Dos mistérios insondáveis do mundo, que não são poucos, um dos mais difíceis de aceitar é por que tanta gente boa vai embora tão cedo, e em condições tão tristes, e um assassino como Pinochet leva 91 anos para morrer e ainda é beneficiado com um ataque cardíaco.
Eu gostaria de poder perguntar, de coração leve, como é que se celebra o fim de um monstro: com um minuto de algazarra?
Mas nem isso.
O desaparecimento de alguém que fez tanto mal não me serve de consolo, porque não desfaz o mal; antes, me enche de melancolia, por ser a prova da sua existência.
O planeta teria sido um lugar melhor sem esta vida desgraçada.
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