12.12.04



Leia hoje, no Globo

O Globo traz uma grande repostagem sobre a capivara. A consternação com a sua apressada transferência para a reserva é geral; as únicas pessoas que acham que ela estará melhor na Reduc do que na Lagoa são, justamente, as que menos a conhecem: os veterinários de Niterói.

Cada declaração que dão é pior que a anterior.

Depois de recomendar à população que chame os bombeiros sempre que topar com animais deslocados -- o que, depois do triste espetáculo de ontem, é no mínimo questionável -- agora se saem com essa:
O veterinário André Sena Maia, do zoológico de Niterói, disse que se a capivara fosse mantida na Lagoa, poderia voltar para a praia, pondo sua própria vida e a dos banhistas em risco.

-- Por instinto, ela aprendeu o caminho até a praia. Provavelmente, saiu em busca de comida. Teve gente que a confundiu com cachorro e porco. Imagine o que aconteceria se ela aparecesse em Ipanema num fim de semana de sol, com praia lotada? Poderia até ser morta -- disse ele, acrescentando que, no caso de uma mortandade de peixes, o roedor poderia ser contaminado.

Ele pode até entender de capivara, mas da capivara da Lagoa não entende NADA. A capivara jamais sairia pelo canal em busca de comida; o que mais há no trecho entre o Vasco e o canal é aquele capim que ela come, e que a deixou tão robusta.

Ela não aprendeu o caminho para a praia; ela foi, ao que se saiba, esta única e exclusiva vez até lá. Mas não vejo como poderia pôr a vida dos banhistas em risco. Na verdade, nem vejo como iria até a praia num domingo de sol: ela não é chegada a multidões.

Ainda assim, supondo que fosse, ouso arriscar o palpite de que seria bem recebida. Uma ou outra pessoa pode ser mais agressiva, mas coletivamente a turma da praia é de paz. Já vi salvamentos de cães e de aves feridas feitos por populares bem mais competentes do que o "salvamento" feito pelos bombeiros.

Finalmente, quanto à mortandade de peixes: as capivaras já passaram incólumes por pelo menos duas mortandades. Elas são roedores, isto é, uns ratões resistentes.

A tal ponto, que há capivaras sobrevivendo muito bem em São Paulo, no Tietê ou no Pinheiros (não lembro qual).

Finalmente, é lógico que uma capivara vigiada por tanta gente como são as da Lagoa está em muito mais segurança do que uma coitada abandonada numa reserva onde, é sabido, a caça clandestina come solta.

Mais uma vez, a única pessoa que acha que tudo está bem lá é a diretora do Zoológico de Niterói, ainda mais desinformada do que o dr. André. Vejam o que declarou ao Dia:
A vida da mais nova revelação de Ipanema vai ser muito diferente a partir de agora. Antes, quando morava na Lagoa, era alimentada por seres humanos que praticamente a adotaram como bicho de estimação. "Um quiosque dava comida todos os dias. Mas se trata de um animal herbívoro que deve se alimentar no mangue, como vivem as outras capivaras com quem ficará", explicou Gizelda.

De todas as besteiras ditas em relação à capivara, esta talvez seja a mais esdrúxula. A capivara se alimentando num quiosque é fantasia delirante de quem não conhece nem a capivara, nem a Lagoa.

Vai ver a doutora acha também que ela pagava o almoço com tíquete-refeição.

Aliás: Vejam na foto abaixo se essa capivara precisava ir para a praia ou para um quiosque para se alimentar...

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