22.12.08

Porque amo a internet


Pronto, dirão vocês, mais uma da eterna série... Mas não adianta, a internet é uma invenção tão extraordinária, que não há como fugir do óbvio: como é que vivíamos sem ela? Uma das coisas que gosto de fazer quando sobra um dinheirinho é ir atrás de filmes estrangeiros, no melhor sentido da palavra: aqueles que me levam a mundos de fato diferentes, inclusive (e sobretudo) em termos de expressão cultural. Sob este aspecto, a maioria dos filmes que encontramos só tem, de “estrangeira”, a procedência. O resto nos é totalmente familiar, a começar pela língua: mesmo quem não fala inglês já está acostumado ao som do idioma. Sabemos como a história será contada, conhecemos os atores, temos as chaves da narrativa.

Pois ultimamente ando numa fase de filmes indianos e coreanos, luxo a que só posso me dar graças à internet. Além das fontes, como direi, alternativas, recorro habitualmente à Amazon, ótimo celeiro de bons filmes; mas o preço do dólar cortou muito do meu entusiasmo. Saindo em busca de novos fornecedores descobri, no eBay, um extraordinário revendedor de Seul que tem absolutamente tudo, de filmes de artes marciais (que detesto) a coleções inteiras de diretores desconhecidos. Vejam só que maravilha, em flicor.notlong.com.

Os filmes coreanos são caros, já que o público alvo dessa lojinha é a colônia coreana no exterior. Em compensação, os filmes ocidentais custam uma bagatela, geralmente US$ 3,50 cada. Não são piratas; e são muito bem produzidos. Mesmo incluindo a postagem para o Brasil, o preço de um filme dificilmente passa dos US$ 10. E é aí que o mundo se abre num vasto sorriso, porque o estoque é fortíssimo no que, em geral, se define como “filme de arte”, ou seja, aqueles clássicos que, aqui, custam tão caro.

Como ter acesso a esse tesouro? Há alguns pré-requisitos básicos: o primeiro é falar a língua do filme, ou conhecer o suficiente de inglês para acompanhar as legendas, já que a única alternativa é... legenda em coreano! Isso, claro, é irrelevante no caso de óperas ou de shows de música, também abundantes e igualmente baratos. O segundo é ser usuário do PayPal, a essa altura a “moeda” universal da rede. O PayPal é um sistema de pagamento prático e, sobretudo, seguro; para abrir conta, basta ir à versão brasileira do site, em https://www.paypal.com/br, e seguir as instruções. Também é bom ter um player multi-sistema que aceite DVDs de todas as regiões, ainda que boa parte deles seja Região 0, ou seja, abertos a todo o mundo.

Querem um exemplo bacaninha do que se pode encontrar por lá? Acabo de comprar uma caixa com dez filmes clássicos de Walt Disney, muitos dos quais indisponíveis no mercado ocidental, por US$ 15,50. A postagem, mais cara do que a caixa, custou US$ 18. O que significa que, por R$ 128, 56 (na cotação da madrugada de sexta-feira), arrematei os filmes “Branca de Neve e os sete anões”, “Pinóquio”, “Fantasia”, “Dumbo”, “Bambi”, “Cinderela”, “Alice no país das maravilhas”, “Peter Pan” e um certo “Fun & fancy free”, de 1947, de que nunca ouvi falar. Todos remasterizados, tinindo, em inglês (e com legendas em inglês) e, ainda por cima, Região 0. O que há de mais parecido no mercado é uma caixa americana, com uma seleção muito inferior, a US$ 279.

Fica, portanto, a dica, como meu presente de Natal para todos.

Boas Festas!


(O Globo, Revista Digital, 22.12.2008)

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