26.1.09

Terabytes de bolso

Todos nós temos algumas empresas de estimação, digamos assim, que gostamos de acompanhar. Uma das minhas favoritas é, estranhamente, a EMC. Digo estranhamente porque poucas empresas poderiam ter perfil mais corporativo do que a gigante dos sistemas de armazenamento de dados, e o mundo corporativo está longe de ser atraente para quem, como eu, curte gadgets e ferramentas para usuários finais; por outro lado, poucas coisas são mais emocionantes no mundo da tecnologia do que a armazenagem de dados, sem a qual nada do que estamos vivendo hoje seria possível. Para mim, pois, sempre foi motivo de frustração ver a EMC tão longe da temática do velho Info etc.; mas isso mudou em junho passado, quando ela comprou a Iomega, fabricante de discos externos.

Essa compra fez muito sentido. Antigamente, a maior massa de dados era produzida por pessoas jurídicas; hoje, com a quantidade de fotos digitais, filmes, arquivos de música e outros devoradores de megabytes, ninguém produz nem armazena tantos dados quanto os usuários finais, responsáveis por estonteantes 70% do volume total do planeta. É para eles, pois, que a EMC volta as suas atenções.

Na última terça-feira, Joel Schwartz, vice-presidente mundial da EMC, encontrou-se com a imprensa, em São Paulo, para falar sobre algumas mudanças de estratégia no Brasil, que ainda não é um grande consumidor de discos externos. A questão é menos cultural do que logística e financeira. Schwartz a atribui aos preços, quatro vezes mais caros do que nos Estados Unidos, em parte por causa de uma cadeia de distribuição ineficiente. É aí que a EMC pretende mexer uns pauzinhos, eventualmente fabricando alguma coisa Iomega aqui, mas, sobretudo, fazendo acordos diretos com as grandes redes de varejo. Com isso, os preços devem cair entre 25% e 45% nos próximos três, quatro meses.

Conversando com o simpático vice-presidente na hora do almoço, descobri alguns fatos interessantes:

-- Você conhece a Lei de Moore, não conhece? – perguntou ele, referindo-se ao axioma de Gordon Moore, segundo o qual o poder de processamento dos chips dobraria a cada dois anos. – Ela se aplica, em certa proporção, ao mundo da armazenagem de dados, onde a cada ano se produzem 60% a mais de dados, armazenados a um custo 35% menor. Isso tem sido uma constante na indústria. O resultado é que, hoje, prevemos que, em cinco anos, uma residência média terá cerca de 10 Terabytes armazenados. Isso é mais do que os maiores bancos tinham há cinco anos!


(O Globo, Revista Digital, 26.1.2009)

Subi um álbum com fotos de alguns modelos dos drives Iomega; está AQUI.

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