27.3.11

Nova conversa sobre velhos vícios





Uma das queixas de quem já se viciou no Instagram (vale dizer praticamente todo mundo que já subiu uma foto para o site) é que é impossível acompanhar as fotos de um PC. Não mais. Graças ao denodado engenheiro de software Rakshith Krishnappa, um indiano de Bangalore que trabalha na Intel mas nas horas vagas desenvolve brinquedinhos para facilitar a vida das pessoas, está no ar o Gramfeed (www.gramfeed.com), onde se podem não só ver as fotos postadas como também curtir e escrever comentários, tarefa muito mais simples num teclado de verdade do que no tecladinho do iPhone. Muito prático!

A única coisa que o programa não permite fazer, por enquanto, é subir fotos através do computador, porque a Instagram não liberou a API para isso. Acho que agiu bem. A graça do Instagram é a mobilidade e o uso do celular. Se tudo puder ser feito a partir dos computadores, ele vai se tornar apenas mais uma comunidade fotográfica, e perder aquele plus a menos, digamos assim, que o torna tão especial. 

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Março chegou, março quase passou, e nada da versão Android do Instagram prometida para esse mês. Já era tempo: a brincadeira fica meio sem graça restrita apenas a usuários de iPhone. Há todo um mundo de smartphones Android espalhados por aí cujos donos têm, com certeza, muito a mostrar.

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O Android Market brasileiro está na fila de espera também para o novo Angry Birds Rio; e é outra frustração ver que a recém-lançada Appstore da Amazon não vale ainda para o Brasil. Lá o joguinho está em primeiro lugar entre os aplicativos gratuitos. É que a Amazon appstore estreou oferecendo de graça a versão paga do game, e pretende ter sempre um presente do tipo para os usuários.

O jogo, que ocupa o primeiro lugar também na lista da Appstore da Apple, está caprichado, com trilha sonora em ritmo de samba e efeitos especiais cinematográficos na marcação dos pontos. Tem 60 níveis em dois cenários, o barracão dos contrabandistas de animais silvestres e a fuga pela floresta. No barracão dos contrabandistas, os passarinhos têm que derrubar as gaiolas onde estão presos outros pássaros; na floresta, devem dar cabo de micos, que tomaram o lugar dos porcos como inimigos número um das penosas.

O primeiro cenário é facílimo e chega a desapontar um pouco pela falta de maiores dificuldades estratégicas; no segundo, as coisas ficam mais complicadas e, consequentemente, mais divertidas. Detalhe importante: há espaços reservados na abertura do jogo para updates com novos cenários em maio, julho, outubro e novembro. Detalhe sem importância, mas muito engraçadinho: no barracão dos contrabandistas, há um passarinho que pia em português: “Aquiiiii!”.

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Aliás e a propósito: sobre a queda-de-braço entre o Ministério da Justiça e a Apple em relação aos jogos, meu amigo Tom Taborda faz uma observação muito pertinente em relação à postura das nossas autoridades:

“Típica inversão de valores brasileira: rigor com joguinhos e absoluto descaso com Normas Técnicas nacionais. Se a Apple pretende vender seus produtos aqui, deveria ser obrigada a respeitar nosso teclado ABNT2.
Na Apple Store de Portugal é possível comprar o teclado Bluetooth não apenas no padrão português, mas também nas seguintes configurações regionais: Belga, Italiano, Inglês (US), Francês, Alemão, Suíço, Sueco, Russo, Inglês (UK), Dinamarquês, Holandês, Norueguês e Espanhol...

Sem falar que lá esse teclado custa 71,00 € (~R$ 168 ) e aqui, com a opção única do padrão americano, sai a R$ 230.”

Pois é.


(O Globo, Economia, 26.3.2011) 

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