Duda Mendonça, Jorge Babu e outros no que diz respeito às acusações de formação de quadrilha e apologia do crime, não pararemos de protestar. No último dia faremos um balanço do nosso case study.

    A argumentação contida na decisão do Desembargador Ivan Cury, de que o estouro da rinha Clube Privê Cinco Estrelas representou uma investigação indevida e de que tal diligência não deveria ter sido "federalizada" nos deixa claro que a justiça, além de cega, é desmemoriada e muito distraída. O Dr. Ivan Cury certamente esqueceu de que além dos maus-tratos aos animais, ocorria no clube circulação de dinheiro em apostas ilegais que atingem cifras próximas de R$ 3 milhões, num único período de "campeonatos".

    Carros 0km são brindes corriqueiros. Pistola Glock 9 mm foi encontrada no chão, largada durante a debandada provocada pelos policiais. No entanto, o distraído Dr. Ivan Cury, o Terrível, declarou que Duda estava envolvido apenas em crime de menor potencial ofensivo. Meritíssimo, de onde vem o dinheiro das apostas? Para onde vai? Isto lá é crime light?

    Se o Sr. Zé Mané quiser circular clandestinamente R$ 3 milhões em apostas num fim-de-semana, ele pode? Não pode. Então por que Duda Mendonça et caterva podem?

    Duda Mendonça e Jorge Babu, quadrilheiros de carteirinha, ou ao menos de crachá, conseguiram sair livres e soltos.

    Depois a galera se acha no direito de dedicar-se a uma rentável delinqüência e ninguém entende por quê.

    Se a investigação relativa ao Inquérito 133/2004 vai ser entregue à Polícia Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, o que vai ser dela? Pois o legislador galista, vereador Jorge Hauat Babu, não é policial civil? Como a polícia civil pode investigar rinhas de galo, se um policial civil é criador de galos de briga e fundador de rinha?

    À medida que escrevemos, vai surgindo a imagem de um Brasil que parece história em quadrinhos, dessas tão cheias de trapalhadas que ninguém crê que possam ocorrer. Só que o Pato Donald e Margarida armam suas confusões ingenuamente e o mesmo não se pode dizer dos sarcomas que atacam o tecido brasileiro.

    Ah, Sr. Ministro, íamos esquecendo de informar: já obtivemos uma cópia do Inquérito nr. 133/2004.

    Só lamentamos a omissão da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil-RJ. Puxa, Dr. Wanderley, o senhor bem que poderia ter-nos dado uma forcinha, não? Afinal, abra a Constituição Federal e veja: a tutela da fauna está no Capítulo de Meio Ambiente! E galo o que é? É bicho! E bicho o que é? É fauna!

    Ana Maria Pinheiro
    Vice-presidente
    Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal








    Gente, olha que gozado!!!

    Saiu num blog que eu ainda não conhecia, o Comentando, do Beto Santos.

    Adorei!

    :-D

    Aliás, a garrafa continua aí... algum interessado?





    15.3.05


    Notícias lá de cima






    14.3.05


    Fala, Bia B.!

    A Bia Badaud, que vocês conhecem aqui dos comentários, é médica. Mais do que isso, pertence àquele especialíssimo grupo que encara a profissão como o sacerdócio que deveria ser. Podia ganhar os tubos em qualquer clínica chique (é cirurgiã plástica) mas tá lá, ralando, idealista que é.

    Pois ontem ela deixou este desabafo nos comentários:
    Só digo o seguinte... é verdade que as pessoas dos hospitais sob intervenção trabalharam no fim de semana todo.

    Estive trabalhando no domingo e vi, todo mundo lá.

    Pra mim, que sei lá por que karma convivo com a Saúde Pública do Rio, é muito foda ver o Governo Federal fazer pose de injuriado pra cima do prefeito, quando é óbvio que Brasília sabe do que acontece aqui, há anos e anos.

    Sempre souberam, sempre deixaram.

    Agora, só Deus sabe a razão deste súbito ímpeto do Governo Federal, que resolveu salvar todo mundo de uma vez.

    Só Deus não, coitado. Só quem convive nos esgotos da política e conhece os conchavos deles.

    Desculpa o desabafo. Vou ali vomitar e já volto... (Bia Badaud)






    inVEJA

    Não dá para entender certas notas da Veja sem pensar em falta de assunto, na melhor das hipóteses, ou mau-caratismo, na mais provável.

    Há coisa de duas, três semanas, esta nobre e altaneira publicação, que tem mania de se pôr no papel de ombudsman da vida intelectual e jornalística nacional, como se estivesse acima do bem e do mal, publicou uma nota burra e venenosa, chamada "Pagos para elogiar", "denunciando" o gravíssimo fato de que escritores recebem para escrever prefácios.

    Vejam vocês: escritores pagos para escrever! Alguém já viu semelhante absurdo?!

    Escritor tem mais é que morrer de fome, todo mundo sabe.

    Independentemente disso, com cachê ou sem, não conheço ninguém de respeito que escreva um prefácio ou apresentação se não tiver gostado do leu, viu ou ouviu. Afinal, é a reputação de quem escreve que fica em jogo ao dar o aval, e não a dos editores da Veja.

    Mas a revista conferia à nota um tom sórdido, como se estivesse revelando ao público um segredo tenebroso da indústria editorial: escritores ganham de R$ 500 a R$ 1.000 por prefácio!!!

    Escândalo!!!

    Desse jeito, onde vamos parar?!

    Não toquei no assunto na época porque acho que não se amplia a voz dos imbecis; e porque, logo na segunda seguinte, enquanto eu ainda estava remoendo o caso, pê da vida, o Luis Fernando Veríssimo mandou uma carta que matou a pau.

    Acontece que ele, um dos principais "acusados", jamais ganhou um centavo por prefácios.

    Agora, semana passada, lá veio a Veja de novo.

    Desta vez o alvo era O Globo, que não teria dado a foto do Chico Buarque na praia porque o Rodolfo (Fernandes; diretor de redação) joga futebol com ele regularmente.

    Me segurei nas pontas mais uma vez.

    Não se amplia a voz dos imbecis, não se amplia a voz dos imbecis, não se amplia a voz dos imbecis...

    O Rodolfo, porém, que também sabe que não se amplia a voz dos imbecis, acabou escrevendo uma carta para eles. Não por ser ou não amigo do Chico (ninguém é perfeito), mas porque a Veja mentiu deslavadamente e tratou o caso como se O Globo tivesse sonegado uma informação da maior relevância dos seus leitores.

    Pois vocês acham que a Veja publicou a carta?

    O que vale é que O Globo publicou, he he he...

    Saiu na edição de ontem.

    Aqui vai um cut&paste pra driblar o registro no site:
    "Por falta de tempo, ou de vontade, a revista Veja deu informações equivocadas sobre o fato de o GLOBO ter decidido não publicar fotos do compositor Chico Buarque feitas por paparazzi . Em nome da boa prática jornalística, e para repor a verdade na matéria apócrifa da Veja, seguem os fatos corretos:

    1) A Veja não tem como sustentar, pois é rigorosamente falsa, a insinuação de que tenha existido qualquer telefonema de "assessores" de Chico Buarque ao jornal O GLOBO, em qualquer instância, solicitando que as fotos do compositor não fossem publicadas. Prestei a informação correta por escrito à Veja mas ela foi omitida da matéria;

    2) Não é verdade que o GLOBO tenha sido "um dos jornais que cobriram mais extensamente" as confusões do casamento do craque Ronaldo com Daniella Cicarelli. Uma apuração menos preguiçosa teria notado que o GLOBO foi, entre os grandes jornais, o único a não ter um enviado especial ao cenário do casamento. Sequer a correspondente do GLOBO em Paris foi deslocada para Chantilly. A "extensa cobertura" do GLOBO limitou-se a um texto-legenda na editoria de Esportes e a notas de coluna;

    3) Veja omitiu capciosamente do texto -- provavelmente porque isso iria contrariar a tese embutida na sua matéria -- a informação que enviei por escrito à revista dando conta de que o GLOBO nunca publicou fotos de Ronaldo com uma modelo tiradas por paparazzi na Itália, quando ainda era casado com Milene;

    4) Chega a ser infantil a afirmação de que Chico Buarque, um dos maiores artistas do país, em ação há mais de quarenta anos, precisa de "amigos" na imprensa para dar uma forcinha em sua carreira. O GLOBO possui realmente um bom relacionamento com Chico e é motivo de orgulho que ele tenha sido colunista do jornal por um período. O GLOBO não tem problemas com o sucesso dos artistas brasileiros e estabelece com eles uma relação profissional e de respeito. O GLOBO não negocia o acesso a artistas em troca de resenha favorável a suas obras;

    5) A decisão de não publicar as fotos seguiu uma linha editorial que vem sendo adotada pelo GLOBO há muito tempo -- diante disso, a opção foi muito clara. Apenas para informação dos leitores da Veja, cabe lembrar episódios recentes, de áreas diversas, em que a mesma orientação foi seguida. Quando a atriz Carolina Dieckman saiu de casa, e sabia-se que estava em processo de separação, a orientação do jornal no episódio para a coluna de TV foi de que não havia interesse nesse tipo de assunto, envolvendo futricas familiares que poderiam causar prejuízos à vida particular dos envolvidos. O mesmo ocorreu há poucos meses quando o compositor Caetano Veloso saiu de casa e revistas de celebridades fizeram campana na sua porta: o assunto foi aberta e francamente discutido com editores da coluna de gente do jornal e o GLOBO decidiu minimizá-lo. Conduta semelhante o GLOBO adotou quando a revista Contigo! ofereceu fotos da apresentadora Angélica de topless num hotel em Miami: nada publicamos. Mais atrás ainda, o mesmo comportamento norteou a linha editorial do jornal -- e de toda a imprensa brasileira, Veja inclusive -- quando o ministro Ciro Gomes e a atriz Patrícia Pillar começaram a namorar.

    6) No caso de Chico, que está separado há quase dez anos, nem mesmo uma notícia havia no episódio para justificar a publicacão;

    7) A postura do GLOBO de respeito aos fatos, aos leitores e às fontes tem sido consagrada pela circulação crescente, pela coleção de prêmios e pela credibilidade do jornal junto ao público formador de opinião no país. Pesquisa apresentada este ano no Fórum Econômico de Davos pela maior agência de relações públicas independente do mundo (Edelman) aponta o GLOBO como o veículo de maior credibilidade entre todos os meios de comunicação brasileiros;

    8) Cada veículo tem a sua linha editorial, baseada em suas discussões internas, no perfil de seus leitores e em seus princípios éticos. Se a Veja publica fotos de paparazzi, está no seu direito. O GLOBO evita avançar na intimidade de seus personagens de forma sensacionalista. Por isso, não vê relevância jornalística neste tipo de fotos. Veículos de qualidade pelo mundo afora também agem assim. Esta não é uma decisão simples, é fato editorial bem mais complexo do que faz supor a vã aula jornalística da Veja. No próprio episódio Chico Buarque, a maior revista de celebridades do país, a "Caras", decidiu não publicar as fotos, embora tenha sido procurada pelo fotógrafo que clicou o compositor. E não consta que Chico tenha algum "grande e poderoso" amigo na "Caras" para "dar uma mãozinha".

    Atenciosamente,

    Rodolfo Fernandes
    Diretor de Redação"
    Pronto!

    Agora os eventuais leitores da Veja que freqüentam este blog mas não são leitores do Globo (vocês, hein...?!) também podem tomar conhecimento das informações que a revista esconde.

    Que sejam os proverbiais 17, contra o milhão e tanto da Veja; no problema.

    Sangue de internet tem poder... ;-)

    Update: Artigo muito pertinente do Tom Taborda aqui.






    Alô?

    Uh...

    Bom dia...

    Ouch!




























    Acho que vou voltar pra cama.

    Boa noite!





    13.3.05





    Iuhuuuuuu!

    A festa da Bia foi um sucesso; pelo menos, do meu ponto de vista nada isento de co-organizadora do evento e mãe coruja.

    Demos sorte com tudo, do bufê (Casa dos Sabores) aos DJs (todos amigos queridos demais e um melhor que o outro: Tom Leão, Zeca Camargo e Bruno Bernardes), passando pela companhia sensacional, pelo tempo bonito, pela paciência e compreensão da vizinhança, pela arrumação biruta que inventamos entre a nossa casa e a da vizinha de porta e que funcionou incrivelmente bem, tipo uma boate (aqui) e um lounge (lá).

    O último convidado saiu às cinco da matina.

    Bia adorou os presentes e, para minha completa felicidade, sobrou justamente o que eu gosto: bolo e brigadeiro... :-)

    As garrafas que se salvaram da batida do carro foram todas devidamente detonadas.

    O hit potável da noite foi a caipivara do Palaphita, uma caipirinha de frutas que é tudo de bom.

    Até eu bebi!

    E agora, crianças, exausta mas muito contente, vou dormir.

    Boa noite!!!





    12.3.05




    Observatório da Imprensa

    Te descobriu: tem reprise do Observatório da Imprensa que gravei no outro dia hoje, sábado, às 20h.

    Outra descoberta dela (obrigada, Te!): apareço no Comentário Geral do dia 17 falando sobre gatos.

    Desta gravação lembro bem, a Pipoca fez uma figuração bacana no meu colo! Só não sei se o resultado vai ficar bom, porque a equipe enfrentou muitos problemas disso e daquilo, e eu tive que repetir várias vezes o que já havia dito.

    Este, aliás, é um dos motivos pelos quais não curto fazer televisão: acho impossível manter a espontaneidade (e o bom humor) no terceiro take.












    Bethânia, insuperável.
    Como sempre...

    O que é que faz um artista que atinge o auge da perfeição possível com um espetáculo? Repete este espetáculo até o fim dos seus dias? Muda de profissão? Retira-se para um convento? Ou enche-se de coragem, deixa o que passou para trás e mergulha num projeto radicalmente diferente?

    Maria Bethânia, não fosse quem é, nem esperou assentar a poeira de Brasileirinho, e partiu para Tempo Tempo Tempo Tempo.

    O show não é melhor do que Brasileirinho, porque nada pode ser melhor do que Brasileirinho.

    Mas, por outro lado, TTTT simplesmente não pode ser comparado com Brasileirinho -- e aí está o segredo do seu sucesso. Os shows são tão diferentes entre si quanto podem ser dois shows feitos pela mesma pessoa.

    Brasileirinho era um resumo da História do Brasil, solidamente amarrado a um fio condutor, uma espécie de Missa em celebração ao país a que o público assistia mudo e hipnotizado.

    Tempo tempo tempo tempo é um buquê de canções gostosas e variadas, que nos fizeram companhia em bons e maus momentos, e que entraram, cada qual à sua maneira, na trilha sonora das nossas vidas.

    Se há algum fio condutor no show é a homenagem a Vinícius, a ênfase nos seus poemas e nas suas músicas; mas, honestamente, o que menos me pareceu existir em TTTT é este fio.

    Se em Brasileirinho Bethânia celebrava a Pátria, agora ela celebra o indivíduo, o amor, o momento pessoal, a vida miudinha -- mas nem por isso menos apaixonada -- de todos e de cada um. Este é um show que comemora, pura e simplesmente, a alegria de cantar.

    O mesmo público que assistia a Brasileirinho mesmerizado e eventualmente aos prantos, agora acompanha todas as músicas, canta junto, faz a festa.

    É muito bom!

    Xexéo criticou os cenários e a luz, mas ou vimos shows diferentes, ou o nosso gosto, desta vez, não bateu mesmo. Eu gostei demais do cenário, que achei não só inteligente e criativo como extremamente fotogênico; e adorei a luz, linda.

    Para não dizer que não vi nada de errado, em alguns momentos senti um desequilíbrio no som. Ou se aumenta o microfone da Bethânia ou se baixa um pouco o dos instrumentos, sobretudo na percussão, que volta e meia afoga aquela voz tão bonita: um pecado!

    Outra coisa? Não sei se por deformação familiar, mas sinto falta de uma flautinha básica nos arranjos. Isso, no entanto, não vem de hoje. E, nem preciso dizer, não compromete nada.

    Parece que o Canecão já está lotado para hoje e para amanhã, últimos dias aqui no Rio, mas recomendo qualquer negócio para assistir a Tempo tempo tempo tempo: subornar porteiro, recorrer a cambista, fazer propostas indecentes a amigos que reservaram mesa.

    Como escrevi ainda agora a uma amiga:

    Que coisa boa foi ver este show, que coisa boa é viver num tempo que tem uma Bethânia assim, insuperável, superando-se a si mesma a vida inteira.





    11.3.05






    !



    O fim do inferno zodiacal da Bia

    Felizmente, não foi o fim de nenhum de nós, do carro ou, sequer, das muitas garrafas que o dito carro abrigava no momento, a caminho de casa para a festa de amanhã...

    Tudo considerado, acho que temos mais um bom motivo para comemorar!








    Adivinhem só quem faz anos hoje...






    Birds birding





    Tem uma série de garças lá no Flickr: é só clicar na foto para ir até lá.






    Deu na Rio Show

    A capivara que encantou freqüentadores da Lagoa não voltou do exílio na Baixada e a existência de outro roedor na Rodrigo de Freitas continua sendo um mistério. Mesmo assim, o animal inspira um passeio pelo entorno do espelho d'água amanhã, sábado. "Procurando a capivara na Lagoa" é a primeira caminhada que o projeto "Amigos do Rio", recém-criado pelos arquitetos Abraão Dahis e Antônio Agenor Barbosa, vai realizar na cidade.

    Trata-se de uma espécie de aula ao ar livre.

    -- Vamos falar de questões históricas e ambientais, como a restauração dos manguezais, que possibilitou a melhoria do ecossistema e a volta de animais como a capivara -- diz Barbosa, que vai guiar os participantes com a ajuda do biólogo Mário Moscatelli.

    O "Amigos do Rio" promoverá ao longo do ano passeios em diferentes locais da cidade. O de amanhã tem ponto de encontro em frente ao Corte do Cantagalo, às 9h30m. Para participar é só se inscrever no local ou no site plantabaixa.com. (Renata Magdaleno)

    Taí. Este é um passeio que eu adoraria fazer, mas às 9h30, infelizmente, eu não existo...





    10.3.05


    "Puente del mundo,
    corazón del universo"

    Baseado no onipresente canal, o moto do Panamá
    revela que, em termos de auto-estima, o país vai bem


    Sem o canal, o Panamá não existiria -- assim como não existiria a palavra que o Aurélio define como "administração ruinosa duma companhia cujos administradores buscam locupletar-se à custa dos acionistas; roubalheira em empresa ou em repartição pública". Aquela mesma, que Mamãe conheceu ainda criança em Budapeste, antes até de saber que existia um país com este nome.

    Acontece que, em 1878, os franceses conseguiram uma concessão do governo colombiano para a construção de um canal em seu território. Como à frente da empreitada estava o conde Ferdinand de Lesseps, vitorioso construtor do Canal de Suez, as ações da Compagnie Universelle du Canal Interoceanique foram um sucesso de vendas. Muita gente investiu as economias da vida toda naquela aventura aparentemente garantida.

    Uma coisa, porém, era tirar areia do deserto -- onde, fora o calor e uma ou outra tempestade de areia, havia poucos inimigos naturais. Outra, bem diferente, era enfrentar o lamaçal e as condições de insalubridade de uma região singularmente inapropriada para a sobrevivência humana. Mais ou menos como no caso da nossa Madeira-Mamoré, centenas de milhares de trabalhadores foram recrutados do mundo inteiro, para ser dizimados por quedas de barreiras, encontros com animais silvestres, febres e doenças de todos os tipos. Sete anos depois do início das obras, os franceses jogaram a toalha, levando multidões à falência e dando à região do Panamá o sinônimo pouco edificante.

    A criação do canal, contudo, se fazia necessária aos Estados Unidos, já que, uma vez pronto, aquele seria o caminho mais curto entre suas costas Leste e Oeste. A concessão para a construção foi negociada com os franceses, mas o projeto esbarrou num pequeno entrave: a Colômbia não concordava com os termos propostos. Que fazer? Ora, ora, imaginem: não há canto deste planeta, por remoto que seja, que não tenha a sua meia dúzia de separatistas ferrenhos. Pois os americanos procuraram os separatistas panamenhos, entraram com a grana e um certo know-how e, em dois tempos, o Panamá era um país totalmente independente da Colômbia. ¿Sencillo, no, mamita?

    Poucos dias depois da proclamação da independência, em fins de 1903, lá estavam os americanos, mãos à obra. Dez anos e U$ 387 milhões depois, no dia 15 de agosto de 1914, o vapor Ancon, cuja sineta se pode ver até hoje no imponente prédio da administração do canal, singrava as águas da oitava maravilha do mundo moderno. Do começo francês à conclusão americana, o Canal do Panamá custou 20 mil vidas.

    Ele custou também muita confusão entre os americanos e os panamenhos, compreensivelmente incomodados com o fato de não só o canal mas também a terra às suas margens pertencerem aos Estados Unidos -- que proibiam a livre circulação dos "nativos" pela chamada Zona do Canal. Em 1977, depois de décadas de litígio, os presidentes Carter e Torrijos assinaram um novo acordo, pelo qual, gradativamente, os americanos passariam o comando e a posse da área ao Panamá.

    Ao meio-dia do dia 31 de dezembro de 1999, as bandeiras norte-americanas foram descidas dos mastros em que tremularam durante tanto tempo pela última vez, e foram vendidas por U$ 25 cada a caçadores de relíquias históricas. Mas, bem antes disso, os civis e militares americanos que lá viviam já haviam feito as malas, trancado as portas das suas casas, hospitais, escolas e quartéis, e dado um sentido adeus ao paraíso.

    * * *

    Para os panamenhos, a verdadeira independência está sendo um duro aprendizado. Se, por um lado, a tutela dos Estados Unidos era sufocante, por outro era também tranqüilizadora: ninguém precisava se preocupar com nada, porque os americanos -- que empregavam, direta ou indiretamente, milhares de pessoas -- cuidavam de tudo. Os salários eram altos e, mesmo nos mais humildes empregos, faturava-se algo em torno de U$ 5 por hora.

    Cinco anos depois da partida dos gringos, a Zona do Canal é uma cidade-fantasma. Aqui e ali há uma edificação restaurada e habitada, mas a maioria das casas e instalações deteriora-se, abandonada: a grama dos campos de golfe não existe mais, os hospitais e as escolas continuam fechados, os edifícios imensos das casernas, desertos.

    Dos três milhões de habitantes, 20% estão desempregados, e as conseqüências disso se fazem sentir nos índices de alcoolismo, consumo de drogas e criminalidade. Como um adolescente que se vê subitamente livre da presença de um pai opressor mas generoso, o Panamá parece algo aturdido.

    Por outro lado, ao contrário do que previam os pessimistas, o Canal, bem ou mal, continua funcionando; a capital, onde há um banco em cada esquina, é viva e alegre, cheia de novos edifícios e shoppings riquíssimos. O turismo, vocação natural do país, começa -- finalmente! -- a ganhar a força que merece: bons hotéis e resorts de sonho pipocam por toda a parte.

    O que vale é que, com ou sem panamás, o Panamá gosta muito do Panamá.

    Ele merece.


    (O Globo, Segundo Caderno, 10.10.2005)






    Um é doido,
    os outros, pilantras

    Tenho muita pena de Michael Jackson.

    O coitado é um completo freak que, no politicamente incorreto século retrasado, certamente seria exibido num circo, ao lado da Mulher Barbada, do Homem Mais Forte do Mundo e dos Irmãos Siameses.

    O processo que está sendo movido contra ele, porém, é ainda mais patético do que o personagem em si mesmo.

    Honesta e sinceramente: qual é a mãe decente e bem-intencionada que, em sã consciência, leva uma criança para "brincar" com um maluco daqueles?!

    Quem deveria estar no banco dos réus era essa mãe argentária, isso sim.

    Quanto a Michael Jackson, merecia, com certeza, uns dois anos de cadeia.

    Mas não pela atual papagaiada, e sim por ter segurado aquele pobre bebê indefeso do lado de fora da janela do hotel, lembram?

    Que mundo!





    9.3.05






    A única vantagem de voltar de madrugada do jornal é que, às vezes, a gente consegue acertar uma fotinha esquisita.






    Emergência de luxo

    Eu nunca, jamais, em tempo algum, ganhei nada em sorteio -- exceto uma garrafa de conhaque Rémy Martin Louis XIII chiquíssima, de cem anos (eu nem sabia que existia isso!), com garrafa Baccarat assinada, estojo de luxo e o escambau (crítica especializada aqui).

    Bom, a dita garrafa encontra-se num dos armários do escritório, há uns dois anos, lacrada, triste e pouco apreciada, já que eu não bebo, e que o povo da minha turma não bebe conhaque.

    Sequer a garrafa vazia me seduz como enfeite, porque, por incrível que pareça, já tenho uma.

    Agora, arrumando a casa pro aniversário da Bia no sábado que vem, dei com ela entre as garrafas úteis da casa, que serão consumidas na magna data.

    Resolvi dar uma googlada nela e quase caí das pernas: descobri que, nas lojas de bebidas online, ela custa a bagatela de U$ 1.400, U$ 1.500; no eBay, quando aparece, pode ser arrematada por preços que variam entre U$ 900 e U$ 1.200 (com certeza de gente que, como eu, não bebe mas teve a duvidosa sorte de ganhá-la em sorteio).

    Resumo da ópera: decidi torrar imediatamente esta Bela Antônia -- ou, até, trocá-la por algo útil de valor mais ou menos semelhante.

    Pode até ser bebida, mas bebida "normal", daquela que todo mundo bebe, tipo prosecco ou champagne.

    Tenho minhas dúvidas se gente com tal poder de fogo lê blogs, mas vai que alguém que conhece alguém que conhece alguém vê este anúncio...

    Propostas (decentes!) aqui nos comentários ou para cronai@well.com, OK?






    Gladys Marín

    Sozinha aqui no jornal, pesquisando umas coisas sobre o Panamá para a coluna de quinta-feira (que ainda não terminei de escrever), topei, por acaso, com uma notícia que me escapou: Gladys Marín, líder do Partido Comunista Chileno, morreu domingo passado.

    Uma vez, alguém disse que quem não é comunista aos 18 não tem coração, mas que quem continua comunista aos 40 não tem juízo.

    Pois, aos 18, eu adorava Gladys Marín.

    Hoje, lamento demais a sua morte, embora ache que quem ainda acredita em comunismo está a um passo de acreditar em Papai Noel. Não há utopia que sobreviva ao cardápio de atrocidades com que nos brindaram os governos comunistas mundo afora (ainda que, de comunismo de verdade, pouco tivessem; mas isso são outros 500).

    Num país como o Chile, no entanto, onde parte da população continua achando que Pinochet é um grande homem, ser comunista não era apenas questão política, era, sobretudo, questão ética.

    Por isso, apesar de todas as contradições e incongruências, continuei admirando Gladys Marín.

    Tenho o maior respeito por gente que luta pelos seus ideais sem fins lucrativos.

    PS: Violeta Isabel Parra escreveu uma das suas músicas mais bonitas para Gladys Marín. Chama-se Canção Versos para Gladys (muito obrigada pelos links, Tomzinho; minha memória, como se vê, não é muito confiável..). Se alguém souber onde encontro esta música por favor me avise. Ela me acompanhou em disco tanto tempo; um dia, sumiu numa mudança.

    Até hoje sinto saudades desta canção, para não falar naqueles tempos duros e ingênuos, em que a gente achava que era tão fácil dar jeito no mundo.





    8.3.05




    E, por falar nisso...

    Este é o lindo cartão que o Segmund me mandou pro Dia Internacional da Mulher, e que divido com todas as minhas amigas leitoras do blog.

    Muito obrigada, Segmund!






    Observatório da Imprensa

    Para os que se queixam que eu nunca aviso quando vou dar entrevista, olhaí: hoje, logo mais, às 22h30, vou participar do Observatório da Imprensa, na TVE.

    Desta vez me lembrei de avisar em tempo! :-D

    O programa é ao vivo, e a pauta trata da situação das mulheres nas redações e no jornalismo em geral.






    Deu na Folha

    Nelson Ascher escreveu este artigo sobre meu Pai:
    Escola de tradutores

    Paulo Rónai (1907-92), o intelectual húngaro que, fugindo da morte certa na Europa Central quando esta se encontrava à beira do apocalipse, trouxe de lá para o Brasil um know-how a respeito da tradução literária que nos fazia falta, batizou uma de suas melhores coletâneas ensaísticas de "Escola de Tradutores" (1952). Apesar do nome, o volume não é um manual sistemático do ofício, mas antes um conjunto de exemplos e sugestões derivados de seu exercício.

    O ensaísta e tradutor, que devia a sobrevivência ao apetite por línguas e autores mal conhecidos em seu país, obtivera o quase impossível visto que lhe permitira vir para cá no começo dos anos 40 porque, latinista de formação, responsável por versões para seu idioma de Horácio, entre outros, e especialista também em literatura francesa (divulgava seus conterrâneos em francês e os franceses em húngaro, além de ter feito tese sobre Balzac), dedicara-se apaixonadamente a se familiarizar com as demais neolatinas, chegando enfim ao português.

    Como bom centro-europeu, tão logo, com o auxílio de gramáticas e dicionários, dominou este idioma. Em vez de se interessar pelo que faziam os europeus do extremo oposto do continente, ele preferiu se aventurar em distâncias mais exóticas e, na véspera da eclosão da Segunda Guerra, verteu e publicou uma pequena antologia de poesia brasileira ("Brazíliai Üzen Mai Brazil Költök"/ "Mensagem do Brasil -- Poetas Brasileiros Contemporâneos", 1939), na qual incluiu jovens ainda virtualmente desconhecidos mesmo aqui, como Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Cecília Meirelles e Carlos Drummond de Andrade. É provavelmente dele a primeira tradução para qualquer idioma do poema-escândalo drummondiano sobre a pedra no meio do caminho, texto que debateu com alunos do liceu de Budapeste onde era professor.

    Buscando mais informações sobre o novo universo que lhe fora aberto, entrou em contato epistolar com o escritor santista Ribeiro Couto (1898-1963), que trabalhava como diplomata na Holanda. Pouco tempo depois, ele deu a público em seu país também uma antologia de seus versos. Foi em parte graças à tal amizade e a seus serviços em prol da divulgação da literatura brasileira na Hungria que Rónai pôde emigrar para a América do Sul quando as portas de todas as nações do mundo se fecharam para os judeus do Velho Mundo, ameaçados de extermínio pela expansão da Alemanha nazista.

    Estabelecendo-se nestes trópicos, sua curiosidade não só não se arrefeceu, como se aguçou, e o magiar tornou-se um dos primeiros a estudar a sério a obra dos poetas acima e esteve igualmente entre os pioneiros que reconheceram de imediato a importância do trabalho de Guimarães Rosa. Infelizmente, o interesse que existia e existe em sua terra natal pela cultura brasileira não dispunha de uma contrapartida local, de um interesse pelo que se fazia no seu canto original do continente.

    Devido a isso, ele passou muito de seu tempo não apresentando ao público nacional os clássicos húngaros, mas sim ensinando latim e prosseguindo em português sua divulgação de obras francesas. Embora talvez exista hoje um mercado para aquilo que, na época, apenas ele teria podido fazer, não era este o caso outrora.

    Vários tradutores brasileiros o haviam precedido no costume de aconselhar seus colegas de profissão, e um dos mais notáveis foi um tradutor oitocentista, o maranhense Manuel Odorico Mendes, que, nas notas às suas excepcionais versões de Homero e Virgílio, o fez explicando, às vezes minuciosamente, algumas de suas opções. O húngaro, porém, merece ser considerado o inaugurador no Brasil da abordagem empírica e pragmática dos problemas que quem quer que resolva transpor uma obra de um idioma estrangeiro para o nosso corre o risco de encontrar.

    Pois, apesar da propensão universitária (nem sempre inútil nas humanidades) a converter conclusões derivadas do corpo-a-corpo com a palavra escrita em doutrinas rebuscadas e abstratas, a tradução literária nunca deixou de ser uma tarefa eminentemente empírica, que se nutre da experiência de seus profissionais e que se aprende e se aperfeiçoa na medida em que é posta em prática.

    Há, sem dúvida, até críticos que se acreditam capazes de julgá-la lançando mão de teorias aparentemente bem fundamentadas e que acenam com a infalibilidade quase teológica do juízo objetivo. No entanto, assim como em qualquer outra arte que requer criatividade e imaginação, os méritos de uma tradução só podem ser inteligentemente avaliados pela leitura sensível e informada de seus resultados. Ou, formulado de modo diferente: se funciona, é bom; se não funciona, não há instituição ou Ph.D que salve o trabalho.

    Não obstante sua comprovada utilidade, seguem sendo escassos em nosso país os tomos que dêem continuidade ao exemplo oferecido por Rónai. Haroldo e Augusto de Campos desempenharam um papel central na explicitação dos recursos que contribuem para transformar um poema inglês, digamos, ou russo, alemão, provençal, num objeto esteticamente digno em português do Brasil. Seu empenho, todavia, foi a exceção, não a regra. E, embora eu tenha certa vez dado um breve curso sobre o assunto, sinto-me meio cético acerca da utilidade de discussões grupais. Orientar-se pelo "caminho das pedras" requer mais livros do que aulas. A literatura e tudo o que com ela se relaciona, incluindo sua tradução e leitura, são, afinal, afazeres solitários cuja meta última talvez seja justamente a de ampliar o espaço interior da individualidade. (Nelson Ascher)






    Enfim alguém que me entende!

    Andei tendo -- ainda estou tendo -- problemas muito esquisitos de conexão. Tudo fica leeeeeeeeeeeeento demais, no Blogger quase não consigo entrar, parece máquina bichada; mas o diabo é que, se for, é praga braba e geral, porque está acontecendo tanto lá no jornal quanto aqui em casa.

    Neste momento as coisas estão melhorzinhas e fui dar uma geral nos comentários. Pois não é que tinha vários que eu não tinha lido?! Entre eles, um que a Bia Badaud escreveu no dia 4, e que ainda agora me fez dar muita risada, vejam só:
    Mas, cara, vi gente revoltada e pessoalmente ofendida com a opinião pessoal da Cora sobre um prédio (aeroporto) da cidade (São Paulo), mesmo ela tendo feito as devidas ressalvas, e estava pensando, fazer blog é isso...

    Se vc escreve 'olá!!!! lindo dia!!!!' nego murmura que há tanta desgraça que é deselegante acordar feliz assim. Além de reclamarem veementes das exclamações.

    Se vc escreve 'acho isso ou aquilo feio' nego sai de onde estava pra vir comentar que isso ou aquilo é lindo, que só almas sebosas não enxergam.

    Se vc escreve bem é esnobe, se escreve mal é burro, se quer ajudar é piegas, se quer que se danem é insensível, se transcreve letras de músicas é sem assunto, se não escreve nada cadê você que sumiu, se elogia é puxa saco, se critica é mal amada.

    Ou seja, qual a principal qualidade que um blogueiro muito lido precisa ter? Hm?

    Paciência, muuuuuuuuuuuuuuuuita paciência... (Bia Badaud)





    7.3.05




    Viva Magaly!!!

    Pessoas, hoje é aniversário da Magaly, do Eu pensando, uma das pessoas mais queridas da blogosfera!

    Vamos todos lá cumprimentá-la pelos 78 anos!






    Ah, sim...

    É impressão minha ou o Opera está bem rapidinho?










    Cliques

    Fiz uma quantidade imensa de fotos no sábado passado, que teve um alvorecer incrível e um pôr-do-sol deslumbrante, e, entre um e outro, uma festa e muitas poses gozadas dos gatos.

    Pessoas estão longe de ser o meu forte mas, por acaso, as fotos de que mais gostei foram esses dois retratos, da Fátima Bernardes e do William Bonner na casa de um amigo, e do Raimundo lavando um dos carros aqui embaixo.

    Passei o domingo no computador, ainda enrolada com a mailbox e com as fotos que se acumulam aos milhares. Estou me devendo terminar de subir as séries do Panamá pro Flickr e as fotos do Prêmio Faz Diferença pro Fotki, mas... cadê tempo?!

    Por falar em Fotki: até o dia 4 de abril, o site está com a oferta imperdível de assinatura premium por U$ 25 anuais.

    Na minha opinião, o Fotki é, hoje, o melhor site de hospedagem de fotos. É ideal para subir fotos de festas ou de viagens para os amigos, ou para, pura e simplesmente, guardar as nossas fotinhas em segurança.

    Ele é, também, uma poderosa ferramenta de distribuição de fotos que, tenho certeza, deve estar sendo muito usada pela turma que coleciona pornôs -- mas a fachada que se vê, felizmente, é a das fotos públicas, inocentes, que não ofendem ninguém.

    Com a assinatura anual, não há limites para o armazenamento de imagens. Além disso, podem-se subir (e baixar) as fotos no tamanho original, até por FTP; basta ter banda para isso.

    O Fotki tem um jogo de ferramentas de ajuste e controle dos álbuns muito eficaz. Pode-se controlar quem vê o que, deixar comentários, mandar email.

    Não faço "vida social" por lá, digamos assim, já que uso o Flickr como diário visual; mas até nisso ele é bastante bom.

    A título de curiosidade: a página de estatísticas informa que, no momento, tenho 29 álbuns no ar, com 2.142 fotos, num total de 1.74Gb. Freqüento o site desde outubro de 2001, e minha atual assinatura vai até outubro de 2006.

    Iria até outubro deste ano, mas acabei de renovar com a oferta de U$ 25, metade do preço habitual...






    O lado dos bichos

    Perdi a participação da Ana Maria Pinheiro no Late Show ontem, mas atenção: ela foi convidada para voltar à Rede TV hoje, segunda, às dez, para conversar com a Glória Perez sobre a questão dos rodeios no programa da Luciana Gimenez.

    Vou fazer o possível para voltar para casa a tempo de assistir.





    5.3.05




    Gravíssima emergência animal!

    Escreve a Ana Valle:
    "Esses animais serão sacrificados a qualquer momento!

    Precisamos de lares temporários ou definitivos para eles com máxima urgência. Não posso dizer onde estão, pois foi uma condição imposta para que eu pudesse tirar as fotos e divulgar na internet, e com isso tentar salvá-los de alguma forma! Só posso dizer que estão em Niterói.

    Estes animais precisam de ajuda, divulguem, por favor!

  • Fêmea - mestiça de poodle cinza, castrada, adulta.
  • Macho - Dogue Alemão de olhos azuis. Está com algumas pequenas feridas e muito, muito magro.
  • Filhotes (não sei o sexo) ? 1 caramelo com focinho e peito brancos e 1 preto com focinho e peito brancos e manchinhas caramelo no focinho
  • Filhote (não sei o sexo) ? preto com manchinha pequena branca no peito
  • Fêmea ? Vira-lata caramelo, adulta, porte médio.
  • Macho ? lindo vira-lata branco peludinho. Está muito triste.
  • Macho ? Poodle cinza com catarata em um dos olhos, adulto.
  • Macho - vira-lata caramelo de olhos amarelos, muito bonito, de porte grande, adulto.
  • Macho ? mestiço de Cocker Spaniel branco e preto peludo. Tem catarata em um dos olhos. Está muito maltratado.
  • Fêmea ? vira-lata dourada, muito alegre e que está desesperada pra sair do canil. Ela tem os caninos de baixo bem grandes, o que a deixa com a cara muito engraça. É adulta, não muito jovem.
  • Macho ? vira-lata branco com machas douradas, porte médio, adulto.
  • Macho ? Rottweiler grande, cabeçudo, com patão. Muito bonito, parece de exposição.
  • Macho ? Rottweiler macho, bem grande, adulto.
  • Fêmea ? Rottweiler mestiça, porte grade, jovem.
  • Gatos, muitos gatos, de todas as idades e tamanhos, alguns bem debilitados.

    Enquanto as pessoas continuarem a tratar animais como mercadoria, e não como uma vida, a quantidade de animais abandonados não diminuirá.

    Enquanto animais como estes da foto estão morrendo, pessoas estão comprando animais no Campo de São Bento, no Plaza, em pet shops, em canis...

    Precisamos conscientizar a população para a importância da castração, da adoção e da posse responsável. E o que você pode fazer para ajudar?

  • Castre seu animal! Não opte pelo nascimento de mais animais enquanto milhares estão nas ruas ou em abrigos em todo país. Fale com seus amigos para fazerem o mesmo. Sempre tem um vizinho ou amigo reclamando da fêmea que engravidou de novo ou do macho com problemas de comportamento. Castração é a solução!

  • Adote! Não estimule o comércio descontrolado de animais. Fale com seus amigos para fazerem o mesmo. Sempre tem um vizinho ou amigo dizendo que quer comprar um animal. Fale com ele para adotar!

  • Divulgue! Mande esta imagem e este texto para seus amigos por e-mail. Telefone para seus amigos que moram em casa em Niterói e pergunte se ele não adotaria mais um cachorro. Um pequeno animal não ocupa muito espaço no quintal e muitos possuem condições financeiras para ter mais um cachorro. Telefone para seus amigos que moram em apartamento e não possuem animais e pergunte se eles não adotariam um gato. O gato é um animal extremamente limpo, que dá muito menos trabalho que um cachorro. Não é preciso dar banhos freqüentes, levar pra passear, além de ser mais silencioso que o cachorro. E, ao contrário do que dizem, não é nem um pouco traiçoeiro e, sim, muito carinhoso.

    Poste essa imagem e esse texto no seu blog ou fotolog. O fotolog disponibiliza 365 posts por ano. Será que um dia em que você não postar uma foto sua fará diferença? Só se for pro animal que você pode estar salvando a vida...

    Contato: viralatasnit@gmail.com

    Ana Paula, protetora que está ajudando a conseguir um lar para estes animais: 9926-5512.

    Conto com a ajuda de vocês,
    Ana Valle










  • Capivárias!

    Depois da família linda que é atração em Barra Mansa, apresentada pelo Ancelmo na coluna de ontem, eis outro grupo de capivaras que anda fazendo sucesso. Essas simpatias vivem em São Lourenço, onde foram vistas e devidamente clicadas pela Márcia, que aparece na foto de baixo:
    "Viajei pra São Lourenço no Carnaval e aproveitei pra estrear a minha primeira câmera digital. Ontem à tarde estava passeando no Parque das Águas e eis que vejo uma cena e tanto: uma família de capivaras comendo na beira do lago! Nem preciso dizer que elas estavam fazendo o maior sucesso. Foram muito fotografadas (mais que a Luma de Oliveira na frente da bateria!). Decididamente, esse verão tem como musas as capivaras. (Márcia)
    Fico muito feliz em ver como as bichinhas estão na moda. Elas são lindas, pacíficas e convivem bem com gente; é ótimo que as pessoas passem a conhecê-las melhor e aprendam a valorizá-las.

    Por outro lado, fico triste demais quando penso que nós também podíamos ter uma pequena colônia de capivaras aqui no Rio -- e que (como em todo o resto dos assuntos da cidade) as autoridades não tão nem aí.

    Vocês podem achar cisma minha, mania de bixo grilo, mas são detalhes assim que fazem o charme de uma cidade. Eu mesma tenho o orgulho de ser proprietária de uma pequena câmera digital com marcas de bicadas de garças que vivem no Panamá, no Palácio das Garças (et pour cause).

    Um palácio é o local ideal para garças viverem? Nào, claro que não. Mas as de lá estão bonitas e bem alimentadas, são curiosas e interagem com os humanos numa boa. Como eu já disse algumas vezes, nós também não fomos projetados para vivermos em apartamento com luz elétrica, mas nem por isso nossas vidas são ruins.

    Capivaras, cotias, micos, tamanduás e que outros bichos crescidos em áreas urbanas acham perfeitamente normais as suas vidinhas -- e, de quebra, contribuem muito para melhorar o astral dos bípedes a quem dão a honra das suas presenças.





    4.3.05


    Viva Polícia!

    A maioria das ONGs que se dedicam à defesa dos direitos humanos aqui no Rio tem sido extremamente omissa em relação à Polícia. É como se os policiais não fossem humanos nem tivessem direitos; como se a morte de um policial fosse algo "normal", e a de um bandido um fato excepcional.

    A contabilidade é triste. A toda hora morrem policiais em confronto com bandidos, quando não simplesmente assassinados a sangue frio, e não há uma ONG que procure as famílias, que dê um alô, que -- pelo menos! -- compareça aos enterros.

    Com a ditadura militar, ficou difícil para nós, civis, olharmos para pessoas fardadas sem desconfiança; no nosso incosciente, "eles" ainda são o inimigo. Além disso, depois de tanto ler e presenciar atos de violência praticados por policiais, é difícil parar para pensar sobre o assunto e tentar mudar conceitos formados ao longo de tantos anos de repressão e de "Chame o ladrão!".

    Tem mais. Para quem ama a paz, a violência é sempre abominável. Ora, como a bandidagem não usa uniforme, a imagem do que nos assusta acaba, lamentavelmente, se materializando nas fardas.

    Pois acho que tinhamos que fazer um esforço para olharmos para a polícia com objetividade e sem preconceito. Há muitos policiais do bem, e é com eles -- e apenas com eles -- que contamos para sair do buraco da insegurança em que estamos metidos.

    Acho, sinceramente, que a sociedade devia tratar melhor a polícia.

    Devia pagar melhor a esses homens e mulheres que tantas vezes se arriscam por nós, devia estimular mais os bons policiais e sobretudo devia, repito, deixar o preconceito de lado.

    Com quem é que os bons policiais podem contar se não for conosco?! Os bandidos querem dar cabo deles, os maus colegas querem vê-los longe e a secretaria de segurança... bom, essa, nem falar.

    Apenas imaginem a humilhação que é ser "comandado" do Garotinho.

    Às vezes discuto essa questão com colegas. Os mais radicais dizem que não adianta, que 80% dos PMs são corruptos, e que metade dos policiais civis também são.

    Não tenho como avaliar estatísticas assim, não sou especialista em polícia, mas tenho certeza absoluta de uma coisa: 100% dos bandidos são bandidos.

    Por isso, fiquei contente quando foi criada a ONG Viva Polícia, que vai fazer o que as outras, burramente, não fazem, ou seja, dar força a profissionais tão injustiçados; e estou contente agora, que seu website entrou no ar.

    Boa sorte, Viva Polícia!






    Panamá¡: it's a jungle out there!





    Há novas fotos no Flickr: uma série de floresta!







    Emergência felina!

    Na linha, a incansável dra. Andréa Lambert:
    Este lindo filhotinho de 2 meses foi abandonado no Hospital Municipal Souza Aguiar com a pata quebrada e o com a pele do queixo descolada. A fratura da pata dianteira esquerda rachou o osso do gatinho e agora ele precisa de muito repouso e medicação para consolidar.

    Depois é claro, vai precisar de um bom dono. Alguém já se habilita a adotá-lo?

    Para ele se recuperar rápido, preciso de medicamento e de uma boa ração de filhote. Estou com muitos filhotes para adoção, uns 20, e com muita despesa com ração e medicamentos. Ainda tem os adultos, que são uns 50, e que esperam um lar.

    Portanto estou procurando um padrinho ou madrinha para esta gracinha para ajudar no tratamento e cuidados especiais, ou outro gatinho filhote ou adulto. Abraços, Andrea Lambert





    3.3.05





    Happy End

    Gente, muito obrigada pela força durante o meu ataque de mau humor agudo! Vocês se lembram de um filme chamado, se não me engano, "A noite dos deesesperados" (em inglês, "They shoot horses, don't they?")? Pois é: eu estava me sentindo mais ou menos como os personagens daquele filme, muito, mas muuuuuuuuuuuito cansada.

    Mesmo.

    No fim, como sempre, deu tudo certo: consegui ir à Telexpo, escrever a crônica (e escolher a foto, tarefa que às vezes é mais difícil do que escrever; desta vez foi), voltar à Telexpo no dia seguinte e, enfim, chegar no Rio a tempo para a entrega do Prêmio Faz Diferença, do Globo -- que, como no ano passado, foi uma cerimônia bonita e emocionante.

    Agora, tendo dormido quase nove horas diretas (não me lembro de quando isso aconteceu pela última vez!), tendo sido devidamente paparicada pelos quadrupinhos e tendo comido um belo prato de arroz, ovo frito e banana, estou me sentindo de novo um ser humano normal e feliz.

    Depois conto mais da festa. Por enquanto, ficam aí duas fotinhas. Ana Cristina Reis e Artur Xexéo, clicados por mim, e Ascânio Seleme e Cora Rónai, clicados por Arnaldo Bloch oops, pelo Mineiro!

    A gente briga mas a gente se ama... ;-)










    Suíça lava mais branco,
    mas Panamá se diverte melhor


    Quando Mamãe descobriu que o Panamá era um país, ficou muito intrigada: por que diabos alguém daria justamente aquele nome a um país? Ela era criança e vivia em Budapeste, onde panamá era substantivo simples, a palavra então corrente para designar maracutaia. Esta acepção pouco meritória do termo era comum em quase toda a Europa, e chegou ao Brasil, onde, do alto da nossa incorruptibilidade e elevados valores morais, enchíamos a boca para denunciar panamás de toda a espécie.

    Quando embarquei para o Panamá há pouco mais de uma semana, esta era uma das poucas coisas que sabia a respeito de lá, junto com o mais lindo dos palíndromos de língua inglesa ("A man, a plan, a canal: Panama") e a informação perfeitamente inútil de que os panamás -- chapéus, não maracutaias -- vêm, na verdade, do Equador.

    O resto era mistério.

    Não achei um só guia de turismo nas livrarias e, mesmo na internet, o que encontrei foi pouco e irrelevante. O país teimava em permanecer oculto por trás de filmes de aventura, romances de espionagem e sua reputação de habitat de contrabandistas e malfeitores, espécie de tinturaria universal dos maus dinheiros do mundo.

    Algo, em suma, entre a ficção e a caricatura, quintessência da proverbial república das bananas.

    Agora, mal desembarcada, quero voltar o quanto antes. Acontece que descobri no Panamá um dos países mais bonitos, simpáticos e divertidos que já visitei. A gente começa a perceber que há algo de diferente por lá assim que sai do aeroporto e cruza com um ônibus na rua: em vez das frotas banais que se encontram mundo afora, os ônibus panamenhos são coletivos cheios de personalidade. Mesmo porque, até onde eu saiba, o Panamá é o único país onde eles pertencem a indivíduos e não a empresas. Como não há qualquer regulamentação oficial em relação à sua aparência, os motoristas capricham na concorrência.

    Por baixo da casca esfuziante dos "diablos rojos", como são conhecidos, existem velhos e inocentes ônibus escolares americanos. Alguns ainda guardam, aqui e ali, o amarelo tradicional de nascença; mas vê-se que isso é só até o colectivero juntar plata suficiente para mandar pintar mais um cartão-postal, mais uma cena campestre, mais umas mulheres bonitas, uns santos ou uns produtinhos básicos que pagam pela publicidade. Na foto, a lateral de um diablo rojo exibe, orgulhosa, a magnífica Catedral do Casco Viejo, parte colonial da cidade.

    Esta curiosa arte sobre rodas chega ao ápice nas chivas parranderas, que também existem na vizinha Colômbia, e que não têm percurso definido. Elas são ônibus de festa, freqüentemente abertos na lateral, como bondes, onde vai instalado um conjunto de música tradicional e, em frente a cada banco, uma estante com balde de gelo, copos, refrigerantes e... ho-ho-ho, uma garrafa de rum!

    Os panamenhos alugam as chivas como quem aluga um salão de baile, e saem festejando pelas ruas e estradas. Só vi coisa parecida em Helsinki, onde um bonde disfarçado de bar, ou vice-versa, alegrava as ruas geladas. Mas, enquanto o bar ambulante finlandês era o que havia de chique e reservado, as chivas são, definitivamente, a alegria do povo.

    Bota alegria nisso! Depois de umas voltas, saí cantando música típica como se tivesse nascido em Chiquiri. Mesmo agora, escrevendo sozinha num quarto de hotel em São Paulo, rio quando penso no passeio -- e olhem que nem ao menos eu bebo!

    Claro que chivas parranderas e diablos rojos são apenas detalhes de um todo indescritivelmente mais amplo -- embora o que não falte ao Panamá sejam detalhes pitorescos. A moeda local, o balboa, é um deles.

    O balboa é um dinheiro-fantasma, que só existe em referências e moedinhas. Devido a um acordo feito com os EUA em princípios do século XX, não há cédulas de balboas em circulação, apenas dólares: é que o acordo previa que o tesouro americano fabricaria o dinheiro panamenho, o que realmente acontece até hoje, mas em nenhum momento ninguém se lembrou de fazer referência a papel.

    * * *

    Pouco mais de 80 quilômetros separam o Pacífico do Atlântico no Panamá. Entre um oceano e outro há uma ferrovia que liga as duas pontas, há cidades lindas com muita arquitetura colonial, uma zona franca que só perde para a de Hong Kong, cassinos, barzinhos e festa, muita festa; há ilhas de sonho, rios, montanhas e a floresta tropical praticamente intacta, onipresente, que é a alma do país. Há um povo acolhedor e gentil, há ótima comida e um clima quente mas agradável.

    Há também um certo Canal -- mas este fica para a semana que vem.

    (O Globo, Segundo Caderno, 3.3.2005)





    2.3.05






    Onde está Wally

    O vôo do Panamá ao Brasil é ótimo: é diurno, dura seis horas e passa por uns lugares muito bonitos de ver lá de cima. Chato, para nós cariocas, é a hora que chega a São Paulo: 20h30. Isto é, total correria para pegar malas, passar pela alfândega, ir até o outro terminal e às 22h00 -- ufa! -- pegar o último vôo pro Rio.

    Pro Galeão.

    Se a gente não quiser perder o vôo, free shop, que é bom, nem pensar.

    Eu ODEIO Guarulhos!!!

    De todos os aeroportos que já vi, e olhem que já vi um bocado de aeroporto, é o mais burro, desagradável, ruim de usar. Não importa onde pára o avião, a porta da conexão fica, invariavelmente, do outro lado.

    E tome a andar quilômetros, em círculos, vendo, através do vidro, o próximo portão de embarque a uns poucos metros de distância, numa reta imaginária.

    Ódio ódio, raiva raiva.

    Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr.

    Pronto, agora que já desabafei, posso continuar.

    Cheguei em casa tarde; a Bia & os gatos me receberam alegres e carinhosos, mas nem esquentei lugar.

    Ontem mesmo (para mim, ainda hoje) a Luiza ligou cedo, lembrando que eu precisava tomar o rumo de... São Paulo!

    Telexpo.

    Peguei a maletinha pequena de novo, para desconsolo dos gatos, que mal acreditavam no que estavam vendo, e vim pra cá, chiando e bufando.

    Agora é tarde de novo, e estou às voltas com a coluna de quinta. O quarto é simpático e confortável, mas está a milhas de distância (literalmente!) do que eu tinha em mente.

    Estou hospedada no Novotel, perto do Expocenter Norte, onde acontece a Telexpo. Visto de fora, parece um complexo penitenciário, sem tirar nem pôr; felizmente, por dentro, é amável e competente.

    Antes assim.

    Amanhã volto pro Rio correndo, porque à noite vai ao ar o Faz Diferença, do Globo, e eu entrego um dos prêmios (o de cinema, do Waltinho Salles, mas ele não está no Brasil e alguém vai receber no seu -- dele -- lugar, que pena...).

    Por falar em prêmio: é implicância minha, ou a coisa mais insuportável é ler que este ou aquele prêmio é "o Oscar disso", "o Oscar daquilo"? Será que não há outro parâmetro de excelência na face da Terra?!

    Ah, acho que o cansaço está me deixando de mau humor; liguem não.

    Eu quero a minha casa!!!

    Eu quero a minha cama!!!

    Eu quero os meus gatinhos!!!

    Eu quero dormir!!!

    Eu não quero trabalhar mais hoje!!!

    Buááááááááááááááááááááááááááááááááááá!!!