31.12.09

Os véinhos não gostaram das novidades...



Foi assim:

Desde que voltei da Índia, comecei a pensar em adotar um gatinho para a Lolita. As relações dela com os véinhos estavam complicadas, porque ela quer brincar e eles, é claro, querem paz e sossego.

Pois oito filhotinhos foram abandonados em Botafogo em vésperas do Natal. Modelos sortidos. Isso era importante para mim, porque não queria adotar ninguém parecido com os que perdi recentemente.

Entre as fotos do email da Valéria, uma branquinha, em especial, me cativou. E aí fui lá buscar, porque achei que seria muito alvissareiro passar o Ano Novo com a Famiglia reconfigurada.

Quando cheguei na casa da Patrícia, que recolheu os bichinhos, o pretinho básico (que é de uma leva um pouco mais velha) se enroscou aos meus pés e começou a ronronar.

Dava para resistir?

Ainda não sei como se chamam; às vezes eles demoram para contar isso para a gente.

* * *

O povo da casa ficou, como era de se esperar, terrivelmente contrariado. Pipoca se refugiou no meu quarto, Keaton e Tutu se abancaram na escrivaninha e a Lolita não quer papo.

Mas ofendido de verdade ficou o Lucas, que não quer conversa comigo e passou o dia se lamentando em altos brados.

Acho que já já isso passa...

Tem gente nova no pedaço... :-)

Meu ano, em três tempos



Houve uma crônica que eu quis escrever várias vezes ao longo do ano, a começar pelo momento em que soubemos que a Bia estava grávida. Não sou avó de primeira viagem, mas como Emília, Joe e Alicia moram nos Estados Unidos, um bebê Made in Brazil é grande novidade na família. A crônica não saiu porque a Bia não só não gosta de ser personagem como, ainda por cima, achava pouco auspicioso falar tão cedo da gravidez.

Depois houve a ultrassonografia que revelou os gêmeos, e que deu origem ao apelido de Tatuís que ambos têm até hoje; e, um mês depois, a que mostrou que eram menino e menina. Filha grávida é uma crônica ambulante, mas vocês sabem como é, não se deve contrariar as grávidas. De modo que fiquei quieta no meu canto, sofrendo em silêncio com o desperdício de material.

Fábio e Nina nasceram no dia 1 de agosto, lindos, roliços e completamente diferentes um do outro. Ele tem olhos escuros, é risonho e de boa paz; ela tem olhos azuis e é uma autêntica ferinha. Agora, que já descobriram que podem produzir outros barulhos além do choro, Fábio se diverte com monossílabos e risadas, enquanto Nina se espanta com os próprios gritos, dignos da Castafiore.

Sei que todas as avós dizem isso, mas é a mais absoluta verdade, até porque eu jamais mentiria para vocês: os dois são o que há de mais bonitinho, especialmente quando estão juntos.

Mãe de adultos há muito tempo, eu já tinha me esquecido de como é um bebê. Por causa da distância, não pude acompanhar o crescimento dos filhos do Paulinho: eu os conhecia zero quilômetro e, quando nos encontrávamos de novo, já eram criancinhas. Hoje Emilia é mais alta do que eu, e Joe e Alicia vão pelo mesmo caminho.

Os Tatuís, porém, são parte constante do nosso cotidiano, com seus carrinhos, suas fraldas, suas mudas infindáveis de roupas. Cada progresso circula pela família em tempo real (Beberam suco de laranja lima! Comeram banana! Descobriram os próprios pés!) e é como se fosse algo único, inédito, quase milagroso.

É difícil imaginar que cada um de nós, e cada pessoa na multidão, e cada ser humano que jamais andou sobre a Terra, fez as mesmíssimas coisas, e foi igualmente frágil e inocente. Mais difícil ainda é pensar que, num piscar de olhos, os dois serão adultos, terão as mesmas atribulações de todo mundo e, provavelmente, acharão irritante e ridícula a mania da vó de chamá-los de Tatuis.

Fábio e Nina foram a grande alegria de 2009.

* * *

Na última crônica que escrevi antes de viajar para a Índia, contei que Irineu, o frajola carismático que encontrei no estacionamento do jornal, estava gravemente doente. A situação era pior do que imaginávamos. Poucos dias antes da viagem, meu gatinho querido perdeu a batalha contra a leucemia felina.

Como disse o Riq Freire, ele foi um gentleman até na hora de ir embora; eu não teria tido coragem de embarcar deixando-o tão mal.

Cada bicho que se perde é uma grande dor, mas há um mínimo de consolo na morte que vem depois de uma vida longa e bem aproveitada. No caso do Irineu, tão carinhoso, engraçado e novinho, nem isso. No final, nos raros momentos em que se sentia bem, ainda brincava como o filhotão que era. O que mais gostava de fazer era pegar, no ar, as bolinhas de papel que jogávamos para ele, afogá-las uma a uma no bebedouro e, orgulhoso, trazer-nos a “caça”, bem encharcada.

Irineu foi a maior perda quadrúpede da minha vida, e a grande tristeza de 2009.

* * *

A grande aventura do ano foi, é claro, a viagem à Índia, sobre a qual vocês leram um bocado aqui e talvez ainda venham a ler, de tanto que gostei do país. A verdade é que ainda não consegui chegar direito. Parte de mim continua perdida naquele mundo de cores e de vacas sagradas, sonhando com o deserto de um lado e com os mercados abarrotados de gente do outro. Sinto falta dos camelos, das cabras e dos elefantes, dos bandos de macacos mansos, da cantoria constante dos pássaros e da tranqüilidade com que bípedes e quadrúpedes convivem por toda a parte. Estou me sentindo órfã da liberdade de ser, que na nossa sociedade obcecada com juventude e com uma forma impossível inexiste para quem tem mais de 30 anos e 40 quilos, e da felicidade de andar no meio da multidão levando dinheiro, câmeras e celulares em absoluta segurança.

Outra grande vantagem da Índia é que ela fica longe, muito longe. No interior, então, o Brasil não chega a ser nem uma miragem. Assim, pude evitar a fúria e a vergonha de ver o meu país – o meu país! -- receber o pária Ahmadinejad com honras de estado.

* * *

O ano termina mal para o Parque Lage, um dos poucos lugares públicos do Rio onde se podia interagir com felinos mansos, sadios e bem tratados. Depois de uma década de trabalho e de cuidados, ao longo da qual conseguiu lares para centenas de adultos e filhotes que lá foram largados, a Dra. Preci Grohman foi vencida pela insensibilidade burocrática da atual administração, que acha que o grave problema do abandono de animais se resolve com meia dúzia de frases de efeito. Dos cinqüenta bichanos que lá viviam, dez ainda precisam, desesperadamente, de quem os leve para lugar seguro: no próximo dia 9, só Deus sabe o que lhes acontecerá.

Que tal começar 2010 fazendo uma boa ação e, ao mesmo tempo, adotando uma companhia maravilhosa? O email da Dra. Preci é precih@terra.com.br.


(O Globo, Segundo Caderno, 31.12.2009)

29.12.09

Keaton, morta de calor

Emergência felina!!!

 

Escreve a Ana Yates:

"Se entre vocês há quem esteja considerando ter um, dois ou mais um gatinho, ou conhece alguém pensando nisso, a oportunidade se apresenta agora com a real necessidade de se retirar todos os pequenos felinos do Parque Lage, por decisão do chefe do Parque Nacional da Tijuca, ao qual o Lage foi anexado.

O prazo dado à dra. Preci - que fez um trabalho voluntário de assistência aos animais (gatos e outras espécies) abandonados nesse Parque durante 10 anos - expira no dia 09 de janeiro próximo. Como parte dessa assistência, centenas dos lá abandonados foram doados. E dos cerca de 50 que lá residiam até recentemente, restam os das fotos acima. São todos saudáveis, jovens, vacinados e esterilizados. A maioria adapta-se muito bem a outros animais.

Por amor ou compaixão, faça um ato de bondade e de solidariedade no final do velho ou no início de um novo ano: Adote um bichano despejado do Parque Lage! Eles realmente estão precisando de nosso amparo e carinho.

Ou, melhor dizendo, presenteie-se com a companhia e o amor incondicional de um pequeno felino."

Maiores informações com a dra. Preci, pelo email precih@terra.com.br ou pelos telefones 9935-8767 o 2540-8360.
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Aqui também: livros domesticados!

27.12.09

Minhas meninas lindas

Vendo Lumix FZ-28

(Vendida)




Pessoas, estou vendendo a minha Lumix FZ-28, pretinha como essa da foto. A câmera é ótima e está com relativamente pouco uso: comprei em abril do ano passado deste ano, aqui no Brasil mesmo (ainda tenho a nota fiscal).

O motivo é que, ao contrário do que eu imaginava, me acostumei muito bem com a Nikon.

Faço por R$ 900, dando um cartão SanDisk Ultra II de 4Gb.

Se alguém se interessar, é só deixar o email ou o telefone aí nos comentários.

24.12.09

:-)

FELIZ NATAL, AMIG@S QUERID@S!!!

Lolita na cesta de papéis

Choque de estupidez



Há coisa de meio século, a prefeitura construiu, um pouco antes do Corte de Cantagalo, uma série de prédios para os seus funcionários. O tamanho dos apartamentos varia. Em comum, eles têm a vista espetacular, um certo excesso de pilastras, vigas e pilotis, o acabamento modesto e – importante -- garagem inexistente. Imagino que tenham sido vendidos em condições especialíssimas, mas, com o passar do tempo, muitos dos antigos funcionários, seus primeiros proprietários, se desfizeram dos imóveis, afugentados pelo IPTU, por taxas de condomínio cada vez mais caras e, talvez, pela própria Lagoa, que então sofria com mortandades de peixes e com a degradação da orla.

Consegui comprar meu apartamento justamente por causa dos seus defeitos. Quem gostava da Lagoa mas tinha dinheiro de verdade ia para os prédios novos, mais elegantes, com acabamento de luxo e, sobretudo, com vagas de garagem na escritura. Os problemas da arquitetura e do acabamento foram resolvidos pelos novos moradores: no meu prédio e nos prédios vizinhos já não há praticamente apartamento que não tenha passado por grandes reformas. As entradas sociais, antes bisonhas e mal acabadas, ganharam novos materiais e espaços, e ficaram bonitas. Infelizmente, com o aumento da violência, ganharam também as indefectíveis grades, que dão aos cidadãos cariocas a falsa noção de que estão seguros dentro de casa.

O que nunca se resolveu, por não ter mesmo solução, foi a questão das garagens, embora os carros estacionados na calçada não incomodem os transeuntes, nem mesmo mães com carrinhos de gêmeos. Os prédios mais chiques, que têm apartamentos maiores e um lote vazio entre si, avançaram sobre este espaço lateral. Aqui em frente, o jardim perdeu uma parte do terreno para abrir espaço para os automóveis e, ainda assim, alguns passam a noite ao relento. Isso não teria nada de mais se, volta e meia, marginais não quebrassem os vidros dos carros para roubar CD players.

* * *

Escrevo sobre a Lagoa, mas a situação é a mesma em toda a cidade. Onde quer que haja prédios antigos, há problemas de estacionamento. A razão não chega a ser mistério: quando a maioria desses prédios foi construída, carro era um luxo dispensável. A cidade era razoavelmente bem servida de ônibus, bondes e lotações, e se havia distância entre os pontos e as casas dos seus usuários, havia também segurança para que eles pudessem cobrir essa distância a pé, a qualquer hora do dia ou da noite.

Hoje o transporte público do Rio é uma piada, em que pesem inaugurações festivas de metrô, e ninguém mais está garantido, mesmo no percurso de uns poucos quarteirões. Detesto carro, não tenho carro e não entendo para quê alguém quer carro em Paris ou em Nova York, mas entendo muito bem quem tem carro no Rio.

É por isso que fico furiosa quando vejo a prefeitura rebocando carros a três por quatro em lugares onde eles não atrapalham ninguém, sobretudo na calada da noite. Não há nada de “educativo” na medida, que não favorece ninguém, exceto os donos dos reboques, os cofres da prefeitura e quem quer que lucre financeiramente com isso.

Uma cidade que funciona deve oferecer alternativas viáveis aos seus habitantes antes de partir para a estupidez. Em vez de rebocar os carros de moradores de prédios antigos, que não têm culpa das levas de corrupção municipal que permitiram a construção de tantos edifícios sem garagem, as autoridades deviam estudar soluções reais e bem intencionadas para o problema. Do jeito que está, o cidadão que paga IPTU e IPVA, mas que só entra nos planos do governo na hora do reboque, está sendo triplamente lesado.

* * *

Na semana passada a editoria Rio trouxe duas manchetes muito eloqüentes a respeito da situação aqui perto de casa. A primeira, na página 13, dizia “Choque de ordem reboca carros na Lagoa”. A segunda, na página 21, dizia “Motoristas são assaltados em sinais da Lagoa”. Entre outras coisas, a matéria sobre os reboques informava que a operação foi iniciada nos primeiros minutos da madrugada, e que apenas em frente ao número 2.142 foram levados oitos automóveis.

Ninguém merece assaltos e reboques simultâneos, mas é a isso que estamos condenados no circo do senhor Paes. Dá para acreditar na boa fé de uma operação de reboque que vai ao ar depois de meia-noite?! A sua finalidade, está claro, não é desimpedir a passagem para os pedestres, até porque ninguém tem mais coragem de andar pelas ruas da cidade de madrugada. Quando morei no 2.142, bem antes de vocês serem nascidos, o problema já existia: são 48 apartamentos para cerca de dez vagas. Curiosamente, o prédio, em si, nunca foi assaltado. Vai ver que a prefeitura tem reserva de mercado.

* * *

Achei muito educado o governador dar prazo de 48 horas para os traficantes saírem do Cantagalo e do Pavão-Pavãozinho. Operações policiais feitas de surpresa são cheias de imprevistos, e causam incômodo tanto para a polícia quanto para os bandidos. O prefeito podia se mirar neste exemplo e demonstrar a mesma consideração com os donos de automóveis, em vez de obrigá-los a sair da cama no meio da noite para dar voltas a esmo enquanto o reboque está na área.

* * *

Vocês desculpem. Eu preferia escrever uma crônica mais apropriada ao clima natalino, cheia de amor pelo próximo e de outros sentimentos edificantes, mas não há Natal que resista a tanto choque.

Fico devendo.


(O Globo, Segundo Caderno, 24.12.2009)

Não foi uma boa idéia...

22.12.09

Os tatuís e a TV


A Bia ligou a televisão quando os tatuís estavam no quarto, e eles ficaram estatelados. Gostei do que o Sérgio escreveu no Facebook:
Bebês são bebês exceto quando, por descuido, você os coloca em frente a uma televisão. Aí eles se comportam como adultos e ficam desse jeito da foto...

Keaton

Ganhei o broche mais lindo!

19.12.09

Mais fotos



Continuo às voltas com as fotos. Se eu conseguir organizar pelo menos as de celular me considerarei um ser espiritualmente elevado...

Hoje descarreguei as que estavam no Nokia N97, selecionei e subi pro Picasa; vão até Dungarpur.

Depois troquei de celular por um motivo muito simples, mas que a gente só descobre na prática diária: o N95 pode ser usado com uma mão só, coisa impossível no N97 (assim como no iPhone e em tudo o que é celular de tecladinho).

Ainda faltam as legendas, que ninguém é de ferro.

A foto de sempre... :-)

18.12.09

Boa companhia!

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O começo de um álbum online



Aos poucos, vou pondo ordem nas fotos da Índia.

Hoje subi um monte de fotos de celular, só uma parte do que fiz ao longo da viagem, mas pelo menos já é alguma coisa (e dessas acho que, no fim, uns dois terços ainda caem fora).

Quem acompanha o blog já conhece muitas delas. De outras, nem eu mesma me lembrava.

Ainda estou devendo a relação dos livros sugeridos pelo pessoal do Twitter e do Facebook; mas é que são muitos, e o tempo é pouco.

Vou trabalhar nisso no fim de semana, para que a lista fique pronta antes do Natal.

Em frente ao supermercado