26.1.09


Adeus, xará!

Como vários de vocês já sabem pelos comentários, minha linda xará do Bosque da Barra, a Cora capivara, foi encontrada morta na terça-feira, dia 20; na sexta anterior, quando a Layla foi visitá-la, estava ótima e contente com a numerosa família.

Fiquei arrasada; nunca conheci capivara mais dócil e gentil, e me lembro com muita ternura, e orgulho também, dos encontros que tivemos, em que cheirou com interesse a minha cara, e me deixou acariciar seu focinho.

Conversei muito rápido com a Layla, pelo telefone; estavamos as duas a ponto de cair no choro, e eu sou da escola antiga, que não chora em público, ainda que "em público", no caso, fosse só a minha querida amiga.

Decidi passar o dia fora de casa, em parte para me distrair, em parte para não deixar os gatos aflitos. Eles percebem perfeitamente quando estou triste, e ultimamente a Famiglia já teve motivos de tristeza de sobra.

Desde que cheguei estou ouvindo Mozart, um santo remédio.

Algo estranho está acontecendo no Bosque da Barra, onde várias capivaras tem aparecido mortas de uma hora para a outra, sem que aparentassem manifestar qualquer tipo de doença. Não acredito que tenham sido mortas por pessoas, primeiro porque o Bosque é bem policiado, e depois, porque, se assim fosse, teriam sido levadas para virar churrasco.

Layla me disse que há jararacas por lá. É uma possibilidade, mas cobras tem medo de bichos maiores do que elas, e mordem para se defender; elas preferem ficar quietas, em lugares escondidos. Não me parece provável um ninho de cobras justamente no caminho das capivaras.

Por outro lado, a vida dos bichos silvestres tem tantos mistérios...

Aqui está parte do que a Layla escreveu:
"Hoje, cheguei no bosque às oito da manhã, para ter certeza. Gostaria tanto que não fosse verdade. Chamei e logo vieram uma Corinha, uma Corita e as quatro caçulinhas (pois uma partiu também); eram cinco, lembram? Vieram correndo ao meu encontro, mas a maior era a Corinha, e não a Cora, e ela assumiu o papel da mãe cuidando das irmãzinhas menores.

Estava com um machucado (parece um corte) grande no lombo e com bicheira. Coloquei um comprimido de capstar na banana e ela comeu na minha mão. Acho que vai acabar se chegando como a mãe dela. Uma das bebezinhas mamou nela. Não sei se ela foi estimulada a produzir leite, ou se a pequena estava só mamando sem conseguir nada, mas fotografei isso.

Vou continuar dando atenção às filhas da Cora-capi como sempre cuidei dela. Também consegui jogar povidine no machucado dela (felizmente acertei a pontaria, pois dei o jato de longe e foi direto dentro do corte). Espero que quando eu for lá na terça-feira, este ferimento esteja secando...

Não sei mais o que dizer... só agradeço a Deus a oportunidade de ter conseguido esta amizade tão bonita com a Cora-capi... e a continuidade com suas crias. Terei imensa saudade dela sempre."

Há muitas e muitas fotos da Cora e de sua família, uma mais linda que a outra, no Flickr da Layla.

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