Alugando bicicletas em Berlim
Estamos de volta ao hotel depois de uma tarde inteira zanzando de bicicleta por Berlim; e eu estou me sentindo uma criatura poderosa e cheia de marra por ter conseguido realizar a complexa operação do aluguel pelo celular.Desde que cheguei, vejo umas bicicletas muito bonitas espalhadas pelos cantos, mas nunca vi ninguém por perto para fazer o negócio. Como têm um número de telefone escrito do lado e se chamam Call-a-bike intui que a operação se faz pelo telefone.
Sou ou não sou um gênio?!
Pois assim que saimos do hotel vimos duas bicicletas juntinhas nos chamando. Telefonei para o tal número (sim, comprei um simcard aqui) e me deparei com o que mais temia: atendimento automático em alemão. Fiquei pendurada até aparecer um humano do outro lado. Perguntei se ele falava inglês.
-- A little bit, yes.
Esta é uma expressão de rotina. Todos os berlinenses que falam inglês falam "a little bit".
Perguntei como era o lance. Simples: a gente dá o nome, o número do cartão de crédito, alguns dados e logo recebe um código para destrancar o cadeado eletrônico. Quando a gente enjoa de andar, larga a bicicleta numa esquina ou numa estação de metrô, tranca direitinho e telefona para lá novamente dizendo onde a deixou.
O preço é razoável: 7 centavos de euro por minuto, num máximo de 15 euros por dia.
A negociação foi bem tranqüila até o rapaz pedir o meu endereço. Vocês já tentaram soletrar E-P-I-T-A-C-I-O P-E-S-S-O-A em inglês para um alemão? Com a Bia rindo do lado?!
Não, crianças, não é fácil!
Ainda me lembrei de algumas letras no código da aviação (é o código da aviação, pois não?) como Indian, Tango, Alfa, Charlie, Oscar.. mas esqueci completamente que P é Papa, e de E e S não faço mais a menor idéia. Não sei como terá sido escrito o meu endereço no registro do Call-a-Bike, mas depois de meia hora lá estávamos nós felizes da vida, pedalando.
Berlim é uma cidade maravilhosa para andar de bicicleta. Quase não tem elevações, há ciclovias bem demarcadas acompanhando as ruas e os carros respeitam os ciclistas. Outra vantagem é que o clima é seco, de modo que mesmo com o calor que fazia hoje dá para rodar direito sem se ficar suada.
Bia e eu estudamos o mapa com muita atenção, traçamos uma rota meticulosa... e depois erramos tudo. Acontece que somos péssimas de mapa, e nenhuma faz a mais mínima idéia de onde ficam os pontos cardeais; somos, literalmente, duas desnorteadas.
Mas foi, ainda assim, um lindo passeio.
Passamos cinco vezes pelo Checkpoint Charlie (a Bia repetindo "Parlament, Big Ben" de cada vez), depois descemos pelas margens do rio, demos num canto sem saída, subimos umas pontes e, finalmente, acabamos o dia na Alexander Platz, onde vimos uma extraordinária revoada de pássaros ao anoitecer.
Deixamos as bicicletas na estação, telefonamos para o Call-a-Bike, ficamos sabendo que a nossa conta era de dez euros e uns quebrados por cada uma e, cansadas mas contentes, pegamos um taxi de volta para o hotel.
Nenhuma estava disposta a arriscar o mapa do metrô.
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