3.5.06



Sobre a "proteção" do Globo Online

Desde que o jornal instalou a tal "proteção" que congela o botão direito do mouse, volta e meia recebo cartas de leitores queixando-se disso, e aqui mesmo no blog encontro protestos, como a carta que a Bia Petri enviou hoje.

A nível de pessoa física, enquanto gente, sou radicalmente contra isso, assim como sou contra a proteção de CDs, a criação de áreas geográficas para DVDs e outras medidas que, a meu ver, atrapalham a livre circulação da informação e da arte.

Mas o jornal há de ter suas razões para fazer isso, e fui tentar descobri-las, em parte para reclamar, em parte para poder responder a vocês.

Bom. O que fiquei sabendo com o Agostinho, colega que dirige a redação, foi o seguinte: a antipática medida não foi criada tendo os leitores em vista, obviamente, mas sim os jornais do interior, que estavam fazendo uma despudorada farra de cut&paste nas páginas do Globo Online.

Argumentei que a "proteção" pode ser contornada da forma mais simples, mas obtive uma resposta absolutamente surpreendente: desde que ela foi adotada, as vendas da Agência Globo aumentaram 15%.

Considerando que é do faturamento do jornal que sai o dinheiro que paga os nossos salários, não tive outra saída a não ser meter a viola no saco, e voltar para o meu canto.

Confesso que não sabia desta canibalização do jornal, assim como não sabia que os jornais espalhados pelo Brasil trabalham com gente tão mau caráter em termos de informação (e tão incompetente em termos de internet).

Também confesso que não sei como resolveria o problema se estivesse no lugar do Agostinho.

Como Cora, leitora e pessoa física, continuo contra a "proteção". Acho que, mais cedo ou mais tarde, os caras que roubam matérias voltarão a fazê-lo, e que o que estamos perdendo em circulação de idéias na rede e em simpatia dos leitores em geral tem um valor intangível talvez maior do que o que estamos faturando.

A verdade verdadeira, porém, é que, se eu tivesse talento para ganhar dinheiro e administrar o que quer que fosse, não precisaria ter vendido o carro nem estaria atolada em papagaios; de modo que o que eu penso ou deixo de pensar em relação à forma de se administrar jornais é -- felizmente -- irrelevante.

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