1.4.09

No Fórum






Vocês se lembram do arrastão do ano passado, em que a Laura, a Mami e eu estavamos num taxi, e em que levaram tudo o que a Laura e eu estavamos carregando (menos os meus celulares, ha!)? Bom: a polícia prendeu o marginal, e na sexta-feira recebemos uma intimação para comparecermos como testemunhas.

Isso é que fui fazer lá.

E foi uma experiência interessante, sob vários aspectos.

O mais impressionante foi ver como um bandido desses dá trabalho: Depois da queixa que prestamos logo após o arrastão, voltamos à delegacia, Laura e eu, para reconhecer o elemento em fotos. A Laura, sempre cumpridora dos seus deveres, foi assim que chamaram. Eu demorei uma semana ou duas, nem lembro, mas acabei indo também. Imaginem agora que todas as outras pessoas que foram assaltadas fizeram a mesma coisa: quanto tempo perdido!

Investigadores investigaram, ordens de prisão foram emitidas, policiais prenderam -- nem sei exatamente quais são as etapas de um caso desses, e quantas pessoas envolve, mas não são poucas. Policiais levaram armas à casa da Laura para que ela identificasse o tipo que o canalha usava (era uma 45; não precisaram trazer aqui, porque eu identifiquei durante o crime).

Depois são emitidas as intimações (ô palavra mais desagradável!) para que as testemunhas compareçam, e oficiais de justiça vão à casa das pessoas. Se a testemunha não for, vai sob condução. Tenho a impressão de que isso é que antigamente se chamava sob vara, mas, se é isso mesmo, certamente mudou porque a expressão antiga não era das mais felizes...

Aliás, eu teria preferido essa opção -- a polícia vem te buscar em casa, você não paga táxi e ainda vai com escolta, de modo que dificilmente será assaltada de novo -- mas Laura e Mamãe me mandaram ter juízo. Não só isso, como ainda por cima me fizeram chegar na hora. Não adiantou nada, porque a doutora juíza só chegou beeeeeeeeeem depois.

Também foi interessante ver a reação da Laura. Ela, que é a calma personificada, ficou muito passada, indignada mesmo. É claro: um funcionário pago pelo público tem a obrigação de atender bem ao público que o paga. Se vamos ao dentista e ele nos dá um chá de cadeira, sempre temos a opção de trocar de dentista; mas ninguém tem a opção de trocar de juiz.

A Laura ficou igualmente indignada com o fato de a secretária se referir continuamente à juíza ausente como "doutora": "A doutora saiu ontem daqui às 11 da noite", "A doutora está a caminho", e assim por diante. Ela, que é doutora e professora de doutores, vira uma arara quando alguém que não é médico se faz chamar de "doutor" (ou, pior ainda, assina "professor doutor").

Eu, que nem o segundo grau terminei, acho apenas ridículo. Laura, porém, observa que isso é feito para intimidar os demais:

-- Imagina um taxista, uma vendedora de loja, uma doméstica... As pessoas humildes se sentem invariavelmente diminuídas diante de "doutores".

Tem toda a razão, claro. Eu é que não havia pensado nisso.

Várias outras coisas me chamaram a atenção; vou voltar a isso posteriormente.

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